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Jéssica Ohara Jéssica Ohara Author
Title: MAID: ESTENDA A MÃO
Author: Jéssica Ohara
Rating 5 of 5 Des:
Na minha última resenha de livro , eu falei sobre como é difícil ver alguém em um relacionamento abusivo. Como é frustrante a pessoa continu...


Na minha última resenha de livro, eu falei sobre como é difícil ver alguém em um relacionamento abusivo. Como é frustrante a pessoa continuar naquela situação mesmo com todas as humilhações, a gente chega a ficar com raiva, tentando entender como a pessoa parece cego ao que está acontecendo. Claro que é muito mais complicado do que a primeira vista e a culpa NUNCA é da vítima. Em Maid, nós acompanhamos Alex, uma jovem mãe tentando fugir de um relacionamento abusivo. Nessa história, a protagonista entra em um processo de dimensionar a violência que foi exposta, levando o espectador a acompanha-la por todas as suas fases, torcendo por sua recuperação.

Alex é uma personagem muito cativante, é fácil se identificar com ela. Não é uma Pollyanna e nem o estereótipo da força. Ela é uma mulher normal que está tentando sobreviver e que mal tem tempo de pensar sobre a sua atual situação. Suas ações são basicamente instintos, tudo para garantir a sua existência e a de sua filha Maddy. Ao longo da série, nós conseguimos ver o seu despertar, ela passa a entender que tem força e com o apoio das pessoas certas pode sim sair do buraco no qual caiu.

Alex desde sempre lidou com a instabilidade, foi criada pela sua mãe Paula que tem um transtorno bipolar não tratado e que nunca teve um plano para cuidar da filha. Paula é representado por Andie MacDowell que está brilhante no papel, apesar das várias falhas que ela já teve e tem com Alex, é impossível você ficar com raiva dela. Aos poucos, nós também descobrimos que ela, como muitos outros na história, está em um ciclo de violência e dependência emocional. 

O pai de Alex foi ausente boa parte da vida dela e hoje em dia só se preocupa com a família perfeita que criou, o que não incluiu sua primeira filha. Nos episódios, nós vemos uma tentativa de aproximação dos dois, mas que devido a falta de um pedido de perdão talvez não tenha muito futuro. Eu achei muito interessante como na série foi apresentado a mudança que uma pessoa pode ter, mas se essa não vier acompanhada de uma admissão de culpas passadas, ela não é realmente verdadeira.

Sean é o marido de Alex e que perpetua o abuso emocional nela. A série é baseada em uma história real, dessa forma descobrimos que ele também está inserido em um contexto de violência. Isso não justifica seu comportamento, mas explica como o que se faz com as crianças de hoje é refletido nas crianças do futuro. O roteiro mostrou como ele tenta sair desse lugar de alcoolismo e controle, o grande problema é que Alex acaba tendo que suportar suas mudanças de humor e o próprio medo dele para confrontar o passado, só sobrando pra ela a fúria acumulada.

Alex está muita sozinha, não pode contar com o pai de sua filha, com os seus pais e nem com amigos, até mesmo os programas de assistência do governo que deveriam ajuda-la não cumprem o seu papel. O que Maid mostrou é que a força dela, o que a fez sair do lugar foi a ajuda de outras mulheres que entendiam a sua situação. É nós por nós.

Há muito aspectos fortes trabalhados na história: os subempregos de limpeza, a solidão da mulher na família, o incompreensão quanto ao abuso emocional, a falta de atitude do governo, internações forçadas etc. A violência ela vem de todos os lados, a série não precisou fazer torture porn, não houveram grandes momentos de sangue ou algo assim. Ela mostrou o real e isso foi o impactante. O quanto não vemos, quantas marcas não são reveladas na pele e quantas mulheres precisam de ajuda.

TRAILER MAID

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