A franquia de “Resident Evil” é um dos meus maiores guilty pleasures dentro do cinema. Aqueles filmes que você reconhece as falhas, reconhece que estão longe de serem perfeitos e agradarem a todos mas que você, fã da série (sim), não consegue não gostar. Cinco anos depois de “Resident Evil: Retribuição” (que segue sendo o pior filme da franquia), nossa guerreira Alice (Milla Jovovich) retorna para Raccoon City, onde tudo começou, para tentar conter o T- vírus espalhado pela Corporação Umbrella que dizimou a humanidade transformando todos em zumbis. Como Milla havia nos avisado “Às vezes é preciso voltar ao início para chegar ao fim".
Se a franquia parecia que tinha se perdido nos filmes 4 e 5, aqui Resident Evil nos traz seu melhor filme desde o “Resident Evil: O Hospede Maldito”, finalmente focando no cenário pós apocalíptico e abusando do escuro. Ao contrário dos dois filmes anteriores que focaram excessivamente na “ficção científica”, com cenas em slow motion e objetos voando na tela para valorizar o 3D, aqui a franquia volta para suas origens com direito a monstros novos dos games aparecendo e os zumbis de volta ao foco, nos trazendo o cenário de total destruição humana de “Resident Evil: Extinção” de volta.
O sexto filme se inicia aproximadamente onde o quinto terminou, com Alice sozinha em Washington até ela receber uma ajuda inesperada, descobrir que existe uma cura para o T-vírus que se espalha pelo ar e que a humanidade, que se encontra muito próxima da extinção, pode ser salva. Só tem um detalhe: ela tem apenas 48 para chegar até a Colmeia onde a cura se encontra e liberá-la para o mundo.
A prioridade clara do filme era dar um final para a franquia e explicar a história de Alice dando um encerramento digno para a personagem. Porém, na intenção de dar todas as respostas de forma conectada (e que funciona muito bem), acaba entrando em contradição com a própria franquia, ignorando a história apresentada em “Resident Evil: Apocalipse” com o Dr. Ashford e a invenção do T-vírus. Além disso, algumas coisas incomodam no filme: o desenvolvimento raso dos personagens (ou quase inexistente) impossibilita que você desenvolva qualquer empatia por alguém que não seja Alice e Claire (Ali Larter) que já são velhas conhecidas do público, e as cenas escuras demais com cortes muito rápidos dificultam a compreensão do que está de fato acontecendo no momento, principalmente no 3D (um recurso completamente dispensável nesse filme).
Um dos pontos positivos do filme tem nome: Dr. Issacs (Iain Glen) está de volta como o vilão da história, mesmo que ele tenha sido dado como morto em “Resident Evil: A Extinção” e a explicação para isso faz todo sentido dentro a obra, principalmente quando somado à explicação de todos os planos da Umbrella revelados nesse capítulo final. Iain consegue, mesmo depois de tanto tempo, impressionar ao interpretar o vilão da saga com uma expressão que realmente atinge o telespectador.
A grande sacada do filme foi levar o final para onde tudo começou. Foi muito bom voltar para a Colmeia depois de tantos anos, rever a Rainha Vermelha (Ever Gabo Jovovich Anderson, parece que dom da atuação chegou na próxima geração, viu?!) e o cenário que foi palco para o filme de menor custo e o melhor da série (“O Hospede Maldito”). O clima de suspense somado aos cenários sujos e escuros nos remetem ao primeiro filme da saga e o sentimento que domina o telespectador no Capítulo Final dessa história é a nostalgia por estar de volta.
Alice, que é alma dessa franquia, também está mais humanizada neste filme - embora continue badass- e parece que ela finalmente se aceitou e isso é muito importante para o desenrolar na história. Poder finalmente conhecer o passado de Alice, entender sua história e poder ver a atuação da Milla frente as revelações que a personagem tem nesse filme foram experiências maravilhosas.
O filme não é tão “Capítulo final”como promete o título. Quando ele termina a sensação que fica é: neste ponto da história se eles quiserem fazer mais filmes, eles podem. Porém, se não for a intenção e realmente acabar por aqui, a história foi bem explicada dentro do possível. Foi uma boa forma de terminar essa franquia que a muito tempo já não vinha mais funcionando e, talvez, só tenha chegado onde chegou pelo carisma de Milla, que incorporou a personagem como uma parte de si e neste filme a interpreta com uma segurança palpável. É preciso admitir que muita gente só seguiu com os filmes porque se apaixonou pela Alice e, principalmente, pela forma como ela é interpretada.
Em seu desfecho que explica a criação da Umbrella e em que momento ela virou essa corporação sem qualquer escrúpulo, a história de Alice por completo, criação do T - vírus e o rumo da humanidade, Paul tentou da melhor forma possível amarrar todas as pontas soltas deixadas para trás e nos trouxe flashbacks dos filmes anteriores. Muitas coisas foram ignoradas mas o resultado final ficou uma história que encaixa, que faz sentido e foi um fim bastante positivo para a franquia.
É importante lembrar que Resident Evil nunca foi aclamado pela crítica especializada e/ou fãs do jogo. Mesmo assim, foram 15 anos de franquia "O Hospede Maldito"(2002), "Apocalipse"(2004), "A Extinção"(2007), "Recomeço"(2010), "Retribuição"(2012), "O Capítulo Final"(2017) e não se vê filmes baseados em games que durem tanto tempo. O capítulo final comete seus deslizes mas termina a história de Alice muito bem dentro do possível e nos dá um adeus a uma personagem que eu, sem vergonha alguma, admito que vou sentir muita falta.
PS: Lembrando que Milla e Paul estiveram no Brasil ano passado para promover o filme e se você quiser conferir um pouco do que rolou na passagem deles por aqui, o DDS fez a cobertura! Basta clicar aqui.
PS: Lembrando que Milla e Paul estiveram no Brasil ano passado para promover o filme e se você quiser conferir um pouco do que rolou na passagem deles por aqui, o DDS fez a cobertura! Basta clicar aqui.
TRAILER LEGENDADO
Postar um comentário Blogger Facebook