Com incansável imaginação, Stephen King dá continuidade à magistral saga épica A Torre Negra, iniciada com O Pistoleiro. A Escolha dos Três, segundo volume da série, lança o Roland de Gilead em pleno século XX, à medida que ele se aproxima cada vez mais de sua preciosa Torre Negra, sede de todo o tempo e de todo o espaço.
Um derradeiro confronto com o homem de preto revela a Roland, nas cartas de um baralho de tarô, aqueles que deverão ajudá-lo em sua busca pela Torre Negra: o Prisioneiro, a Dama das Sombras e a Morte. Para encontrá-los, o último pistoleiro precisará atravessar três intrigantes portas que se erguem na deserta e interminável praia do mar Ocidental.
São portas que o levam a um mundo diferente do seu, em outro tempo, de onde ele deverá trazer seus escolhidos: Eddie Dean, um viciado em heroína da Nova York dos anos 1980; Odetta Holmes, uma ativista pelos direitos dos negros da década de 1960; e o terceiro escolhido, a Morte, que vai embaralhar mais uma vez o destino de todos.
Inspirada no universo imaginário de J.R.R. Tolkien, no poema épico do século XIX "Childe Roland à Torre Negra Chegou", e repleta de referências à cultura pop, às lendas arturianas e ao faroeste. A Torre Negra mistura ficção científica, fantasia e terror numa narrativa que forma um verdadeiro mosaico da cultura popular contemporânea
A construção de um épico passa por alguns pontos comuns. A jornada precisa ser longa e repleta de dificuldades. Perdas tem que ser encaradas. Derrotas fazem parte do dia-a-dia. Mas mais do que isso, uma equipe às vezes se faz necessária. Em A Escolha dos Três, acompanhamos Roland formando sua equipe, mesmo que isso lhe custe algumas coisas...
Com a história tendo como ponto de partida do exato ponto onde o primeiro livro termina, vemos aqui uma abordagem completamente nova. Se antes estávamos repletos de flashbacks de Roland, dessa vez vamos viver a vida de outras pessoas.
A batalha inicial com as lagostrosidades deixa sequelas que não conseguimos compreender em um primeiro momento. Na verdade, toda a construção do livro se baseia em não entendermos o que está acontecendo, até que a verdade apareça em nossa frente.
Cada porta que Roland encontra nos apresenta uma nova história, um novo mundo. Viver a vida de Eddie Dean, Odetta Holmes e Jack Mort amplia nosso conhecimento das possibilidades nesse épico do Senhor King.
Cada personagem tem seu papel nessa trama, mesmo que todos sirvam como um meio para Roland atingir seu fim. E como tudo es´ta interligado, as palavras do Homem de Preto reverberam na mente do Pistoleiro durante todo o livro. Ao conhecer as histórias por trás das portas, Roland tem de estar pronto para conhecer novos mundos, novas pessoas e principalmente, para tomar decisões difíceis.
As referências a cultura pop são muito presentes no livro, mas sem dúvida a presença de Odetta Holmes é a mais forte. Tendo sido uma ativista dos direitos humanos na realidade, aqui ela preserva sua importância com algo à mais, algo sombrio.
Eddie Dean é um viciado que precisa de ajuda e Roland vai ajudá-lo, mas não sem um preço. A parceria deles toma grande parte da história e imagino que muito do que ainda virá vai depender dessa relação construída sobre ordens e escolhas.
Já Jack Mort apresenta um elo entre as portas, mas não de maneira agradável. Com a possibilidade de um controle sobre o novo mundo e até mesmo de alguns reencontros, Roland terá sua mais complexa empreitada com sua última porta.
Sem dúvida a Saga da Torre Negra não foi feita para ser simples, mas é grandiosa em seus objetivos e nós seguimos acompanhando Roland, para descobrir o que lhe espera em seu ponto final.
Título: A Escolha dos Três
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 416
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