EXISTEM SERES INTELIGENTES NO ESPAÇO. MAS, PARA ELES, A HUMANIDADE É IRRELEVANTE.
A cidade de Harmont está mudada. Desde que foi palco de uma das várias invasões alienígenas na Terra, o clima é de incerteza e medo. Os visitantes anônimos não se comunicaram com os terráqueos, e assim deixaram a humanidade com questionamentos aterradores. Nos locais onde eles estiveram, agora zonas proibidas, fenômenos perigosos continuam acontecendo.
O trabalho ilegal de Redrick Schuhart, e de todos os outros stalkers, é invadir esse território para coletar e depois comercializar estranhos e misteriosos objetos trazidos de mundos distantes.
Publicado pela primeira vez em 1971 na União Soviética, Piquenique na Estrada mistura alusões à Guerra Fria e reflexões sobre a insignificância humana. Adaptado para os cinemas no filme Stalker, de Andrei Tarkóvski, é um dos maiores clássicos da ficção científica no leste europeu.
Traduzido direto do russo, e com o texto original escrito pelos Strugátski, esta edição traz duas leituras complementares: um posfácio escrito pelo próprio Bóris e um prefácio assinado por Ursula K. Le Guin, autora de A Mão Esquerda da Escuridão.
É sempre estranho fazer a resenha de um clássico. Você sente que muitas pessoas já falaram sobre ele e por isso talvez você não tenha nada a acrescentar. Mas a empolgação por ter lido algo incrível vence e você sente vontade de contar pra todo mundo sobre ele, afinal não é porque é um clássico que é super lido, na verdade costuma ser o contrário principalmente entre o público mais jovem.
Piquenique na Estrada é uma história tão incrível que poderia se passar na década de de 70 ou mesmo no mês que vem. Nós estamos falando de uma história que abre um novo capítulo da ficção cientifica e nos mostra muito do que pode ser explorado nessa área. Eu não conhecia o livro, mas sabia que meus autores favoritos já o tinham lido, então porque não?
Imagina que, do nada, alienígenas pousassem em várias partes do mundo, ficam lá por um curto período de tempo e depois vão embora. Sem fazer contato. Sem que seres humanos os tenham realmente vistos. Mas deixam para trás uma grande quantidade de objetos e mudam pra sempre a natureza daqueles espaços. Isso acontece na Terra criada pelos irmãos Strugástski e esses locais ficam conhecidos como Zonas que são protegidas e vigiadas 24 horas pelos militares e pelas instituições de pesquisa.
Na Zona de Harmont, vive Redrick Schuhart, o Red: um Stalker. Essa é a profissão que surgiu depois da visitação, ela se caracteriza por pessoas que entram nas Zonas de formas clandestinas, arriscando suas vidas para conseguirem objetos para contrabandos. É muito arriscado ser um stalker, além de você está sempre perto de ser preso, a própria Zona tem características que podem te matar a qualquer momento. E muitos morreram.
Red se tornou logo um personagem querido, ele tem um jeito durão que é até bem justificado pelas condições de sua criação. O que fica evidente no início é que os governos parecem ligar mais para as descobertas e faturamento que podem ter com os aliens do que com as pessoas que foram afetadas por aquela situação. Red odeia a polícia (quem pode julgá-lo?) e o governo. Ódio e frustração são tons que nos acompanham durante toda a leitura. Logo desenvolvemos os mesmos sentimentos que ele e estamos torcendo pelas pessoas que são consideradas a escória naquela sociedade.
O ritmo do livro é incrível, há um balanço muito bom entre a ação e os desafios enfrentados por quem vive na Zona. É sobre ficção científica, mas também é sobre como as pessoas comuns são afetadas por aquelas mudanças. Fica claro que independente da situação alguns desejos ainda são universais e algumas lealdades também.
Nós vemos as referências à Piquenique na Estrada em vários filmes e livros, os conceitos de contato e os desenvolvimentos de personagens. Mas foi só a partir dessa leitura que eu fui capaz de identifica-las. É um livro bem gráfico, mas não chega a causar embrulhos, na verdade, a minha sensação final é desespero e um toque de esperança.
FELICIDADE PARA TODOS, DE GRAÇA, E QUE NINGUÉM SEJA INJUSTIÇADO!
AUTORES: Bóris e Arkádi Strugátski
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