Dia 18 fará um ano em que Fringe nos deixou, e para relembrarmos essa série tão marcante, o Diário de Seriador inicia hoje um super especial para você reviver o que acompanhou ao longo de 5 temporadas, criar teorias, investigar e se emocionar. Para começar, vamos mergulhar um pouco na ficção de Fringe e compará-la com a nossa realidade.
Quando vi o
pilot de Fringe pela primeira vez, as coisas que me chamaram a atenção foram especificamente técnicas como a qualidade dos efeitos especiais, do roteiro e da fotografia da série. Mas confesso que tive aquele pensamento de “Pessoas derretendo e vendo a mente umas das outras? Nossa que mentirada”. E esse pensamento só aumentava ao longo dos episódios, porque por mais que me dissessem que a glândula pituitária era responsável pelo envelhecimento humano, eu não me lembrava de ter visto na escola que uma criança poderia nascer, crescer e morrer de velhice em menos de quatro horas.
Mas aí eu resolvi realmente acompanhar a série, porque o fato é que, se você vê Fringe sem pesquisar nada, você só está vendo cenas, não está realmente acompanhando. Foi aí que descobri que tudo, ou quase tudo o que Fringe mostrava, tinha um elemento científico real que estava em estudo ou já havia sido provado. Porque como o seu próprio nome diz, Fringe trata do limite, da fronteira entre o que a ciência ainda estuda e o que ela pode (e eu acho que vai) se tornar. Por isso, separei alguns casos e plots da série que, quando eu vi, me pareceram bizarros e sem nexo, mas que de fato têm algo de real.
Atenção, o texto a seguir conterá spoilers, por isso, se você ainda não viu toda a série, feche essa aba e volte a ler quando terminar a sua maratona.
Lendo mentes e vendo memórias
Já contei como achei um pouco mentiroso o pilot de Fringe me dizer que é possível ver memórias de outras pessoas. Mas tapa na cara da sociedade e na minha, porque a coisa não é tão impossível assim. Segundo um estudo publicado pela University College de Londres (UCL) é possível sim se "ler" as memórias de uma pessoa simplesmente examinando sua atividade cerebral.
Uma parte do nosso cérebro chamada hipocampo pode ser a chave para a leitura da mente humana, é o que diz Eleanor Maguire, uma das responsáveis pela pesquisa: "Surpreendentemente, apenas por ver as informações do cérebro, podíamos prever, de forma exata, onde eles estavam no ambiente de realidade virtual. Em outras palavras, podíamos 'ler' suas memórias espaciais."
Existem outros estudos parecidos com este, mas são informações mais difíceis de encontrar. Para entender melhor como funciona, leia a matéria a
aqui:
Metade cobra, metade morcego...
Unleashed (S01E16) é um dos episódios mais assustadores e nojentos da 1ª temporada. Nunca vou me esquecer daquele bicho monstruoso e dos corpos se quebrando e começando a liberarem larvas, sem contar do Charlie grávido. Enfim, é um ótimo episódio.
O foco do episódio Unleashed é um animal muito esquisito formando com partes de outros animais, que começa a matar pessoas e depositar seus ovinhos nos defuntos e nos vivos também. O curioso é que essa mescla de animais não é algo tão irreal. Confesso que essa foi uma das descobertas mais assustadoras que fiz, mas brincar de juntar pedaços de animais é algo que a ciência vem fazendo há muito tempo.
Em 1954, um cientista chamado Vladimir Demikhov deixou o mundo em choque ao unir parte do corpo de um cachorro a outro, criando um animal de duas cabeças. O mais louco é que as cabeças estavam vivas e se comportavam com personalidades diferentes, ou seja, eram dois animais em um. Os animais não sobreviveram por muito tempo porque o corpo rejeitava o novo “tecido” que era enxertado.
O cientista Vladimir Demikhov criou 20 cães de duas cabeças e o tempo máximo de vida de um de seus experimentos foi de um mês. Em Fringe vimos que o morcego foi a solução que os cientistas encontraram para evitar que o organismo do “bicho” principal não rejeitasse os outros tecidos.
Mas o experimento tinha seus benefícios, pois descobrir uma maneira dos corpos não rejeitarem o tecido em animais era um caminho para descobrir como realizar transplantes em humanos sem nenhum risco de rejeição.
Mas o caso é que Vladimir Demikhov era Soviético em uma época em que socialismo e capitalismo estavam de rixa. E é claro que os Estados Unidos não poderia permitir que seu rival ficasse com todo o crédito por um avanço desse nível. Por isso, o governo americano financiou um estudo de um cientista chamado Robert White, que não colocou duas cabeças em um corpo: o cara arrancou a cabeça de um macaco e colocou em outro, pensem na bizarrice e maldade que é isso. Enfim, quando o bicho acordou, ficou nervoso (certamente não gostou do novo corpo) e viveu apenas por um dia e meio. O mais louco é que esse cientista queria usar cobaias humanas para o experimento, acreditam nisso?
Universos paralelos
A teoria dos universos paralelos é uma das três principais mitologias de Fringe. Existem diversos estudos e diversas teorias sobre universos alternativos e eles dizem o mesmo: há uma variedade de universos paralelos que são moldados por nossos atos, onde novas possibilidades são criadas a partir de nossas decisões. Por exemplo, se você sofrer um acidente neste universo, poderá ficar bem e só ter uns arranhões, em outro universo você pode ser hospitalizado por ter tido algo mais grave e em outro pode morrer.
Essa é uma teoria utilizada em diversos filmes e séries, mas segundo os cientistas de Oxford, não é só uma teoria, é real. Eles provaram fisicamente a existência dos universos paralelos, mas até que alguém use cortexiphan e vá lá ver se é verdade, não há como afirmar com 100% de certeza que a teoria é totalmente real.
De qualquer modo, leiam a matéria a seguir e entendam mais sobre este assunto,
aqui.
Memórias falsas
Na 3ª temporada ficamos morrendo de dó da Olivia ao ver a coitada ficar presa em um universo alternativo, acreditando ser uma pessoa que não era, graças às memórias de sua versão alternativa que foram implantadas nela. Acontece que, segundo a ciência, é possível sim provocar memórias falsas em uma pessoa. E adivinha quem provou essa teoria? O MIT (Acho que o Peter teve parte nesse estudo).
O teste foi realizado com ratos e ocorreu da seguinte maneira: os cientistas colocaram os animais em determinado ambiente e ficaram observando onde as memórias deste local foram armazenadas. Depois, levaram os ratos para outro ambiente e deram choques elétricos nos bichinhos, enquanto estimulavam a memória do primeiro ambiente.
Na segunda etapa do processo, os cientistas colocaram os ratos novamente no primeiro ambiente e perceberam que eles ficavam paralisados por conta das memórias dos choques que haviam sofrido, apesar dos choques terem sido dados em outro ambiente e não naquele em que estavam no momento.
Após descobrirem essa possibilidade, os cientistas agora tentam entender porque é tão fácil criar memórias falsas dessa maneira.
Buracos de minhoca para viagens no tempo
“The Day We Died” é um dos episódios mais fantásticos e sem dúvida o que possui o maior mindblow da série. Nesse episódio nos é revelado um pouco mais sobre as Primeiras Pessoas, e descobrimos que a máquina apocalíptica foi enviada do futuro para o passado por meio de um buraco de minhoca. Para você realmente entender como tudo aconteceu, é necessário ler a história em quadrinhos “Peter and The Machine” que explica o que a série não explicou.
Então, acontece que para a ciência o buraco de minhoca existe e realmente representa uma possibilidade de viagem no tempo. E é ai que você se pergunta: "Então porque ninguém ainda fez essa viagem?” Porque a coisa toda é muito complexa, primeiro é preciso encontrar um buraco de minhoca e depois é necessário saber se quem se arriscasse a ir, realmente sairia vivo para contar a experiência. Teorias dizem que quem atravessasse o buraco de minhoca, poderia ter danos no coração ou no cérebro e possivelmente morrer. Além disso, não há como garantir que o buraco ficará aberto tempo suficiente para que o indivíduo atravesse por ele.
Para entender mais sobre buracos de minhoca clique
aqui.
Existem dezenas de outros exemplos que poderia citar, pois como eu disse, em Fringe quase tudo tem algo de real. Acredito que esse é um dos grandes pontos da série, você se acostuma tanto com as bizarrices que com o tempo tudo se torna cada vez mais crível e chega um momento em que você até se perde entre o que pode ser real e o que é apenas ficção. É claro que em Fringe as coisas são um pouco mais “desenvolvidas” que na realidade, mas esse é o objetivo da série. Para mim, Fringe apenas representa de maneira fictícia o que veremos na realidade daqui alguns anos, e isso é algo que realmente me assusta.