O que esperar de uma série policial, baseada em um livro sueco, a qual a Fox disse que seria o "novo House", estrelada pelo talentoso e carismático Rainn Wilson, com um protagonista anti-herói, que é um Detetive brilhante que trabalha em Portland, uma das cidades mais ecológicas do mundo? Após tantos adjetivos, se espera no mínimo uma série ótima. Aliás, qualquer coisa feita na Suécia geralmente costuma ser boa. E diante de toda essa expectativa criada em torno de Backstrom, sua estreia acabou se tornando uma decepção.
Backstrom é tudo o que a TV americana não precisava. É "mais do mesmo". Mais um procedural policial, com personagens fracos (com felizes exceções), um roteiro saturado por superficialidade (também com momentos de felizes exceções) e um protagonista que acabou por ser bem menos carismático e autêntico do que o esperado. Aliás, até com uma personalidade que soou forçada em um primeiro momento.
Mas seria hipocrisia afirmar logo de cara que é uma série ruim - aliás, o piloto não foi ruim, só que também não foi bom. Apenas um episódio não define a qualidade de uma série. Não adianta beber apenas um gole da taça de vinho, dizer que não gostou e esquecer do resto, como fazem os degustadores. Nós seriadores, também somos degustadores, mas precisamos beber toda a taça, para depois darmos nosso gabarito e definir se é bom ou ruim. E se no final gostar, beba outra taça também, se a emissora não cancelar nosso vinho por falta de degustadores. Depois de apresentar a vocês os defeitos da série, aproveito a analogia que fiz há pouco, para pontuar três qualidades de Backstrom, que podem fazer com que o vinho melhore nos próximos goles:
1 - A atuação do Rainn Wilson é espetacular. Ele é definitivamente um ator acima da média. Poderiam argumentar que ele merecia coisa melhor. Talvez. Mas não anula o fato de que sua atuação no piloto foi ótima. Aliás, quem assistiu Six Feet Under e lembra do personagem dele, Arthur, pode notar que a personalidade dele e do Backstrom são completamente opostas, o que prova que Wilson, além de bom ator, é versátil.
2 - O protagonista é promissor. Ele pode não ter conquistado a total simpatia do telespectador, pode ser extremamente preconceituoso e antissocial, e seu método de se imaginar na mente de outras pessoas pode soar um pouco cansativa, mas não dá pra negar que é um bom personagem, e que tende bastante a melhorar, quem sabe até se tornando mesmo um novo House, aquele babaca arrogante que todos amamos.
3 - Apesar de num modo geral, ter um roteiro saturado por superficialidades, o caso policial do episódio foi bem-construído e coerente. Como a primeira temporada não terá muitos episódios, há sim a possibilidade de todos os casos manterem o mesmo nível, ou quem sabe até melhorar.
Enfim, Backstrom começa "mediana", tanto em qualidade, quanto em audiência. Se a série melhorar, só acompanhando-a para saber. E apesar de todos os seus defeitos, fica aqui minha torcida para que os roteiristas saibam aproveitar melhor o potencial de sua história e de seu personagem central.
A 1ª temporada terá 12 episódios, e além de Rainn Wilson, conta com Genevieve Angelson, Kristoffer Polaha, Page Kennedy, Beatrice Rosen e Dennis Haysbert em seu elenco principal.