Eu sou uma grande cadelinha de documentários, principalmente quando envolvem sociedades fechadas. Quando vi o
trailer de Rezar e Obedecer, tive dois pensamentos: nojo e curiosidade. Coisas
estranhas de estarem juntas, mas não deixa de ser comum. Eu queria entender um
pouco de como o mundo criou grupos tão doentios e estranhos quanto o FDLS. E
aqui eu já faço um aviso, NÃO SOU NEUTRA. Eu tenho tudo e mais um pouco contra
sociedades que transformam mulheres e crianças em moedas de troca. Já fui com o
pé atrás e para a supresa de praticamente ninguém, era bem pior do que eu
esperava.
Vocês conhecem os mórmons, né?
Acham eles bem conservadores e tal, mas a gente até respeita. Mas imagina só se
nessa sociedade um grupo ainda estivesse insatisfeito, não pra ser mais
liberal, mas para ser ainda mais conservador. Foi assim que aconteceu o racha
na religião, quando os mórmons decidiram que não iriam mais tolerar a
poligamia. Aí um pessoal resolveu que precisavam manter os bons costumes e
fizeram sua própria religião. Um que seguiria a ideia de um profeta que
conduziria todos ao céu no final do mundo, e quem tivesse mais mulher chegava
primeiro.
O negócio já era ruim o bastante,
mas ainda assim havia um grau de liberdade as mulheres e uma certa felicidade
geral. Até que o profeta, que tinha umas trinta esposas, resolveu morrer e o seu
filho Warren Jeffs pegou o lugar dele. Esse cara conseguiu ser mais insano e nojento que
os seus antecessores, ele começou um regime de terror no qual o ensino, o
trabalho, o casamento e principalmente, a família, era controlada por ele.
Jeffs autorizou o casamento de
menores de idades com homens mais velhos. Crianças de 12 anos até chegaram a
casar com homens de 60. Tudo em nome do Profeta. Ele mesmo aumentando o seu
séquito pedófilo. Um homem terrível que só causou dor a quem estivesse a sua
volta e continuaria causando, senão fosse a coragem de mulheres fortes que
conseguiram fugir da igreja e colocaram a boca no mundo com a ajuda de pessoas
genuinamente preocupadas com os direitos humanos básicos.
O documentário é dividido em
quatro episódios, a principio achei que eram muitos, mas uma história assim
não se conta em uma hora. Há muitas imagens de arquivo, filmagens,
depoimentos importantes para entendermos como foi o funcionamento daquela
sociedade, e ainda é, além de que a quantidade de episódios fez com que eu
entendesse melhor como alguém conseguiu programar pessoas para pensarem que
deveriam se submeter a um regime de servidão. Você percebe que não é tão
simples como parece, as pessoas não são idiotas, o problema é que sempre existe
alguém completamente maléfico.
Há alguns probleminhas, como umas
faltas de resolução para a história de alguns depoimentos. No começo, isso me
incomodou. Mas hoje penso que talvez seja porque eles não tiveram resolução.
Mesmo com a prisão do dito profeta, muita gente ainda o segue, a igreja se
mantém ativa e rica, com ele controlando tudo de dentro da prisão. Talvez eles
nos mostraram esse final porque para algumas pessoas não houve final, pelo menos
ainda.
Eu tive que ver bem devagar essa
série, ela aborda assuntos muito pesados e se vc, apesar de fã de true crime, é
sensível como eu, também tem que ter um certo cuidado. Mas é importante ver,
para ficar alerta, para saber quando algo que pode começar como uma religião
inofensiva pode ser tornar uma máquina de tráfico humano.
Pra quem se interessa sobre o
assunto de cultos e consegue entender inglês, tem esse vídeo muito bom de uma
estudiosa sobre cultos que também já fez parte de um.
Pontuação: 8
Veria de novo? Acho que não,
algumas coisas são pra ver uma vez só, não porque são ruins, mas porque são
pesadas demais.
Indicaria? Com certeza, até já
indiquei.
Adeus e obrigada pelos peixes!
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