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"Vida longa aos que conseguem se desapegar do ego e ver a graça da coisa" (trecho da crônica "Para Woody Allen, com amor".) |
Martha Medeiros é atual. Ela quebra tabus de religião, sexualidade, fala do cotidiano com a simplicidade que ele precisa ser dito. Suas crônicas abordam assuntos simples e complexos, desde barulhos urbanos, passando por uma bota amarela, até a vida no seu sentido mais puro e simples.
É quase uma terapia onde você não fala. Você apenas absorve as palavras escritas pela autora e, então, você passa a refletir sua vida, a forma como você a vê, a forma como você a leva.
Martha vem através desse livro, e de seus vários outros, resgatar a beleza e o valor das crônicas brasileiras, que são absurdamente ricas. Sem a complexidade de Clarice Lispector, ela é direta e tem um quase um bate-papo com o leitor. E nesse bate-papo, é impossível não se apaixonar pelas palavras daquela que consegue deixar pensando em uma mesa de cozinha durante três dias ou mais.
Ela se abre também. Mostrando seu amor, compartilhado por mim, por Woody Allen, falando dos benefícios da terapia e te convidando a repensar suas atitudes. A sensação que tive quando li este livro foi pensar “Isso sempre será atual”. Sempre será porque ela trabalha da complexidade da essência humana. O que nos move. O que nos motiva. E isso nem sempre em seu sentido positivo. E o ser humano, no fim, pouco muda. Somos diferentes, mas ainda assim semelhantes. Muitas das neuroses e paranoias diárias são compartilhadas por muitos, inclusive por mim, por você e pela própria Martha.
O livro é um verdadeiro convite a um diálogo seu com sua alma. Com sua essência. Talvez a riqueza da obra esteja na simplicidade da escrita e na profundidade contida em trechos específicos dela. Obviamente, o livro é de altos e baixos e algumas crônicas se sobressaem às outras, mas a riqueza ainda assim é gritante. E encanta, encanta demais.
Martha te convida a enxergar a vida de forma mais leve, a amar a si mesmo, a respeitar o outro. Ela te mostra que rock n’ roll tem também outra conotação, que o seu futuro é você quem molda e ser feliz depende se você, e do quanto você se permite rir de si mesmo porque, sim, isso é essencial.
Então, você está convidado a se sentar no divã e conversar consigo mesmo através das obras da autora, pois nem mesmo em suas neuroses diárias você está sozinho, basta você começar a enxergar a graça da coisa.