Elogiado pela crítica e pelo público,
Parasita chega aos cinemas
brasileiros em clima de altas expectativas e é considerado um dos melhores
filmes de 2019. O sul coreano Bong Joon-ho, diretor do longa, já é conhecido por
outros filmes de sucesso como Okja (2017),
o mais recente, e Expresso do Amanhã
(2013) e O Hospedeiro (2006). O lançamento desse ano é o representante da
Coréia do Sul na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A julgar pelo
sucesso conquistado até o momento nas premiações, é também o favorito na
disputa. Parasita é distribuído pela Pandora Filmes no Brasil e classificado
como suspense. Em cartaz desde o dia 07 de novembro, o filme é, de fato, imperdível.
A sinopse é diferente do que se
espera de um filme de suspense. O longo conta a relação de duas famílias sul
coreanas, uma rica e outra pobre, em um embate contemporâneo da luta de
classes. Inicialmente, somos apresentados aos Kim, a família simples, na qual
pai, mãe e casal de filhos adolescentes vivem apertados em uma casa minúscula na
periferia da cidade. Todos estão desempregados e sobrevivem de empregos
temporários, tão precários quanto suas vidas. A 1ª cena resume como essa
família, ainda que excluída da sociedade, tenta se inserir. O filho Ki-woo segue
a dica do pai e, agachado na privada do banheiro, onde há sinal, tenta acessar
à internet usando o wi-fi dos vizinhos. Tudo muda quando aparece uma
oportunidade ao jovem: dar aulas particulares de inglês a uma menina rica.
A partir daí, conhecemos os Ken,
família do topo da pirâmide social. Seus membros são um espelho da família Ki-Taek:
pai, mãe e também um casal de filhos. Mas nesse caso, ao invés de um
adolescente, um menino criança. Os Ken vivem em uma casa grande e confortável
na região nobre da cidade. Todas as facilidades que o dinheiro pode pagar estão
à disposição, como governante, motorista e viagens. Nesse ponto da história, a
família Ki-Taek inicia a articulação de planos mirabolantes para que todos os quatro
membros trabalhem para a família Ken. Vemos o desenrolar de acontecimentos hilários
e surpresas, as quais não posso detalhar, pois estragariam a experiência.
O filme brinca com diferentes
gêneros cinematográficos, começa na comédia escrachada, passa pelo suspense, flerta
com o horror e acaba deixando uma sensação amarga na boca do telespectador, mal
estar do capitalismo. Parasita trabalha
o tempo todo com as metáforas, seriam os Ki-Taek parasitas que se aproveitam da
ingenuidade dos Kim ou os próprios Ken parasitas que exploram seus funcionários
sem qualquer respeito? Os personagens até se movimentam em determinadas cenas
como vermes parasitas. O cheiro dos funcionários é a marca da pobreza, o
símbolo que diferencia “eles” do “nós”.
Além das metáforas, outro elemento permanente
no filme é a oposição, tudo tem seu contraste correspondente: casa grande x casa
pequena, bairro nobre x favela, rico x pobre, fatura x miséria. Mas, ao
escancarar as diferenças, o diretor não cria a clássica dicotomia de bons x
maus. Não há vilões, todos os personagens possuem qualidades e defeitos, são
humanos. As mazelas vividas são somente efeitos do sistema econômico no qual
vivemos. Os atores desempenham muito bem seus papéis, destaco também o poder
dos enquadramentos, tão marcantes que viram eles também protagonistas. Contudo,
o destaque de Parasita é realmente o tema que aborda, a desigualdade
social gerada no capitalismo. Sendo uma realidade universal, não é de se
espantar o sucesso do filme nas bilheterias internacionais.
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