Quando a Aliança Rebelde derrubou o Império, a princesa Leia acreditava que um longo período de paz iria começar. Mas o que se seguiram foram décadas de brigas sem fim e rixas partidárias no senado da Nova República. Leia, agora uma senadora influente, está perdendo a fé na política enquanto assiste seus colegas no senado, desesperados por mudanças, tomarem medidas que podem destruir o governo igualitário recém-criado. A última princesa de Alderaan torna-se a única esperança da democracia em seu momento mais frágil, mas o passado e o futuro com o lado sombrio da Força a perseguem. O treinamento Jedi de seu filho Ben a preocupa, especialmente depois que ele e Luke param de lhe mandar mensagens, e um dos maiores segredos da família pode vir à tona e colocar em cheque sua credibilidade.
Toda vez que eu pego algum livro de Star Wars ou assisto algum dos filmes sou completamente dominada pela sensação de estar voltando pra casa. Como se voar com Han Solo, lutar ao lado de Leia e crescer entre os diferentes planetas desta galáxia muito muito distante fosse realmente parte de mim. Fato é que eu sou completamente apaixonada por Star Wars e cresci sob a má influência de Leia Organa e, acreditem, ela levaria isso como elogio.
Legado de Sangue é um dos livro do cânone oficial, escrito por Claudia Gray, e temos aqui toda a história focada na Senadora Leia Organa e, principalmente, na instabilidade política que rege a Nova República. Situado cerca de seis anos antes de "Star Wars VII: O Despertar da Força", aqui temos uma explicação sobre a origem da Primeira Ordem, cobrindo as lacunas deixadas entre os filmes VI e VII.
A paz conquistada a duras penas pela Aliança Rebelde parece prestes a ruir e não há nada que a Leia possa fazer. Entre os membros do Senado Galáctico, existem duas vertentes políticas incapazes de se aceitarem entre si. Os Populistas, que tem como principal representante a própria Leia, apoiam a ideia de planetas livres sem nenhuma figura central no governo que detivesse o poder, afinal, o medo de Palpatine e a sombra das atrocidades de Darth Vader ainda são lembrados e são sentidos por todos. Os Centristas, por outro lado, defendem a ideia de um primeiro-senador e a centralização do poder em uma nova capital, esse lado político possui como principal representante Ransolm Casterfo, uma figura emblemática e de crenças inabaláveis e que eu, particularmente, demorei muito tempo para decidir o que achava e se confia nele ou não.
"Estaria acontecendo de novo hoje? Minha mãe assistiu à velha República cair – será que agora é a
minha vez de ver a Nova República desabar?" - Leia Organa
Enquanto a Nova República tenta manter a paz alcançada e decidir qual a melhor forma de governo, as coisas começam a ficar mais complicadas. A disputa política acaba fazendo que muitos planetas sejam negligenciados e que cartéis de tráfico comecem a ameaçar a integridade dos planetas menores e seus moradores. Isso abre os olhos de Leia, mais atentamente talvez, as falhas da forma de governo atual e faz, também, com que ela sinta uma necessidade de fazer algo. Leia está desacreditada da política que foi sua principal ocupação durante a vida toda. Numa mistura de dever e querer fazer a diferença, ela mergulhou neste universo e nunca mais saiu. Agora, mais do que nunca, é hora de voltar a fazer parte da ação e não das intermináveis sessões do Senado que nunca terminam com alguma decisão realmente importante.
Quando um representante de Ryloth, avisa ao Senado Galáctico que seu planeta está dominado por um cartel do tráfico, Leia vê a oportunidade para entrar em ação e ir pessoalmente ao planeta checar o que estaria acontecendo. Porém, o Senado não permitiria que apenas uma senadora populista fosse sozinha fazer a investigação, afinal, tudo precisava ser imparcial. Assim, Leia viaja ao lado de Casterfo para um planeta distante em, é claro, uma gigantesca e perigosa aventura.
O livro é narrado em terceira pessoa, porém, seu foco é na figura de Leia. Vemos os pensamentos mais profundos dessa figura tão importante nos livros e nos filmes. Aqui, ela não é a esposa de Han Solo ou a irmã de Luke Skywalker. Ela é Leia Organa e toda a imponência que seu nome e sua figura representam. Ela domina, ela comanda, ela faz as descobertas, ela se coloca em riscos calculados e faz a história toda acontecer. É o protagonismo que Leila merece e sempre mereceu. Pela escrita de Claudia Gray não temos dificuldade em nos apegar e absorver cada detalhe desses personagens tão bem escritos. As personagens femininas fortes e marcantes dessa história, fazem você ter vontade de acompanhá-las nessa jornada. Personagens como a ex-piloto Greer Sonnel (braço direito de Leia), Joph Seastriker e a jovem de apenas 16 anos, Korr Sella formam o cerne da história ao lado da Senadora.
Casterfo é um personagem complexo dentro da obra e durante boa parte do livro eu não sabia o que pensar sobre ele. Assim como muitos centristas, ele admira a ordem que o Império era capaz de impor e acredita, veemente, que essa ordem precisa ser reimposta. Porém, isso não significa que ele é um adorador do Império de Palpatine e Darth Vader. As conversas com Leia onde ambos se abrem sobre suas respectivas experiências com o Império no poder da galáxia, te fazem entender melhor este contexto e, por isso, um livro focado em Leia é tão importante dentro da saga.
A experiência de Leia e Luke entre seu pai, Anakin Skywalker foi bem distinta. Luke lutou, é claro, por sua vida contra seu pai e perdeu a mão neste processo. Mas Luke pode ver seu pai de redimir e deixar de ser Darth Vader para ser novamente Anakin em "O Retorno de Jedi". Leia, por outro lado, viveu na pele os horrores que o braço direito de Palpatine era capaz de impor. Ela viu seu planeta ser destruído, ela foi torturada. Tudo isso pelas mãos daquele que, pouco depois, ela ficou sabendo ser seu pai. De certa forma, Luke foi capaz de fechar um ciclo dentro de sua história, ele pode ver seu pai novamente e Leia não teve essa oportunidade. Entre dois pesos e duas medidas, Leia sofreu mais do que alguém poderia suportar. Ter esses relatos através de Leia e perceber a magnitude com a qual a personagem sente tudo isso não poderia ter sido mostrado em um filme. Mas Claudia Gray faz isso de maneira admirável nessas mais de 300 páginas.
Para os saudosos de nossos personagens favoritos, C-3PO está sempre ao lado de Leia, Chewie é mencionado dentro da história e a breve aparição de Han Solo vem para matar nossa saudade desse casal que aprendemos a amar a tanto tempo (ou aumentá-la). Aqui temos, também, várias menções a Ben e a preocupação crescente de Leia sobre o filho. Aparentemente, ele saiu em treinamento Jedi com Luke (em algum lugar desconhecido da galáxia) e ambos estão a bastante tempo sem dar notícias. Se no filme "O Despertar da Força" o fato da identidade de Kylo ser bastante difícil de aceitar, depois de ler este livro e pensar que eles, em algum momento, já foram uma família feliz e unida torna as coisas ainda mais difíceis quando sabemos o seu duro final.
O passado e futuro de Leia se entrelaçam dentro do contexto deste livro e as reviravoltas que a história dá, valem a pena cada página da leitura. Quando descobrimos o desenrolar de toda a história e de como existem pessoas ainda tão leais ao Império, mesmo depois de tudo, percebemos que este livro é o mais perfeito encaixe (muito melhor que Marcas da Guerra, em minha opinião) para o filme VII e nos dá respostas sobre o surgimento da Primeira Ordem, o novo Império dentro do contexto dos filmes. Neste livro mais do que surgir das "cinzas do império galático", a Primeira Ordem tem rostos e nomes. É mais palpável e muito bem explicada.
Eu não pude evitar e, durante a leitura, me peguei ainda mais pesarosa pela morte de Carrie Fisher. Se Leia é descrita por sua imponência natural, seu ar de calma mesmo com o mundo desabando, o ser grande como pessoa e ter uma personalidade tão marcante, é inevitável não pensar na atriz que, de forma tão brilhante, deu vida a amada Leia Organa. Sinto que Carrie ficaria orgulhosa com Leia neste livro. Assim como eu fiquei.
Além de tudo isso, Legado de Sangue tem uma curiosidade muito bacana. Rian Johnson, diretor de Star Wars VIII, esteve envolvido diversas vezes neste livro. A ideia de separação entre populistas e centristas e o Incidente do Guardanapo (não explanarei o que é, afinal, é parte importante do livro e vocês precisam ler para descobrir!!!) foram ideias dele. O que me deixa extremamente curiosa sobre os rumos e a história do filme que estreia agora em dezembro!
No mais, este livro de tornou um dos meus favoritos dentro do Universo Expandido de Star Wars e com toda a certeza, vale sua leitura (que vai ser rápida, porque é impossível largar o livro). Como sempre, este livro não é obrigatório para entender o sétimo filme ou algo semelhante, mas ele é um complemento que vale a pena ter para imaginar o cenário que nos é apresentado de uma maneira mais completa.
Que a força esteja com vocês!
Autor: Claudia Gray
Páginas: 360
Editora: Aleph
Lançamento: 2017
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Livro cedido pela Editora Aleph para resenha ♥
PS: Se você ainda está um pouco confuso com o Universo Expandido, aqui no blog tem um post explicando tudo que você precisa saber sobre ele. Basta clicar aqui.
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