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Unknown Unknown Author
Title: [REVIEW] RECTIFY - S02E01: RUNNING WITH THE BULL
Author: Unknown
Rating 5 of 5 Des:
"Você olha para a vida como se fosse um fardo. A vida é uma dádiva, irmão, uma dádiva."  Rectify voltou para sua segunda ...

"Você olha para a vida como se fosse um fardo. A vida é uma dádiva, irmão, uma dádiva." 

Rectify voltou para sua segunda temporada, depois de um longo tempo de espera, conseguiu satisfazer tudo que eu esperava dessa premiere, sendo pra mim, o melhor episódio da série. Muitos achavam que ela poderia decair depois de sua ótima estreia no ano passado, mas ela veio pra mostrar que o canal Sundance está com tudo nos dramas. Quando eu digo que Rectify não é apenas uma série, muitos podem discordar, mas desde "Six Feet Under" não vejo algo tão profundo, pesado, dramático, e arrisco até dizer que supera em vários quesitos. Essa série sabe mexer com o seu público, não deixando a desejar em nenhum aspecto. 

Se eu tivesse que escolher apenas uma palavra para definir esse episódio, seria, redenção. Redenção do que exatamente? Daniel sofreu tanto em sua vida, tanto tempo preso, para depois ser inocentado de um crime que ele não cometeu, ou cometeu? A perfeição da série se encontra no momento em que, o fato de ele ter cometido ou não o crime, não é o foco principal, e sim, como voltar a viver depois de tanto tempo encarcerado? Tentar se "redimir" aos olhos da sociedade, conviver bem consigo mesmo, viver, ser livre. Ao final da sua primeira temporada, Daniel é espancado pelo Bobby e seus amigos, irmão da garota que ele é acusado de ter assassinado. Nessa volta, vemos como a família reagiu a tudo isso, como vai ser enfrentar essa barra de ter que estar do lado dele ali no hospital, apoiando, o coma, toda essa situação e tudo ao seu redor. 


Uma das coisas que eu mais gosto em Rectify, é a personalidade de cada personagem, e como elas se encaixam perfeitamente. Amantha, desde o início da série, vem se demonstrando aquela que está ali pra tudo pelo Daniel. Ela se colocou praticamente no lugar de mãe, sendo uma leoa, qualquer um que tenta magoá-lo, lá está ela fazendo seu papel. Vejo nela, uma pessoa que reprime muito as emoções, ela contrai todo aquele drama que está passando e muitas vezes o transforma em raiva, ódio, tentar solucionar alguma coisa, não querer demonstrar que ela está fraca naquele momento. Daniel é seu porto seguro, se tornou uma das maiores motivações pra vida dela. Tawney é a luz, vem crescendo demais na trama, se tornando essencial para os momentos de motivação de vida para o Daniel e a família, com suas crenças, ela vê sempre o lado bom das coisas, nas pessoas, não tem como ver essa moça se expressar e não se emocionar junto. Janet, todos entendemos o lado da mãe, passar todo esse tempo sem ter seu filho ao lado, e depois acontecer esse baque, é algo que mexe com qualquer um, mas nesse início, você percebe uma diferença de comportamento depois dos acontecimentos com o Daniel.

Rectify consegue fazer um drama até em uma cena com chocolate de tartaruga. Quando falo da perfeição que essa série se encontra, ainda é pouco pra descrever. O modo como ela vem tratando já nesse início essa volta a vida do Daniel, mesmo estando no seu coma. 

As melhores cenas do episódio, vem com os pensamentos de Daniel, que está no coma, e reencontra Kerwin, que é o melhor personagem secundário da série pra mim, mesmo já estando morto em realidade. Essas aparições, como "lembranças" para o Daniel, soam com uma complexidade magnífica, porque ele não está necessariamente lembrando daquilo, está vivendo em forma de sonho, conversando com seu eu interior demonstrado pelo próprio Kerwin, seu único e verdadeiro amigo. O momento em que eles se encontram, começam a discutir sobre a vida, sobre essa jornada de qual não sairemos vivos, mas que poderemos desfrutar ao máximo, é incrível. Como diria Daniel, sete dias fora de lá, é estranho porque cada dia, parecia uma vida inteira. A demonstração da estátua quebrada, pode ter sido uma analogia com a situação do Daniel, ele estar desconcertado, esperando um reparo, uma "cola", como um ato de redenção, viver o que não foi vivido, ser humano novamente, se sentir, vivo. 


Tenho medo de ver Rectify e não perceber tudo que a série quer mostrar, pois cada cena que vejo novamente, pego algo que não notei anteriormente. Lição de vida acho que é pouco para qualificar ela, te deixa em um estado entre a depressão e a procura da felicidade, profundo demais para ser apenas uma série. Hoje, é o melhor drama da televisão em minha opinião, e essa temporada tem tudo pra ser fora de sério, espetacular, faltarão palavras... Quero terminar com mais um monólogo do Daniel juntamente com Kerwin. 

Daniel: "Eu só... Eu não acho que eu consigo fazer isso. Tudo por aqui é tão complicado, existe muita dor, e ódio. Eu acho que talvez eu esteja, quebrado demais, sabe? Apenas muito quebrado." 

Kerwin: "Uma das coisas que me ajudaram a seguir em frente no corredor, foi talvez, a esperança de que você sairia um dia, Danny. Mas era só eu, sabe? Eu vivendo através de você. E eu nunca senti inveja de você, nenhuma vez. Eu estava grato por ter alguma coisa pela qual ter esperanças, mesmo se fosse pela vida de outra pessoa. E quando eu percebi isso, quando eu fiquei consciente disso, daquela esperança em um buraco infernal, eu apenas agradeci a Deus por isso. Todos os dias, Daniel. Todos os dias. Porque isso me deu algo pelo que viver. Você me entende? Mas agora isso acabou. Esse tempo já passou. E eu não sou desse mundo agora, então... Este é o seu mundo. E, você está em coma, e não pode lidar mais com isso? Você está cansado demais, e você está pronto para ver o que está do outro lado? Não tenho direito te dizer o que fazer, irmão. Mas o que quer que você decida... Eu ainda vou amar você, D. Sempre. Para sempre, sempre."
25 Jun 2014

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