O último episódio de The Mentalist mostra que a série continua firme no velho e preocupante estilo “piloto automático”, realizando um tranquilo e seguro voo cruzeiro, onde nada de novo ou impactante acontece ao mesmo tempo em que a série anda livre, sem se comprometer nem correr riscos – a não ser perder cada vez mais sua fiel clientela. Desse modo, seguimos assistindo pelo puro prazer de ver a engenhosidade das armações de Jane ou mesmo algumas boas atuações, como as de Rockmond Dunbar, o cada vez mais carismático e querido Dennis Abbott.
A primeira coisa que chamou a atenção no episódio é aquilo que eu já havia ressaltado anteriormente, a saber, a relação entre Lisbon e o agente Marcus Pike. Não nos deparamos com nenhuma cena explícita de nada, mas em dois ou três momentos a relação vem à tona, seja sutilmente ou mais diretamente. A melhor coisa que podemos tirar disso são as reações de Jane, ora tirando um sarro, ora com algum peso sentimental, o qual não podemos saber ao certo qual é, como, por exemplo, no final, quando elogia Lisbon antes dela ir se encontrar com Pike, mas a sequência segue nele, mostrando-o pensativo, quase melancólico. Realmente não creio que isso (qualquer possibilidade entre Jane e Lisbon) vá dar em alguma coisa maior, mas vale seguir acompanhando.

A trama deste episódio em si não tem nada de muito notável. Duas coisas que valem serem faladas é o improvável envolvimento de Abbott com o criminoso Luis Cruz, a ponto dele pedir a ajuda de Jane para provar que o sujeito é, de fato inocente e a engenhosidade envolvendo alterações no tempo para pegar o culpado. Pareceu-me pouco crível que um alto funcionário do FBI se envolvesse desse modo, ainda mais sendo quem é, um homem sério, pouco sentimental para ajudar um camarada culpado de homicídio. É verdade que perfil psicológico de Abbott vem se transformando, fazendo dele alguém mais carismático, atencioso, envolvente, digamos, mas, ainda assim, é um pouco absurdo esse envolvimento. Depois, essa armação exagerada de alterarem literalmente o relógio do mundo para que o culpado confessasse o crime é um pouco demais. A maneira como foi, aquela hora dentro do carro... sei não. Faltou um pouco de traquejo da parte dos roteiristas. Tudo dá muito certo sempre e isso vem me incomodando um pouco. É preciso que algo saia fora do trilho para que depois retomemos o controle.
Enfim, esse foi um episódio realmente simples, seja na elaboração do plano, no enredo em si ou mesmo nas amarras que, no caso, não existem. Torno a repetir: o seriado está no modo piloto automático e isso é bastante preocupante. Esperamos que isso se altere num futuro próximo, para que nossa atenção seja definitivamente capturada. Caso contrário, será cada vez mais difícil arrumar bons argumentos para justificar a perca de 40 minutos de nossa vida diante da televisão para ver enredos cada vez mais rasos e soluções cada vez mais inverossímeis.