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Jéssica Ohara Jéssica Ohara Author
Title: BATATINHA FRITA 1, 2, 3...
Author: Jéssica Ohara
Rating 5 of 5 Des:
Round 6 é a série mais hypada da semana. Memes, montagens e quotes foram tirados da produção e espalhados pelo buraco negro da internet bra...


Round 6 é a série mais hypada da semana. Memes, montagens e quotes foram tirados da produção e espalhados pelo buraco negro da internet brasileira. Mas é boa? Essa era pergunta que estava comigo durante todo o auê. Decidi tirar a limpo essa história e agora estamos aqui com mais uma cadelinha desse k-drama.

A história é sobre um estranho jogo nos quais os participantes são pessoas com grandes débitos, sem perspectiva de futuro e em um verdadeiro desespero. Elas foram selecionadas por um homem misterioso que testou até onde iria a vontade de ganhar dinheiro de cada um dos 456 jogadores. Como personagem principal temos Gi-hun, um apostador compulsivo que esconde um grande trauma, você logo simpatiza com ele e por mais merda que o mesmo faça é difícil não se identificar com o personagem.

Os jogadores coadjuvantes também brilham ao longo dos 9 episódios da produção. Temos Sae-byeok, fugitiva norte-coreana que tenta trazer os pais para a Coréia do sul; Deok-su, um canalha metido a mafioso que tentou passar a perna em quem não devia; Han Mi-nyeo, uma manipuladora compulsiva; Ali, um imigrante paquistanês enganado por seus patrões; Sang-woo, um empresário com sérios problemas; e Oh Il-nam, um senhor no final da vida com pouco a perder.

O que todos têm em comum é a situação financeira desesperadora que vivem. O primeiro ponto forte da série é trabalhar a questão da falta de dinheiro como um problema da sociedade e não do individuo. Em vários momentos, a produção dá vislumbres da falência do sistema que as pessoas estão inseridas, mostrando que aqueles jogadores são uma representação de milhões que vivem perto da miséria. Desde Parasita que não associamos mais tão facilmente Coreia do Sul com riqueza em abundância, em Round 6 isso é evidente. Para que alguns sejam muito ricos, outros têm que ser extremamente pobres.

Quem já assiste doramas coreanos há um tempo, não se surpreendeu com algumas críticas feitas na série. Nem todas foram explicitas, como a questão da corrupção da polícia, mas quem estivesse prestando um pouquinho mais de atenção as perceberia de maneira fácil. Outro momento que me marcou foi a exposição da situação do imigrante em território coreano, apesar de estar dentro de um estereótipo, ainda assim a série mostrou quanto vale pouco a vida de alguém que não é reconhecido como da mesma cultura.

A desigualdade social é um mote claro de Round 6, mas eu queria salientar como a série trabalhou a questão da flexibilização do trabalho e a falta de estabilidade. Um dos personagens caiu em desespero após ver seu futuro destruído por uma empresa que o demitiu sem pensar duas vezes e ainda colocou a culpa da falha nele. Essa insegurança, que no Brasil conhecemos tão bem, pode levar as pessoas a medidas desesperadas.

Tentando não dar muitos spoilers, o meu próximo elogio é quanto a fotografia e a paleta de cores da série. Ao optar por um estilo quase gore de violência, a equipe técnica acertou muito ao misturar essa ideia com as cores fortes e alegres do ambiente infantil. O absurdo torna-se ainda mais potente e qualquer sangue derramado é capaz de causar choque.

Em si Round 6, tem umas partes previsíveis, mas não são suficientes para tirar o fôlego da história. Eu me senti presa a cada episódio, ri, fiquei com ódio e chorei. Poucas produções conseguem ser capazes de provocar tantas reações diferentes em quem está assistindo.

TRAILER ROUND 6

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