PAPO DE LEITOR: Leitores Prematuros

Leitor que é leitor, fica perdido todas as vezes que vai comprar um livro novo. Porém, esse é um perdido de “eu sei onde estou, e eu amo estar aqui”. Você começa querendo comprar um livro específico, mas dá de cara com um outro do qual seus amigos falaram muito bem a respeito. E então começam seus dilemas. E muitas vezes, o dinheiro que você têm no bolso, é suficiente para comprar um ou dois livros no máximo. O problema é: um ou dois livros para escolher dentre milhares de livros lindos!

Já faz alguns dias desde a última vez que passei por isso. Mas dessa vez, houve um pequeno fator que mudou essa minha aventura atrás de qual livro ler naquela semana. Um fator de 11 anos: Larissa, a sobrinha da minha melhor amiga.

Enquanto eu e Gabriela (minha BF) comprávamos outras coisas, percebi que Larissa não estava tão animada com essas compras. Foi aí que eu soube que ela queria comprar um livro. Um livro que só tinha na FNAC. Ela sabia, pois já tinha procurado em outras lojas, e tinha visto uma vez lá, mas não pôde comprar. Ainda me lembro bem da reação frenética que ela teve quando eu disse que a levaria para comprar tal livro. Pulos e gritos de alegria deixavam minha tarde mais interessante. Ela me arrastou pra fora da loja que nós estávamos, e logo após, saiu correndo na minha frente em busca da loja que ela não sabia pra qual direção ficava. E acabamos meio perdidos em um dos maiores shoppings de Brasília.

Imaginem que esta é a Larissa

Ao chegar lá, ela foi direto no livro que queria. Era um livro infantil, da capa vermelha. Não consegui ver como era por dentro, pois ela não deixou. Clássico ciúme de leitor. Enquanto eu procurava algum livro pra mim, conversávamos sobre livros que já lemos, que estavam naquelas estantes. Me surpreendi mais ainda pelo fato de que ela já tinha lido livros que eu ainda não li, e que eu era louco pra ler! Também cheguei a comentar com ela que eu estava atrás de um box de Harry Potter, mas os que achei na internet ficavam muito caros por conta do frete. Alguns minutos depois ela some, e reaparece com uma caixa grande e pesada nas mãos. Era o bendito box de HP que eu tanto queria, e ainda de promoção. E isso me fez amá-la ainda mais! E lá se foi toda minha fortuna naquele box.

Passando por toda essa experiência, fiquei pensando por muito tempo em um fato: não existem muitas crianças como a Larissa. A grande maioria delas, nos dias de hoje, se preocupam mais com coisas de criança pós-moderna (video games, tablets, smartphones, redes sociais, raramente uma brincadeira mais old school com os amigos…). Não vejo isso como algo errado, pois cada geração desfruta dos recursos disponíveis para se entreter. Mas vejo crianças raras como a Larissa serem um diferencial não só nessa geração, mas também na minha. Também era raro encontrar crianças como ela nos anos 90. Crianças que se empolgam mais em comprar livros do que roupas, ou brinquedos. Crianças que, para mim, são futuros gênios! 

Alguns sabem que meu maior sonho é ser pai. E se algum dia eu tiver uma filha como a Larissa, eu vou saber que venci na vida.

E você? Tem algo a contar sobre alguma experiência, ou alguma criança que conhece, que é um leitor prematuro? Melhor ainda, você fez parte dos raros leitores prematuros da sua geração?

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