“I'm part
of a troupe, and I can't let them down.” – Simon Saunders
Não sou a maior fã de musicais que existe, mas sou
apaixonada por trilhas sonoras. Na época que comecei a assistir Glee, adorava
aquele universo, mas logo depois cansei de toda aquela cantoria e todos os
dramas. Jurava para mim mesma que jamais assistiria algo do tipo. Até conhecer
Rise.
A primeira vista, a série tem uma vibe meio depressiva. Para
quem é acostumado a assistir séries em que as cenas são coloridas, vibrantes,
vai achar um pouco estranho, principalmente porque a maior parte das cenas é em
um tom azulado, justamente para passar determinadas emoções para quem assiste.
A forma como cada situação é abordada se aproxima muito do cotidiano, o que
acaba fazendo com que seja impossível não se identificar com os problemas que
os personagens enfrentam.
É claro que, mesmo sem querer, todo mundo vai comparar com
Glee. Tem o professor, que está infeliz e quer fazer algo para mudar a vida dos
alunos; o jogador de futebol que tem uma voz incrível e que, para não repetir,
entra para o grupo de teatro; a professora que, inicialmente, não vai nem um
pouco com a cara do professor; os ensaios para um musical... Afinal, é uma fórmula
que não tem praticamente muito para onde fugir. Mas a diferença entre Glee e
Rise é justamente o fato de que a primeira é mais realista do que a segunda. Sim,
eu sei que a maioria das pessoas procura séries ficcionais para se distanciarem
da realidade, mas às vezes vale à pena.
Eu continuo achando um pouco difícil separar Josh Radnor do
Ted Mosby, mas aqui ele é bem diferente do protagonista de How I Met Your
Mother: ele é casado e tem três filhos, duas meninas que adoram Hamilton e um
menino que, pelo que deu para ver no piloto, tem problemas recorrentes com
bebida. A esposa dele o apoia, meio que com um pé atrás, quando ele decide
cuidar do programa de teatro da escola. Mas essa dúvida vem pelo fato de que
ela teme que ele coloque isso na frente da família. Espero que isso não
aconteça.
Os demais personagens são carismáticos, alguns mais que
outros, e com problemas que vão desde a mãe tendo um caso com metade da cidade
até os pais, extremamente católicos, não aceitando que o filho interprete um
personagem gay na peça. Uma boa palavra para descrever o grupo de adolescentes
é justamente representatividade. E não é aquela forçada, feita só porque a
sociedade pressiona os autores a colocarem personagens para que os outros se
identifiquem e, automaticamente, conseguir uma renovação da série.
Enquanto Glee tinha em sua maioria personagens brancos, Rise
apresenta um mapa diferente. Os dois adolescentes protagonistas da série são
POC com diferentes histórias. Lilette (a Moana!), além de estudar, trabalha como garçonete
junto com sua mãe, que tem um caso com metade da cidade, como já havia dito. Um
de seus casos é justamente com o treinador do colégio, pai de Gwen, que sempre
era a personagem principal em todas as encenações de Grease feitas pela escola.
Robbie é o jogador de futebol que, como parte de um acordo para não reprovar na
matéria de Mr. Mazzu, aceitar fazer um teste para o musical, porém acaba
descobrindo que quer fazer aquilo, mesmo que o pai, o treinador e o diretor
sejam contra. Simon vem de uma família católica e tem uma irmã com Síndrome de
Down. De início ele se negava a interpretar um personagem gay, que é inclusive
algo que sua família é contra, mas acho que, com o desenrolar da série, ele vai
ficar mais acostumado com isso. Michael é um garoto transgênero com uma voz
maravilhosa, que se junta ao coral pela indicação de Maashous, o responsável
pela iluminação do teatro.
Não vou ficar fazendo uma biografia de cada personagem da
série, porque iria acabar dando spoiler. A verdade é que a proposta é bem
interessante, um grupo de adolescentes encenando Spring Awakening na frente da
escola toda, e que merece receber uma chance.
“Why are we
doing this? Are we doing this to entertain? Yes. Are we doing this because it
gets you out of your phys ed elective? Absolutely. We're also doing this
because we are artists. It is our job and duty to reflect the world we live in.
Longing. We pick up each other's lines. We have each other's back. We
are a troupe. A sacred troupe.” – Lou Mazzuchelli
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