Grace quer sair de casa. Ela se sente
sufocada pelo padrasto agressivo e pela mãe obsessiva, que a faz esfregar o
chão até toda poeira (que só ela enxerga) sumir. Quer ir embora da cidadezinha
onde mora, na Califórnia, pequena demais para os seus sonhos. Quer fugir da
vida que leva e se tornar uma artista em Paris, uma diretora de teatro em NY...
qualquer futuro que seja distante do medo e da solidão que sente.
Então ela se aproxima de Gavin: charmoso,
talentoso e adorado por todos da escola.
Quando os dois se apaixonam, Grace tem certeza de que aquele romance é
bom demais para ser verdade. Mas suas amigas enxergam bem demais o outro lado
do garoto – controlador e perigoso -, que com o tempo, vai transformar o
relacionamento dos dois em uma prisão, da qual Grace será incapaz de sair
sozinha.
Não é fácil sair de um relacionamento
abusivo. Principalmente daqueles que estão travestidos de salvamento de um
relacionamento tão ruim dentro da sua própria casa.
Grace, depois que a irmã mais velha foi para
a universidade, lida sozinha com o padrasto agressivo e a mãe, que depois que
se casou com o atual marido, começou a ter TOC, e faz a filha limpar sujeiras
inexistentes, cuidar do irmão de 3 anos, e desconta toda a frustração e
infelicidade na filha, assim como o marido.
E ela é aquela garota que sonha em estudar
Artes Cênicas em Nova York, e fugir para o mais longe possível, junto com as
melhores amigas, da família louca que tem, e da pequena cidade sufocante, que
não é o bastante para os sonhos dela. Fã de Rent, de teatro, música e
Shakespeare, Grace é uma garota que ama a arte, a liberdade e tudo que envolve
o teatro. E tem uma paixão platônica pelo astro da escola: Gavin.
O Gavin é tudo aquilo que Grace sempre
sonhou: garoto lindo, charmoso, que toca, faz música, tem uma banda e está
prestes a entrar na universidade. Mas tem namorada, até o momento em que a
Summer termina com ele, e o mesmo tenta suicídio. Os sinais estavam estampados
em sinal vermelho na cara dele: depois que a Summer terminar, ele em um ataque
de raiva tenta suicídio para chamar a atenção da ex. E a própria, depois que
terminou, falava que o cara era intenso, ciumento e controlador.
Mas uma pessoa apaixonada não vê nada disso,
principalmente quando a pessoa que você é apaixonada é um completado
galanteador, usando do clichê para lhe conquistar. E isso foi o perigo da
história. Ela viu no Gavin a chance de escapar de uma casa e vida ruim, e
acabou entrando em outro relacionamento abusivo.
Depois que o relacionamento começou, os
pequenos sinais começaram a disparar. A roupa que ele dizia que combinava com
ela, a proibição de abraçar os amigos homens dela, o ciúme descabido. E até o
problema com a irmã da Grace surgiu. Chegando ao ponto do Gavin ser tão
manipulador, que ela deixou o maior sonho dela para trás, levando com a barriga
dizendo que iria realizá-lo no futuro. E isso me cortou tanto o coração, ver a
Grace murchando aos pouquinhos.
Assim, as amigas dela, e a própria irmã,
começaram a avisar que isso não era normal, que era controlador demais, abusivo
demais e era para ela terminar o namoro, e que elas estariam ali por ela e para
ela. E por mais que ela visse todos os problemas, a Grace adiava e adiava o
término. Surgiu o aviso até do próprio padrasto abusivo, que num momento de clareza
e gentileza, avisou para ela tomar cuidado, e se afastar do Gavin, por que o caráter
e personalidade dele eram de quer controle total.
A Grace começou a se sentir tensa e desconfortável,
pois era sempre sobre ele o relacionamento, era sempre para agradar o Gavin, e
evitar as explosões de ciúmes, ataques de término e volta. Ela se sentia bem só
quando ele saía para a universidade estadual, ou ela saía para algum lugar do
país com o grupo de teatro da escola, para as apresentações.
Essa história vem para nos alertar que o
relacionamento abusivo começa aos pouquinhos, e algumas vezes você nem pode
reconhecer os sinais, ou acabar interpretando como cuidado excessivo, e não é
apenas entre casais, seja ele hétero ou gay. A pessoa abusiva pode ser sua mãe
ou seu pai (ou os dois), seu amigo, ou seu namorado/a. E que para sair disso,
nem sempre você vai conseguir sair sozinho, e é bom sim contar com a ajuda, ou
pedir socorro. Grite, entenda os sinais de que você possa estar em uma situação
abusiva, e peça sim socorro, você não é mais fraca/o por isso.
Gostei bastante da história, de como tratada,
o jeito que a autora levou a história da Grace através dos relacionamentos, e
de como ela saiu do fundo do poço e foi viver a própria vida, e em como ela viveu
tudo aquilo sem quebrar, com a ajuda das amigas.
AUTOR: Heather Demetrios
TRADUTORA: Flávia Souto Maior
EDITORA: Seguinte
PÁGINAS: 416
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