Guilhermo Del Toro é aquele diretor que é difícil não gostar. De Labirinto do Fauno, passando por Hellboy e chegando à Círculo de Fogo, seus filmes viajam pelo fantástico e monstruoso, com ótimas história, além de visualmente bonitos. Porém lhe faltava um Oscar. E ele o buscou com uma simples história de amor.
A Forma da Água une dois mundos que Del Toro domina bem. A arte de contar uma história e a criação de um monstro. Vemos a criatura em detalhes, justamente para entendermos seu papel e nos conectarmos à ela. Também acompanhamos muito bem Elisa e sua jornada. Dessa forma, somos levados a aceitar tudo que vai se desenrolando no filme.
A trama nada mais é do que uma reedição do filme Monstro da Lagoa Negra, (1954), mas com um viés mais romântico. Porém os personagens não são completamente unilaterais. A Criatura era um deus para seu povo, mas nem por isso é benevolente. Elisa não é uma moça pura dos anos 60. Mesmo o vilão não está em busca de destruir um amor, mas ela é resultado de ser um homem perturbado e complexo.
A trama necessita de algumas suspensões de descrença. Como aceitar que duas faxineiras teriam acesso aos mais secretos laboratórios. Mas quando aceitamos que é uma história de fantasia, tudo se encaixa. Passamos a entender a atração dos protagonistas e o porque seus amigos os ajudam.
O filme não era nem de longe meu favorito ao Oscar (já falei disso nesse texto O Vencedor Moral do Oscar), mas devo aceitar suas virtudes. Bem construído, grandes atuações e visualmente bonito, A Forma da Água foi o tiro certeiro de Del Toro em busca de seu primeiro Oscar.
A Forma da Água é um filme sobre romance, com os verdadeiros monstros escondidos e com um pano de fundo rico, mas não explorado. Tem seu objetivo claro e um público alvo não tão bem definido, talvez justamente por isso que atraia os mais diversos espectadores a consiga se disseminar como uma produção digna de atenção.
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