

Um serial killer com poderes paranormais está assassinando evangelistas famosos — e os vídeos de cada um deles sendo torturados ganham cada vez mais público na internet. O assassino se proclama o novo messias, e os pecadores devem temer sua justiça. O que a Sociedade de São Tomé teme, no entanto, é que ele acabe com o trabalho de séculos de manter o sobrenatural bem afastado da consciência da população, embora seres mágicos povoem o submundo da cidade.
Para garantir que o assassino seja capturado e o máximo de discrição mantida, a Sociedade convoca Judas Cipriano — um padre indisciplinado, descendente de são Cipriano e herdeiro de alguns poderes celestiais. Veterano nesse tipo de caso, o padre é enviado para trabalhar como consultor da Polícia Civil e fica responsável por apresentar à jovem inspetora Júlia Abdemi o lado místico da cidade.
Para resolver o caso — e sobreviver —, os dois precisarão de toda ajuda que puderem encontrar... O que inclui se unir a uma súcubo imortal, um dragão chinês traficante de armas mágicas e um gárgula que é a síntese da sociedade carioca.

A mitologia é um tema tão grandioso e vasto que fica quase impossível você saber tudo sobre uma determinada área. Levando em conta a vastidão de religiões e crenças que o mundo produziu, isso se torna ainda mais hercúleo. Mas em um mundo com centenas de histórias sobre gregos, egípcios e nórdicos, a mitologia angelical não tem tanto espaço. Deuses Caídos tenta redimir isso.
Sendo um fã de Eduardo Spohr e sua Batalha do Apocalipse, fico atento a qualquer produção que se refira à Anjos e Demônios. Afinal, fé à parte, existe uma vastidão de possibilidades dentro dos mitos que remetem à cristãos, judeus, entre outras religiões que partilham o mesmo cerne. Em Deuses Caídos temos uma narrativa que se aproveita de tal repertório para ir além.
Sem limites, sem papas na língua, o livro nos mostra uma lado nada romântico desse tema. Com uma ambientação no Rio de Janeiro e tendo como protagonista um Exorcista nada tradicional, Gabriel Tennyson extrapola o limite várias vezes para ser o mais crível possível.
Acompanhamos uma história que poderia realmente ocorrer em nossos dias. Deixando de lado toda a trama demoníaca e paranormal, quem é capaz de afirmar que não teríamos centenas de pessoas votando para ver um membro religioso (seja de qual religião for) corrupto sendo crucifixado, por vezes literalmente?
Mais interessante ainda é a utilização de uma mitologia mais vasta e poucas vezes vista durante a aventura. Temos desde fadas à dragões, de golens à sacis. Sem dúvida o lado brasileiro do autor deu uma incrementada na criação de alguns personagens que recebem personalidades tipicamente brasileiras.
Esteja pronto para um livro tenso, pouco ortodoxo e cheio de palavrões. Com uma aventura onde ninguém está a salvo, religiões são reconstruídas e blefes são usados, Deuses Caídos não é um livro leve, mas está longe de ser de difícil leitura. Com um final à la Homem de Ferro, temos uma premissa interessante para o futuro e espero realmente que Tennyson nos mantenha dentro desse universo que pode se expandir indefinidamente!
TÍTULO: Deuses Caídos
AUTOR: Gabriel Tennyson
EDITORA: Suma de Letras
PÁGINAS: 300
ANO: 2018
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