Do final do ano pra cá, eu tenho
usado muito o kindle unlimited, não só pela facilidade, mas porque acabo
descobrindo muita coisa diferente que ainda não tem em meio físico. Esse é o
caso com os livros da Plutão Livros, uma editora totalmente digital que publica
clássicos da ficção brasileira e novos talentos também. Eu achava que eles
ainda estavam parados, qual foi a minha supressa quando vi que um dos livros
deles ganhou o Jabuti? Não vou falar desse livro hoje, mas vou falar do que eu
achei quando estava procurando o primeiro: o Homem que não transbordava.
O livro se passa em um futuro não
tão distante, mas não tão perto no qual conhecemos uma raça de alienígenas, os
celestianos, que estão há milênios habitando a órbita do nosso planeta. Eles
fugiram de sua terra natal depois de uma guerra civil, na qual eles e os
humanos de lá entraram em conflito. Após essa guerra, eles encontraram a terra
e perceberam que os humanos daqui eram capazes de os alimentarem. Não, eles não
comem criancinhas vivas. Eles bebem sentimentos: Amor, Medo, Ódio, Saudade,
Solidão etc. Cada alienígena tem o seu tipo e vivem em uma harmonia secreta com os
humanos, na qual fazem leves incentivos para aumentarem os sentimentos de cada
um e se alimentarem do sobressalente.
Considerando o quanto a gente é
doido, comida não vai faltar pra eles. Até que nosso personagem principal,
Samuel, encontra Vicente, um homem que não transborda. Ele claramente sente e
vive, mas os seus sentimentos não saem como nos outros humanos. O que a
principio é uma anomalia preocupante tona-se cada vez mais uma obsessão para
Samuel que passa por um momento delicado na vida. Ele é imortal, como todos os
celestianos, e viveu muito tempo já, por essa razão está pensando na descontinuação, um
processo que o seu povo passa que é uma espécie de semi morte, dormindo por
algumas décadas. Mas Vicente começa a dar a ele outro interesse pela vida e uma
crescente curiosidade por esse homem que não transborda.
Esse não é o primeiro contato que
eu tenho com o afrofuturismo, mas admito, é o primeiro que eu gosto. A história
é contada do ponto de vista de alguém negro como todos os celestianos são. Há
uma inversão da ideia do que seria uma raça superior alienígena, e é muito boa
porque amplia a nossa imaginação e a nossa capacidade de ver novos mundos
possíveis. Os elementos são usados de forma sutil, mas contundente. Não era só
um pano de fundo, ser negro é quem Samuel é e os outros personagens também.
Quem lê ficção cientifica sabe o quanto isso pode ser difícil.
É uma noveleta, então é bem curta
e fácil de ler. Achei com uma escrita tranquila e que pega a gente, o mistério
sobre Vicente é o suficiente para nos manter ligados e afim de continuar lendo.
Pontuação: 8,5
Leria de novo? Talvez.
Indicaria? Com certeza, até já
indiquei.
Adeus e obrigada pelos peixes!
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