“Minha cara, não existe lugar com mais magia e superstição no cotidiano do que as ilhas escocesas.”
A série cumpriu aquilo que era esperado no piloto, provavelmente fez até um pouco mais. Ela conseguiu dividir muito bem o episódio e deixar a ligação entre os dois séculos bem construída. A história do casal que finalmente conquistou a paz e está curtindo uma nova fase na vida após uma separação forçada de cinco anos poderia ser dramática, mas a personagem trouxe em vários momentos uma leveza que só alguém tão profunda assim consegue passar, como naquele momento em que ambos saltavam na cama.
Toda a introdução que a primeira parte fez, deu sentido aos acontecimentos do outro século. O mais interessante foi ver Claire, uma sassenachs, ao lado dos escoceses. A Sra. Randall foi antes de qualquer coisa uma Beauchamp. Criada por seu tio, não se deixou levar pelas frescuras e modos de muitas mulheres de sua época. Interessada por botânica, diferente das outras meninas e com conhecimento medicinal, não é do tipo que se deixa abater por pouco. Sem medo de lugares velhos e escuros, sangue ou histórias de terror nem mesmo de se sujar, ela sabe o que quer e isso a preparou para a guerra, ou no caso, para as guerras.
Gosto de histórias com mulheres fortes, destemidas e independentes, costumam assumir bem a linha de frente e proporcionar bons shipps. Porém, nesse ponto eu fiquei com uma dúvida, será que Claire irá ser a única mulher que vai aparecer de forma fixa nos episódios? Pois durante 1h não vimos nenhuma outra mulher para fazer uma conexão entre o passado e o presente. Em compensação tivemos pretendentes para ela de todos os tipos, nacionalidades e épocas. E isso me deixou tão dividida!
Quando fomos apresentados ao casal, não parecia haver nada que pudesse superar aquela relação. Eles eram fortes juntos, tinham passado por uma guerra e ao mesmo tempo em que ambos se aventuravam por lugares como crianças curiosas com medo de ser apanhados no ato, também mantinham uma conexão muito forte através do sexo e da cumplicidade e respeito pelos interesses um do outro. Então no otherside a história muda.
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“Eu ainda teria feito a mesma escolha” |
Primeiro somos enganados com a aparição de Jonathan, que se provou um verdadeiro covarde. Então apareceu um escocês para salvá-la naquele momento tenso, as coisas pareciam estar fazendo sentido. Mas não, nesse caso o cavalheiro não veio montado em um cavalo para salvar a dama. Algumas vezes ocorre exatamente o oposto. A dama acaba sendo a pessoa preparada que vai estar lá para colocar o braço do
nada cavalheiro no lugar.
[Alerta de kilt] Jamie apareceu na série só para calar a minha boca. Já estou
shippando esses dois loucamente.
Bom foi ver que o personagem do Frank (e o ator) não acabou ficando para trás, conseguiram usar do seu antepassado e de sua carreira como historiador para dar o tom dramático à história. Até mesmo a profecia e a história do vaso, com todos os “If” que surgiam enquanto ela contava a sua própria história, caíram muito bem com o clima de fantasia. A série dá uma grande lição quando mostra que as coisas podem até ter a mesma aparência, mas um contexto grandioso como o tempo, pode ser a diferença entre dois destinos completamente diferentes.
“Tudo o que era eu se foi. Cante uma canção de uma moça que se foi” O que falar dessa introdução?!" Bear McCreary compôs uma versão especial de "The Skye Boat Song" para a série com a letra adaptada para a trama, cantada por Raya Yarbrough.
P.S.: Todas as observações e especulações aqui feitas não levam em consideração os acontecimentos do livro. Antes da série eu não conhecia a saga, com certeza pretendo ler logo!