O hiato do projeto foi longo, mas estamos de volta. Dessa vez vamos galopando para o sul do país, no Rio Grande do Sul*. Esse é um estado especial para mim, queria uma visão diferente do que temos comumente. Ainda não havia conseguido uma indicação que me empolgasse até que, por acaso, soube de Marrom e Amarelo. Na verdade, eu pedi ele sem saber que se passava em Porto Alegre. Uma mais do que grata surpresa.
Colorismo é um dos temas do livro. Esse assunto me empolgou muito por ser algo o que eu tenho refletido sobre há um tempo. Na história temos dois irmãos: Federico, mais velho, com a pele mais clara e Lourenço com a pele escura. Ambos são filhos dos mesmos pais, mas vieram com tonalidades diferentes. O livro gira entorno das relações de poder e racismo que ambos percebem a partir dessa condição, além dos conflitos familiares, amorosos e geracionais.
O narrador da história é o Federico, o que me deixou até bem confortável por poder reconhecer o autor nesse lugar do personagem. Não conhecia o trabalho do Paulo Scott, mas gostei de ver como ele trabalhou bem as questões propostas, sem ingenuidades ou lugares comuns.
Porto Alegre é representada de uma outra forma. Federico circula por dois ambientes que a sua cor, raízes e condições sociais permitem. Começa a vida na periferia da cidade, entendendo e convivendo com a violência e pobreza, vê desde cedo a clara divisão de cor que acontece no espaço. O pai dos meninos é perito da polícia e aos poucos a família vai ascendendo socialmente.
No decorrer da leitura, fica bem clara a crise de pertencimento que o personagem passa e também uma certa culpa por seus privilégios. Conforme ele vai circulando entre os bairros mais pobre e ricos, o personagem vai percebendo que não faz parte inteiramente de nenhum deles. Há uma crescente e desesperada ânsia de se encaixar. Isso vai destruindo algumas relações aos poucos e também firmando os seus ideais.
O ponto com mais força para mim foi a constante tentativa do Federico de compensar de alguma forma a injustiça que ele percebia. Ao se entender como portador de uma situação de aceitação social melhor do que o do resto da sua família e das pessoas com que cresceu, ele sente-se na obrigação de alguma forma mudar isso. Eu consegui ver essas ações na forma como ele desenvolveu seus projetos, sua carreira e a atenção que sempre deu para o seu irmão.
Entretanto, engana-se quem pensa ser essa uma história de white savior. Na verdade, fica claro que ele sozinho não poderia mudar as estruturas da sociedade e só a tentativa de fazer esse trabalho gigante já consumiu muito da sua felicidade. Aos poucos, é mostrado como ele percebe que seria muito mais útil se estivesse lá, perto da sua família para incentivar outros a percorrer esses caminhos e proteger os seus da forma que desse. Não acho que essa seja uma sugestão universal, nem que sempre será o melhor caminho. Na verdade, compreendi que é muito mais uma reflexão sobre como descobrir a melhor forma para você na luta contra as injustiças que nos cercam.
A escrita do Paulo é ótima, me prendeu até em momentos que não tinha nenhum plot twist por vir. Muito mais do que eu poderia esperar.
O narrador da história é o Federico, o que me deixou até bem confortável por poder reconhecer o autor nesse lugar do personagem. Não conhecia o trabalho do Paulo Scott, mas gostei de ver como ele trabalhou bem as questões propostas, sem ingenuidades ou lugares comuns.
Porto Alegre é representada de uma outra forma. Federico circula por dois ambientes que a sua cor, raízes e condições sociais permitem. Começa a vida na periferia da cidade, entendendo e convivendo com a violência e pobreza, vê desde cedo a clara divisão de cor que acontece no espaço. O pai dos meninos é perito da polícia e aos poucos a família vai ascendendo socialmente.
No decorrer da leitura, fica bem clara a crise de pertencimento que o personagem passa e também uma certa culpa por seus privilégios. Conforme ele vai circulando entre os bairros mais pobre e ricos, o personagem vai percebendo que não faz parte inteiramente de nenhum deles. Há uma crescente e desesperada ânsia de se encaixar. Isso vai destruindo algumas relações aos poucos e também firmando os seus ideais.
O ponto com mais força para mim foi a constante tentativa do Federico de compensar de alguma forma a injustiça que ele percebia. Ao se entender como portador de uma situação de aceitação social melhor do que o do resto da sua família e das pessoas com que cresceu, ele sente-se na obrigação de alguma forma mudar isso. Eu consegui ver essas ações na forma como ele desenvolveu seus projetos, sua carreira e a atenção que sempre deu para o seu irmão.
Entretanto, engana-se quem pensa ser essa uma história de white savior. Na verdade, fica claro que ele sozinho não poderia mudar as estruturas da sociedade e só a tentativa de fazer esse trabalho gigante já consumiu muito da sua felicidade. Aos poucos, é mostrado como ele percebe que seria muito mais útil se estivesse lá, perto da sua família para incentivar outros a percorrer esses caminhos e proteger os seus da forma que desse. Não acho que essa seja uma sugestão universal, nem que sempre será o melhor caminho. Na verdade, compreendi que é muito mais uma reflexão sobre como descobrir a melhor forma para você na luta contra as injustiças que nos cercam.
A escrita do Paulo é ótima, me prendeu até em momentos que não tinha nenhum plot twist por vir. Muito mais do que eu poderia esperar.
Região: Sul – Estado: Rio Grande do Sul – Cidade(s): Porto Alegre
Livro: Marrom e Amarelo
Bairros: Partenon, Santana e Moinhos de Vento.
*Eu sei que havíamos combinado Santa Catarina, mas tudo muda pessoal.
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