[REVIEW] CASTLE S06E14 - DRESSED TO KILL

Sintam-se convidados a dar play na música que me levou a escrever esta review:

It's hard to see you go 'cause you mean everything to me
The seeds that you have sewn will live on deep inside of me
It's time, you're leaving now - Your hands are cold, as I kiss your brow
And I will try, but I don't know how - to let go. To let go

Como já era possível imaginar pela promo [que acabou dando tanta repercussão que o episódio acabou por ser adiado], “Dressed to Kill” seria aquele típico episódio que marca. Quando as previews da imprensa foram sendo liberadas, a vontade de vê-lo apenas aumentava em mim e, eu sei [não mintam], em vocês também. E sabem do que mais? Fui altamente recompensada pela minha espera. Embora meu coração tenha doído com todas as menções e lembranças da Johanna Beckett, este episódio me deixou feliz em meio a toda tristeza.

Lembrando que a espera acabou com uns diazinhos de antecedência, afinal, assim como o esperado “Still” o episódio acabou vazando no Reino Unido e, assim, pudemos ver toda a carga emocional dele um pouco antes.

O assassinato em si acaba ficando em segundo plano, e Castle vem para este episódio com um enredo bem maior e mais complexo do que qualquer assassinato. O enredo humano, guiado pelo coração, amor e dores da perda. Beckett se abriu e mostrou para Castle o que sente, mais uma vez. Nos mostrando que, mesmo que o caso Johanna Beckett esteja adormecido na série, ele sempre estará presente [nestas próximas etapas mais do que nunca]. 

O assassinato de Ella Hayes,  ex assistente pessoal da fashionista Matilda King nos leva ao mundo da moda e da alta costura. Com toda a sua competitividade, correria, designers e trapaças. E, sei que vocês também se lembraram de outra fashionista muito famosa que vimos em um filme [maravilhoso] chamado “O Diabo Veste Prada”. Ver Matilda jogando aquele casaco de pele na cara de sua assistente me remeteu imediatamente a Miranda Priestly (eternizada pela Meryl Streep), porém, Matilda não chegava aos pés de Miranda no quesito ego. E isso é o que vemos principalmente quando as inesquecíveis maçãs do rosto de Kate Beckett vão interrogá-la pela primeira vez. 

15 minutinhos de fama que já tornaram Beckett uma figura única e inesquecível para Matilda [e, vamos combinar? Quem pode culpá-la por isso?]. Tão única e singular que foi convidada para estrelar a capa da revista Modern Fashion em Janeiro de 1999 e negou o pedido. Janeiro de 1999. Esse mês. Mais especificamente o dia 9 de janeiro de 1999. O dia Johanna Beckett foi assassinada naquele beco. Se hoje vemos todas as consequências da morte da mãe em Beckett, alguém consegue imaginar como foi para a nossa pequena naquele momento? Não a detetive. Não a investigadora. A Beckett filha, mulher e humana. A Beckett que precisava e amava a mãe acima de tudo. Seria lógico ela recusar o trabalho. Natural.

Essa foi a primeira, de muitas, pontadas de dor no meu coração. E isso que nesta parte, o contexto fica  sub entendimento, afinal, em nenhum momento do episódio menção a este fato é feita. Acho que Marlowe conhece os fãs suficientemente bem para saber que notaríamos e faríamos a associação.

Neste mundo da costura onde nome é tudo e perdê-lo te torna ninguém, o assassinato de Ella acaba virando um looping infinito entre suspeitos e álibis, onde achar o assassino estava começando a ficar confuso. Preciso falar que é para o Castle é super tranquilo achar nomes para os personagens dos seus livros, afinal, cada favor que ele pede a alguém é com um nome no livro que ele retribui.  Com menções digníssimas [que eu, no fundo, queria que estivessem certas] sobre "La Femme Nikita", frases de efeito sem sentido como “Muder is the new Black”, menções ao cabelo azul de Katy Perry, o episódio seguiu em seus padrões de investigações normais com aquela pitada de comédia típica de Castle. Mas para alegria de todos e felicidade geral da nação o episódio foi dela. Stana Katic. Kate Beckett. E foi brilhante.

Pode ser apenas meu olhar de quem procura demais, mas senti uma cumplicidade, um carinho, uma amorosidade entre Beckett e Matilda.  E essa cumplicidade, beirando a admiração de Matilda pela Becks, fica evidente no momento em que a modelo que faria prova de um vestido não comparece e King pede, gentilmente a Kate  um favor. E ela aceita. Ela prova o vestido. Um vestido de casamento que ficou melhor em Beckett do que em qualquer modelo ou revista. Porém, é neste momento que os medos, as inseguranças e a vulnerabilidade da nossa pequena detetive são mostrados com maestria por Stana.

Castle estava vendo o local onde ambos, com a ajuda de Martha [Obrigada, Martha. Eles esquecem, mas eu não], tinham encontrado e achado perfeito para o casamento. Porém, o local estava com todas as datas preenchidas até 2015. Mas, é claro, uma ligação de última hora deixa o local livre para esta primavera. Castle liga para sua noiva [adorável noiva] para saber se ele poderia marcar esta data e adiantar o casamento. Kate, usando o vestido, se olhando no espelho e falando com Castle...fica muda.

A cena já estava me apertando o coração desde que, em um primeiro momento, ela está feliz e sorrindo e depois....seu olhar cai. O sorriso se fecha e as certezas dão lugar a todas as dúvidas que o seu coração possui. Mas, elas não são em relação ao Castle e sobre casar com ele. As dúvidas são sobre ela mesma. Sobre se ela seria capaz. Sabem o que eu sinto as vezes? Que Beckett tem medo de ser feliz. Ela tem medo do momento seguinte. Uma frase dela em “Always” sempre me marcou muito. “As vezes eu apenas me pergunto: como eu ainda posso estar viva?” e é isso que eu sinto. Que ela tem medo de se deixar ser feliz, de se entregar e, depois por imprevistos ou intervenções ela ter essa alegria roubada dela de alguma forma. Mas ela está aprendendo a perder este medo, afinal, é difícil não se entregar a felicidade quando se tem alguém, como ela tem, para te amar e para você amar também. Tendo um homem que não quer esperar mais nenhum tempo para dar o próximo passo [Nem eu, 5 anos já é um bom tempo].

Quando, ao fim do episódio, ela entra em seu apartamento [ah, que saudades daquele apartamento], e encontra o presente de Matilda para ela, eu senti que era o impulso que faltava. Aqui a cumplicidade entre as duas se firma e eu senti que Matilda teria “adotado” Beckett caso ela tivesse ido para o mundo da moda. Da mesma forma que Montgomery adotou Beckett na NYPD e isso sempre foi visível ao longo de todas as três primeiras temporadas da série, ela teria feito o mesmo. Parece que onde quer que Katherine Houghton Beckett esteja, ela encontrará apoio nas pessoas que a cercam porque ela atrai pessoas pelo o que ela é. E não apenas pelo seu rosto exuberante. O olhar dela quando vê o vestido na caixa já mostra que ela estava decidida a deixar os medos para trás. Mais uma vez, ela precisa aprender que sua mãe não está lá, mas que ela precisa seguir em frente.

Então, ela vai conversar com ele e explicar. Seu parceiro, seu noivo, seu amante e seu amigo. Ela se abre com Castle muito mais facilmente do que a Beckett que se abriu com ele lá na primeira temporada em  “A Chill Goes Through Her Veins” quando ela conta pela primeira vez sobre o caso da sua mãe. Hoje ela não conta o que houve, ela conta o que ela sente. O que ela está autorizada a sentir. A saudade, a dor da perda, o querer, mas não poder, ter a mãe ali. Durante anos fomos convidados a ver a detetive sofrer pela dor da perda e ver o quanto ela sente falta. Do quanto buscar o culpado a move. Mas hoje, onde ela está “sozinha”, sem a mãe em um dos momentos mais importantes se sua vida, ela se sente perdida e vacila diante das dúvidas que o coração planta na cabeça.

Sim, Kate sua mãe teria amado te ajudar nestas pequenas coisas, ajudar na escolha das flores, do vestido, do local do casamento. E ela teria amado o homem que você escolheu para ser seu one and done. Por um motivo simples: ele faz o sorriso dela brotar. Simples, fácil, largo e radiante. Nunca antes tínhamos visto ela tão feliz. Ela estava enfiada em um breu desde a morte da mãe e de repente chega Rick e muda toda as concepções mais fortes de Kate. Muda sua forma de ver e levar a vida. Ela fica mais leve e isso é visível, basta comparar a personagem da primeira temporada com a da que vemos agora. Ela está feliz e que mãe não estaria feliz com isso? Kate, Johanna está feliz. Longe, distante mas, acima de tudo, feliz por você.

O crime acabou ficando completamente em segundo plano no episódio. Ella era, no fim das contas, uma designer maravilhosa que tinha seus desenhos roubados por Yumi, designer da Modern Fashion. Mas quem acabou por matar Ella no fim das contas foi Julian. Um dos editores da Modern Fashion que estava tentando roubar o emprego e a posição de Matilda.

Este episódio é daqueles que o crime existe para dar o enredo, mas as coisas que o cercam é que realmente são vistas. Castle tem se tornado cada vez mais...sentimento. E as pessoas que gostam de racionalizar tudo podem estar perdendo o interesse na série. E eu compreendo isto. Este caso, por exemplo, não foi nem de longe um dos melhores CASOS da temporada. Mas eu sinto [sim,sou sentimental] e, para mim, a temporada segue perfeita e plenos pulmões para mandar um alô para uma sétima temporada.

Acho que finalmente [e muito disso veio do falar e do se abrir] Kate está se sentindo completamente livre para casar, algumas dores ainda virão a aparecer no meio do caminho, mas Castle já sabe como ela se sente e isso tornará as coisas mais fáceis. Martha será a mãe de Beckett mais do que nunca e eu não duvido que Matilda ainda vá sorrir feliz, um dia, ao ver Castle e Beckett casados e aquelas lindas maçãs no rosto sorrindo de felicidade. Eu não duvido que Johanna mesmo de longe vá sorrir pelo sorriso da filha. Eu não duvido, afinal, existem algumas pessoas que são tão parte de nós que estarão conosco não importa o que aconteça sendo nossa terra firme, nossas estrelas polares, e as vozes claras e suaves em nossos corações que estarão conosco....

Always.


PS1: Pode emitir um alerta de busca para a Gates?! A mulher sumiu, gente!

PS2: Marlowe, quero mais cenas entre Martha, Castle e Beckett. Obrigada.

PS3: Não, eu não gostei muito do vestido. Mas ao ver o sorriso no rosto da Becks eu entendi que basta ela se sentir bem e feliz com ele. Ela brilha independente do que esteja usando.

PS4: Hoje, 04/02, seria o aniversário de Johanna Beckett. Ela era aquariana e, não que eu acredite em signos, mas aquarianos são por essência  humanos, sinceros e idealistas. Ela dedicou a vida por aqueles que não tinham voz e sofreu duramente as consequências disso.  E se hoje seria aniversário dela, amanhã será de alguém do Castle fandom. A pequena Ale que, assim, como Johanna tem um coração que não cabe no peito e um humor inabalável. Parabéns, para as pequenas que moram em meu coração. Se a primeira era porto seguro da Beckett, a segunda é um dos meus.

Promo do próximo episódio S06E15 - "Smells Like Teen Spirit" que será exibido dia 17. Sim, mais um hiatus. E eu estarei esperando vocês.