Indicado na categoria de Melhor Filme em Língua
Estrangeira no Oscar, Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown, no original)
é uma produção impecável, densa e impactante. Dirigido pelo cineasta belga
Felix Van Groeningen, o filme narra a história de Elise (a bela Veerle Baetens)
e Didier (Johan Heldenbergh), uma tatuadora e um banjoísta ateu de uma banda
bluegrass de Gent (Bélgica), que apesar das diferenças, se apaixonam
perdidamente. No meio de tanta paixão nasce Maybelle (Nell Catrysse), que quando é acometida por uma grave doença, faz o amor dos dois
protagonistas ser duramente testado.

Através de uma narrativa não-linear vamos nos
aprofundando na vida do casal. Essa estratégia foi muito bem pensada, pois
consegue aproximar os protagonistas do espectador e aliviar um pouco a carga
emocional de algumas cenas. Além disso, o destaque também vai para a
trilha sonora espetacular que acompanha o intenso drama. Agindo como uma
protagonista, a melodia bluegrass embala a história dando o tom necessário a
cada cena, variando junto com a situação e estado emocional de Elise e Didier.
[SPOILER ALERT - Aconselho a parar aqui se ainda
não viu o filme]
Porém, mais do que tudo, Alabama Monroe é um drama sobre a perda.
Sobre a morte de um filho e as consequências disso para os pais. Nesse ponto, é
impressionante como Baetens e Heldenbergh dão vida a suas personagens. Os
atores realmente conseguiram retratar a intensidade da dor, do sofrimento de
tal situação.

A dificuldade de diálogo após a morte de
Maybelle e a tristeza profunda sentida pelos pais, expressada de forma
diferente por cada um levam o casal ao limite. As visões distintas da morte, uma
religiosa/metafísica e outra ateísta (que abrem no filme uma interessante discussão
sobre ciência e religião), agravam ainda mais a situação. E aí Groeningen não
dá alternativa. Ele nos mostra como nem todo amor, fé, ou racionalidade,
consegue manter o casal unido. Às vezes um recomeço é necessário, e que
para isso temos de tomar atitudes fortes. No entanto, tudo isso deve ser feito com
calma, evitando erros causados pela emoção à flor da pele. Mas, afinal, quem
poderia culpar Elise (ou melhor, Alabama) pelo seu desespero ante tal tragédia.
Seu recomeço, incompreendido por Didier, sucumbiu ante a cólera que sentia.

Após sermos tragados, por quase duas horas implacáveis
de projeção, rumo esse turbilhão de emoções, ainda somos brindados com
um dos mais comoventes desfechos vistos ano passado. Por tudo isso, Alabama
Monroe é definitivamente um dos melhores dramas de 2013.
NOTA DO DDS: 