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Verônica Martucci Verônica Martucci Author
Title: CANTINHO NERD: Crítica #9 - Meia-Noite em Paris
Author: Verônica Martucci
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Quando penso em Paris, sinto uma unanimidade universal a respeito da capital francesa. É possível que alguém não queira conhecê-la ou não a...
Quando penso em Paris, sinto uma unanimidade universal a respeito da capital francesa. É possível que alguém não queira conhecê-la ou não ache a cidade encantadora? Woody Allen certamente concorda comigo, e com uma belíssima edição das imagens da cidade em movimento durante o dia até a noite, no início do filme podemos apreciar a beleza que é a famosa “cidade das luzes” no inspiradíssimo “Meia-Noite em Paris” (2011).

Como protagonista acompanhamos Gil Pender (aqui, Owen Wilson), um escritor de roteiros de Hollywood conceituado na área cinematográfica e frustrado com o rumo que seu trabalho tomou. Ao acompanhar os sogros e sua noiva Inez a uma viagem para Paris, notamos logo no primeiro diálogo do filme o quanto Gil é fascinado pela cidade e a grande vontade que tem de ficar por lá e dar continuidade na sua vida como escritor de livros.

                               23Abr2011

Logo percebemos a incompatibilidade do escritor e de sua noiva, e o fato de estarem num compromisso rumo ao casamento levanta o questionamento de como ambos conseguiram chegar até ali. Gil, que é um cara mais fechado e se recusa a sair com Inez e seus amigos durante um encontro entre eles, decide dar uma volta por Paris durante a noite, e é aí que sua aventura pela cidade começa;
O roteiro de Allen é bem simples, e nos transporta junto com o personagem a uma época fantástica, onde tudo parece mais divertido, mais vivo. É notável que o próprio diretor queria passar um tempinho por lá também, já que o capricho com que montou os ambientes, o figurino e as referências aos seus grandes ídolos da época são retratados com muita dedicação e sua dose de humor. 

Durante a viagem de Gil à sua época favorita, nos deparamos com Fitzgerald e sua mulher, Hemingway, Picasso e tantos outros artistas que marcaram história com suas obras, e como telespectadores podemos sentir um pequeno gostinho de com seria viver nas festas e nos bares da época com aquelas ilustres presenças.


O mais encantador do filme certamente é a despretensão de Allen em mostrar se aquilo tudo tem sentido ou não, e vemos apenas o protagonista vivenciando todo aquele momento sem se preocupar com lógicas (já que ele mesmo se define como uma pessoa muito racional). Percebemos que Gil vive numa constante busca por respostas em sua vida, já que não acredita em seu potencial como escritor, não quer voltar para os Estados Unidos e para seu trabalho em Hollywood e nem ao menos parece ver sentido em seu noivado. O seu saudosismo por uma época que nunca viveu mostra o quanto essa pequena viagem por algo que nunca pertenceu parece uma fuga para seus problemas atuais, e essa realidade alternativa que soa como irreal para qualquer um a sua volta, para ele é fantástico.

Sem estabelecer limites entre o que é real ou não, temos uma história mágica. Abandonando a segurança de seu trabalho em Hollywood, Gil experimenta a verdadeira arte com seus artistas preferidos em Paris, a cidade onde a arte sempre foi tão exaltada e onde tantos artistas surgiram e lá foram morar, sendo o lugar ideal para retratar essa história. O filme homenageia o passado, mas sem dúvida mostra que a desvalorização de nossa época por nós mesmos também é uma insatisfação crônica de todo ser humano, e que uma hora precisamos aceitar aquilo que temos como é.


Afinal, a Paris chuvosa de 2010 é tão bonita quanto a Paris chuvosa dos anos 20. :)

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