Foi preciso muito
tempo e
coragem para que eu viesse aqui indicar
Nanette para os leitores do DDS. Tempo para maturar a importância do que eu havia assistido. E coragem para falar sobre um tema que me atinge diretamente.

Se você não ouviu falar de
Hannah Gadsby, não se preocupe, provavelmente existem vários como você. Em meio ao vasto catálogo da
Netflix, ela podia passar despercebida. Eu mesmo só fui fisgado pelas várias indicações nos meios mais diversos.
Hannah apresenta seu show,
Nanette, na Ópera de Sidney e, em um primeiro momento, você pode até achar que será mais um
stand-up meia-boca. As piadas inicias, de forte tom
feminista desde o começo, nos fisgam e enganam. O que acontece é que durante a apresentação somos surpreendidos com uma história pesada e importante.
As piadas inicias,
de forte tom feminista desde o começo,
nos fisgam e enganam.
Disse no começo do texto que eu era um dos atingidos pelo tema. De início eu nem percebi isso, mas com o passar da apresentação, vi o quanto eu me incluía e como aquilo era importante para mim. Em determinado momento ela chega a dizer: "Se você, homem, branco, hétero, está se sentindo atacado por esse show, ótimo, você era o alvo!"

Tenho muita sorte de ter uma namorada feminista que, diariamente, abre meus olhos para aquelas atitudes que eu poderia não notar um mal, mas que estou agindo de uma forma errada. Tendo crescido em um meio altamente machista, ver determinadas falas de
Hannah me afetavam diretamente, por me fazer pensar em cada atitude que pode ter ferido alguma mulher no decorrer de minha vida.
"Ah, mas não me encaixo nesse grupo". Ok, o show segue sendo pra você! Seja você quem for, independente de gênero, religião ou opções políticas, você deveria ver essa aula que
Hannah tem para nós. Ela se desconstrói e se reconstrói em frente as câmeras. Faz uma autoavaliação do início de sua carreira e do futuro.
Ela se desconstrói
e se reconstrói em frente as câmeras.
Hannah choca, emociona e até mesmo consegue divertir (quando ela tem esse objetivo, para nos fisgar). Ela amadurece em frente à tela, enquanto se posiciona sobre os mais diversos pontos que permeiam seu universo particular. Tendo nascido na
Tasmânia, país que considerava a homossexualidade um
crime até 1997, ela era diariamente afetada por todo ambiente que vivia. Afinal, ser lésbica era cometer um crime. São coisas que muitos de nós somos incapazes de conceber. Imagine você ser um criminoso apenas por ser quem você é, por sua orientação sexual. Pesado, muito pesado...
Arrisco dizer que, como muitas coisas importantes, esse show irá passar despercebido por aqueles os quais ele teria um peso maior. Mas não importa. Eu preciso dizer para todos: ASSISTAM NANETTE!
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