Quando cair o verão e outras histórias é um livro de contos inspirados em episódios da série britânica Doctor Who, que em novembro de 2013 completou 50 anos no ar. A obra reúne três contos: Quando cair o verão, de Amelia Williams; O Beijo do Anjo, de Melody Malone; e O Demônio na fumaça, narrado pelo Sr. Justin Richards. O livro traz ainda uma rara entrevista com Amelia Williams, a reclusa autora de A garota que nunca cresceu, e uma nova introdução escrita por ela.
Inspirado no episódio The Bells of Saint John, Quando cair o verão narra a história da jovem Kate, que passa suas férias na vila litorânea de Watchcombe e está determinada a aproveitar ao máximo sua última semana de folga. No entanto, ao descobrir uma misteriosa pintura chamada “O Senhor do Inverno”, ela viverá aventuras que jamais poderia ter imaginado.
Em O Beijo do Anjo, inspirado em The Angels Take Manhattan, a detetive particular Melody Malone recebe uma visita inesperada: o astro de cinema Rock Railton. Ele acredita que alguém quer matá-lo e, quando menciona “o beijo do anjo”, Melody aceita o caso. E com o passar do tempo, a detetive logo descobre que o preço da fama é maior do que ela poderia imaginar.
Narrado por Justin Richards e inspirado pelo episódio The Snowmen, O Demônio na fumaça, é um thriller no qual dois garotinhos, cansados de limpar a neve do pátio do orfanato, decidem fazer um boneco de neve — e se deparam com um mistério brutal. Fascinados e horrorizados, testemunham quando o boneco de neve começa a sangrar. A busca por respostas levará Harry, um dos meninos, à aventura mais perigosa e empolgante de sua vida.
O livro é composto por uma introdução (que é perfeita e maravilhosa!) e mais três contos: Quando cair o verão, O beijo do anjo e O demônio na fumaça. Cada conto com seus personagens únicos. Também há, no final, uma pequena entrevista com Amy Willians, AKA Amy Pond (irão perceber que AKA irá aparecer várias vezes por aqui).
Não quero estragar a surpresa de vocês com a introdução, por isso, basta dizer que é escrita e tem a presença de nosso casal preferido: os Ponds, ou Willians, como estão usando no livro. E também que há a presença de outro personagem conhecido pelos fãs de Doctor Who e que só será reconhecido se você prestar bem atenção no recado deixado ao fim da introdução.
Mas, deixando a introdução de lado (sim eu estou apaixonada por ela), entramos no mundo de Quando cair o verão, onde somos apresentados a Kate, uma criança que acabou de se mudar, junto de sua mãe, para Watchcombe, uma cidadezinha litorânea e está em sua última semana de férias. Junto com um personagem misterioso chamado O Curador (que ela apelida de Barnabás) e outras duas crianças, Kate tem a missão de trazer o verão, e os adultos, de volta a Watchocombe, enfrentando o Senhor do Inverno.
O segundo conto chamado O beijo do anjo tem como personagem principal, e bem egocêntrica, a conhecida Melody Malone. Em momento algum o nome River Song é citado no conto, mas é impossível não chegar a essa conclusão depois do primeiro capítulo. O beijo do anjo é um típico conto policial da década de 30, com personagens caricatos e com a protagonista mais divertida do livro. Durante o conto, Melody é contratada para ajudar Rock Railton, que acredita que alguém o quer morto. Munida de seu batom preferido e de tiradas incríveis, ela acaba enfrentando um dos vilões mais temidos: um Anjo.
O terceiro, e último, conto é O demônio da fumaça. Contando com três personagens já conhecidos do público Whovian: Madame Vastra, Jenny e Strax (que consegue ser o Sontaran mais engraçado do universo!), o conto irá tratar de - dã- um demônio de fumaça e como uma garoto, Harry, acaba se metendo na confusão de uma vida.
Por último, como disse antes, temos uma entrevista com a autora de A garota que nunca cresceu, ou seja, Amy Pond. Eu esperava algo tão incrível quanto o que aconteceu na introdução, mas é um trecho pequeno de uma entrevista onde podemos sentir o casal Pond já adaptado com a vida no passado e cuidando muito com o que diz e fala. Ah! E a busca de uma jovem garota perdida pelas ruas de NY... Whovians entendendo tudo, certo?

Com a introdução mais incrível que li em muito tempo, com muito Wibbly Wobbly Timey Wimey, e com três contos maravilhosos, Quando cair o verão é um livro perfeito para todos os fãs de Doctor Who.
Quando encontrei o livro na Saraiva de Porto Alegre em minha feliz visita à capital, eu nem ao menos li a sinopse ou chequei o preço, ele logo foi colocado entre a pilha: vai voltar comigo para casa. Vocês já devem ter uma noção do motivo. Era um livro de Doctor Who e isso me bastava.
Na mesma noite eu decidi ler a introdução e, quando terminei-a, eu não pude deixar de pensar: pelas barbas de Merlin! E a todos que estão em dúvida se devem ou não lê-lo, eu apenas digo: leia a introdução e depois venha conversar comigo. A introdução é, sem dúvidas, uma ótima maneira de nos mostrar o que veremos a frente. Acredite, fez minha cabeça explodir com a criatividade. E com o Wibbly Wobbly Timey Wimey, como diria nosso velho amigo.
Depois do que li na introdução eu já esperava um grande livro e não me decepcionei. Por mais que, terminando o primeiro conto, eu já estivesse desanimada, os dois últimos fluíram muito melhor, talvez porque os personagens já me fossem conhecidos e amados.
O conto Quando cair o verão, que dá nome ao livro, me deixou dividida. Tem um enredo clássico de Doctor Who, uma história que eu poderia imaginar acontecer em um especial de natal sem problema algum, mas eu não colocaria o episódio dentre meus favoritos. Kate é uma personagem forte e decidida e, mesmo sendo mais nova que eu, com toda certeza é mais responsável e bem menos impulsiva, coisas que não esperamos de uma criança. Logo somos apresentados ao Curador, AKA Barnabás, AKA Doctor, por mais que isso seja algo que apenas leitores irão deduzir por meio de algumas partes do livro. Porém a aventura me deixou, sem ter outro termo, com sono. Foi um conto mediano, com pouca presença de Barnabás e bem mais focado em Kate e as outras duas crianças. Teria sido muito bom Kate conhecer a TARDIS, ou saber que não era bem magia que estava causando todos aqueles transtornos. E que ela não precisava ser uma adulta antes da hora. Mesmo assim, Kate é uma legítima acompanhante do Doctor, isso não posso negar, e há momentos cômicos feitos para dispersar a tenção que são bem divertidos.
Depois dessa pequena decepção com o primeiro conto, O beijo do anjo sambou eternamente. Com uma das minhas personagens favoritas da série como protagonista, o conto foi tudo que eu esperava e muito mais. Melody Malone AKA River Song está estagnada na década de 30 sem muita explicação do motivo e é uma detetive, a única detetive, da agência de Detetives Anjo. Sua personalidade continua a mesma, impossível de ter dúvidas quanto sua "verdadeira" identidade. E as tiradas são ÓTIMAS! Eu me peguei várias vezes dando gargalhadas dentro do ônibus quando lia alguma coisa como: eu sempre fui boa com chaves de fendas. Ou comentários sobre o futuro. Ou, quando ela diz que o médico não era um doutor que era iria se consultar, e que consultar nem era a palavra certa. Como vocês podem perceber, o conto foi cheio de tiradas que apenas Whovians conseguiriam captar e falha em possuir em um enredo onde qualquer pessoa entenderia o que está se passando. Com um Weeping Angel como verdadeiro vilão, que é o meu monstro favorito de toda a série, o conto é baseado no episódio The Angels Take Manhattam e com muito louvor faz referência ao episódio, afinal, New York é a cidade que nunca deveria piscar (minha cabeça explodiu com essa frase final!).
Com o excelente conto de Melody Malone, eu já esperava que O demônio da fumaça não superasse. Mas foi por pouco! Strax estava mais cômico do que nunca, e Madame Vastra tinha um toque de Sherlock Holmes que apenas me fez amá-la mais um pouco. Jenny, que muitas vezes parece apagada no conto, ressurge nos melhores momentos. Admito que esse trio nunca me fez a cabeça e que eu não os achava interessantes quando via episódios da série nos quais eles apareciam. Porém, depois desse conto eu precisei repensar nas minhas opiniões e, apenas para afirmar que eu estava errada, veio o episódio um da oitava temporada. Bem Harry foi o legítimo humano que se mete em confusões com alienígenas e, por mais que algumas decisões que ele tomou tenham me dado nos nervos, consigo entender o motivo e aceitá-las. O que fez que o conto não se saísse tão bem foi o vilão escolhido: a névoa. Ou uma criatura feita de névoa. Bem, não convenceu. Pelo menos pra mim. Não sou fã de "achismos", mas acho que, pelo conto ser baseado em The Snowmen ele vem antes do episódio, já que a última frase faz referência ao Natal e crianças brincando na neve.
Vou ser o tipo de leitora chata que tem uma ordem de favoritos: O beijo do Anjo, O demônio da fumaça e, por último, Quando cair o verão. Isso sem contar com a introdução. Sim gente, estou apaixonadíssima por ela, superem isso!
O livro também conta com uma entrevista com Amy Pond. É bem humorada e cheia de referências para fãs da série e com um final lindo que irei transcrever aqui se me permitem:
- O quê? - pergunto - Você acha mesmo que a heroína de seu livro está por aí? Uma garotinha perdida com mágica na ponta dos dedos?
Ela abaixa o sanduíche e olha para mim. Tem lágrimas nos olhos.
- Acho, sim.
Enfim, eu recomendo o livro a todo fã de Doctor Who. É divertido, rápido de ler e nos deixa com um gostinho de quero mais após os últimos dois contos. Você desejava ter um livro todo de mais de 600 páginas de Melody e outro para Madame Vastra e seus dois companheiros. Um ótima leitora, vou ali voltar para TARDIS que tá na hora de um novo episódio! Até a próxima.
AUTOR: Amelia Williams
NÚMERO DE PÁGINAS: 188
EDITORA: Suma de letras
LANÇAMENTO: 2014