Baseado na saga literária de Thomas Harris, a série
Hannibal traz (outra vez) à tona o psiquiatra mais famoso do cinema: Hannibal
Lecter, o canibal. Eternizado pelo “monstro” Anthony Hopkins, a série traz
consigo o desafio de recriar o personagem, desta vez, interpretado por Mads
Mikkelsen. A série é composta por tem 39 episódios divididos em 3 temporadas. Dar-lhes-ei 10 motivos apetitosos para colocar essa “iguaria” na
grade. Vóila!
1º- Adaptação do
enredo: Ponto que considero importantíssimo. A recriação do enredo é o que
dá o ar de novidade à série. A atitude de trazer de volta um enredo
pré-existente exige muito mais criatividade, principalmente porque tem o
desafio de mostrar algo novo aos fãs de longa data. Pra isso, a série pauta seu
enredo nos “vácuos” deixados pelos filmes e até mesmo nos livros (o que permite
certa liberdade para recriar a história). Assim, ao mesmo tempo em que mostra
algo novo aos antigos fãs de Dr. Lecter, não prejudica aqueles iniciantes que
estão tendo o primeiro contato a partir da série.
2º- Atuações: Imagine
ter a responsabilidade de (re)interpretar um ícone do cinema mundial. Imagine o
peso e as incessantes comparações. O desafio deixado nas costas de Mads
Mikkelsen é grande. No entanto, na mesma proporção da responsabilidade está o
talento do ator, que tem conseguido interpretar o seu próprio Hannibal sem
descaracterizá-lo, acrescentando ainda mais valor ao personagem. Mas nem só de
Mikkelsen se baseia a série. Também tem a ilustre participação de Hugh Dancy
que conseguiu a proeza de ter tanto destaque (ou ainda mais) do que próprio Lecter.
Sejamos sinceros: tem que ser muito bom pra conseguir isso hein?
3º- Mortes criativas:
Ah, meu ponto favorito! Quando se trata de Hannibal, tem de se esperar algo no
mínimo sanguinário. E as mortes entram nesse ponto com maestria. Hannibal
Lecter é diferente, não é um serial killer qualquer. Por que as mortes deveriam
ser? Plantação onde corpos são adubos, cadáveres que são partes da “obra de
arte” a serviço do assassino. São matérias-prima para uma criação artística.
Assim são as mortes da série.
4º- Fotografia e
estética: O ponto 3 perderia crédito se não tivesse a colaboração da
produção de arte. Para parecer o mais real possível, a série tem uma atenção
especial não apenas com o que é apresentado, mas principalmente como o é. As
alucinações de Will Graham são esteticamente perfeitas, acrescentando ainda
mais vivacidade e realismo. As cores também têm forte significado. Se uma cena
deixa as cores vivas e passa a ter tons frios, acredite: isso tem um porquê.
Tudo colabora para levar o seriador a entrar e entender aquele universo
psicótico.
5º- Jogo de
manipulação: Imagine um jogo no qual o ponto forte não é a força física,
mas a intelectual. Imagine torturar alguém apenas com atitudes inteligentes e
manipuladoras. A série é centrada numa
forte rede de manipulação que enlaça não apenas os personagens, mas também os
seriadores. A vida dos personagens é manipulada como uma espécie de jogo de
xadrez: meticulosamente articulada a serviço dos planos malignos dele: Hannibal
Lecter!
6º- Diálogos: Acredite:
é no não-dito que se diz mais. Assim eu defino os diálogos deste enredo. Basta
ser um pouco atento e você ficará surpreso na quantidade de informações que se
tira nas entrelinhas dos diálogos da série. São diálogos não lineares, inteligentes,
sorrateiros e que enlaçam os personagens. As palavras estão, neste caso, a
serviço de esconder informações e não o contrário.
7º- Temática: Muitos
podem pensar que a série tem seu ponto central no canibalismo, característica
principal do protagonista. No entanto, é exatamente o contrário. O canibalismo,
na verdade, é mais uma característica acessória do personagem e outras são
exploradas na série. A maneira como isso é apresentado é relevante porque
enriquece o personagem, evitando assim torná-lo unilateral.
8º- Outros serial-killers:
Sem dúvida, os assassinatos de Hannibal são os mais aguardados. No entanto,
também há espaço para outros serial killers. E o mais interessante é que alguns
têm estilo bem parecido com o do psiquiatra. Essa semelhança dá margem às
várias suspeitas, brincando não apenas com o FBI, mas também com as
interpretações dos seriadores.
9º- Destaque a Will
Graham: Will é consultor do FBI e se conecta empaticamente com os
assassinos. É uma característica importante para seu trabalho, mas um dom
extremante torturante. Pra quem já viu os filmes, há de concordar comigo que o
personagem é muito mal aproveitado. Na verdade, serve mais como degrau para
destacar o próprio Hannibal. Esse desperdício não ocorre na série. Will é um
personagem riquíssimo e tem muito potencial a ser explorado. Para quem leu os
livros (e pra quem não, eu digo agora) sabe que o Will da série é bem mais fiel
ao original do que o apresentado no filme Dragão Vermelho. [Pra quem ainda não
leu os livros, eu indico a ler em qualquer oportunidade]
10º-Dicas da culinária
francesa: E que tal ver essa “iguaria” e de quebra receber gratuitamente dicas
de como preparar um elegante jantar para os amigos? O cardápio é riquíssimo e
ensina a fazer desde um suculento pulmão (humano) flambado até a elaboração de cerveja feita com puro sangue humano.
Delícia! As sugestões vêm escancaradas nos nomes dos episódios: cada episódio é
um nome de um prato francês. Chique né? Ah, mas não se esqueça de avisar aos
convidados: NADA AQUI É VEGETARIANO! Ninguém ali quer ser enganado né?
Bon appétit