Estrela D’Aplièse está numa encruzilhada após a repentina
morte de seu pai, o misterioso bilionário Pa Salt. Antes de morrer, ele deixou
a cada uma das suas seis filhas adotivas uma pista sobre suas origens, porém a
jovem hesita em abrir mão da segurança de sua vida atual.
Enigmática e introspectiva, ela sempre se apoiou na irmã
Ceci, seguindo-a aonde quer que ela fosse. Agora, as duas se estabelecem em
Londres, mas, para Estrela, a nova residência não oferece o contato com a
natureza nem a tranquilidade da casa de sua infância. Insatisfeita, ela acaba
cedendo à curiosidade e decide ir atrás da pista sobre seu nascimento.
Nessa busca, uma livraria de obras raras se torna a porta de
entrada para o mundo da literatura e sua conexão com Flora MacNichol, uma jovem
inglesa que, cem anos antes, morou na bucólica região de Lake District e teve
como grande inspiração a escritora Beatrix Potter.
Cada vez mais encantada com a historia de Flora, Estrela se
identifica com a aquela jornada de autoconhecimento e, pela primeira vez está
disposta a sair da sombra da irmã superprotetora e descobrir o amor.
“O carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro.”
Esse foi aquele tipo de livro que assim que você bate o
olho, parece que ele te chama, falando “Me escolhe, me escolhe.” E você não se
arrepende em nada da tê-lo escolhido, pela beleza da história, da construção
dos personagens, e de toda a obra. O jeito que a autora escreveu a história me
encantou de um jeito!
Então, nesse terceiro livro, numa série que, eu acho, vai
ser de sete livros, somos apresentados à Estrela, e temos vislumbres da personalidade
da Ceci, irmã da Estrela. Assumo que não gostei da Ceci logo de cara, e olha
que a história dela me interessa. Não se foi por que a gente viu tudo pelos
olhos da Estrela, e a necessidade da Ceci de estar sempre junto, me sufocou
também. E olha que tem até uma certa explicação astrológica, pois a autora da
série está escrevendo os livros se baseando nas 7 plêiades e no conjunto de
estrelas formado no céu, a correspondente da Estrela no céu fica um pouco
escondida atrás da estrela que corresponde a Ceci.
E esse é um dos pontos chaves do livro: mostrar que, por mais
que a Estrela tenha crescido sendo um pouco obscurecida pela irmã, e como
sempre a Estrela foi calada, se dedicando muito as paixões como a botânica e
leitura, ela se deixava levar pela intensidade da Ceci. Então, a história desse
livro veio mostrar como a Estrela conseguiu se libertar disso tudo, e abrir o
próprio caminho, ao descobrir a própria história através da livraria, e dos
diários da Flora MacNichol, a Londres no começo do século XX, e de vários
personagens maravilhosos.
A partir dessa procura dela pelo passado, nos é apresentada
a livraria, e a família do Orlando: o Mouse, Rory (não a de GG, mas um menino
de 5 anos que é a coisa mais fofa e maravilhosa) e Marguerite, já que a Estrela
é convidada a passar um fim de semana na casa em Lake District, onde a Flora
morou décadas antes. A partir daí ficamos mais íntimos da família e da Estrela.
A personagem com quem mais me identifiquei, óbvio, foi a
Estrela. Ela tem muito de mim: reservada, ama ler, e, de alguma forma, viveu nas
sombras até começar a se libertar através da família do Orlando, pois é o
local onde ela se sente plena e mostra seu verdadeiro eu. Ao passo que ela
conhece mais a fundo essa família tão diferente, e porque não, meio
disfuncional, doida e alegre, com exceção do Mouse, que se mostra bem
carrancudo e chato no começo, não sem motivos, ela recebe a primeira parte da
história da Flora. Assim que ela embarca na leitura, somos colocados na Londres
de 1900, e como amei ver um vislumbre dessa época.
Assim, começa o desenvolver de fato da personalidade da
Estrela, enquanto ela vai descobrindo mais da Flora, de si mesma e da família
do Orlando. Ela vai se libertando da sombra da irmã, e desabrochando
lindamente, ainda que num processo lento. Assim como todos à volta dela também
começam a mudar, a se tornarem melhor, a descobrirem a si mesmos. Como disse, o
Mouse e o Orlando mais pra frente, a Estrela também mudou drasticamente a
família.
Falando na Flora, eita história que tem reviravolta viu. A
pobre sofreu pouco, credo. Toda hora eu queria abraçar, cuidar, amar, fazer
qualquer coisa pra ela não sofrer tudo o que sofreu. E o parentesco dela com
algumas pessoas de grande escalão da nobreza inglesa e a história da ligação
dela com a Estrela são de cair o queixo. Eu achei muito pertinente e, para mim, a
Estrela tem ligações com a nobreza sim, mesmo que não seja de sangue. E
detalhe: ela tem parentesco de sangue com toda a Marguerite, e com o Rory.
Mesmo que seja tipo prima de, sei lá, terceiro grau.
Agora, sobre o Mouse e a Flora: o quanto esses dois
cresceram, mudaram e melhoraram. Foi tão lindo o desenvolvimento deles durante
a história e o final foi apenas amorzinho demais. Enfim, o desenvolvimento
deles, de como ela finalmente se libertou e conseguiu brilhar por conta
própria, achar o amor, e ainda achar a mãe e finalmente conhecê-la, ter uma
ligação, foi tudo maravilhoso.
Finalizando: eu amei o livro, a construção da história, os
personagens, e etc. E ficou uma dúvida: se a história for 7 livros, quem é a
sétima irmã? E quem é de verdade o Pa Salt? Bom, para isso eu só acho que vou
ter que falir ao comprar os livros pra ler, certo?
Editora: Arqueiro
Páginas: 512
Ano: 2016



