Title: [C. NERD] QUE TAL UM CLÁSSICO? #2 - E O VENTO LEVOU
Author: Diário de Seriador
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Texto escrito por Raphael Gomes “Com Deus por testemunha, eu nunca mais passarei fome!” Que atire o primeiro nabo quem nunca ouviu es...
Texto escrito por Raphael Gomes “Com Deus por testemunha, eu
nunca mais passarei fome!” Que atire o primeiro nabo quem nunca ouviu essa
frase antes. Essa é com certeza a frase mais marcante de todo o filme, e uma
das mais marcantes do cinema. Mas não pense que "E O Vento Levou" pode ser
resumido por essa frase, o filme é longo e apaixonante. E não pense que esse
filme é uma coisa romântica melosa, é mais um filme sobre a luta pela
sobrevivência que pelo amor de alguém.
O filme conta a história de
Scarlett O’Hara, uma mulher que luta pela sobrevivência, e o amor de um homem
casado, durante a Guerra Civil Americana e os anos de reconstrução do sul. Mas
Scarlett não é uma mocinha inocente, nem uma vilã, esse talvez seja o grande
trunfo da história. Ela é uma mulher espirituosa, guerreira, determinada, é uma
mulher real dos dias de hoje, mas para a época era um escândalo, afinal, as
mulheres daquele tempo eram submissas, viviam somente para os filhos e marido,
exatamente como Melanie, uma típica mulher da época. Fica claro como ela era
mal falada entre as mulheres, desde a sua época de solteira até ser casada.
Scarlett é o personagem que você odeia e ama ao mesmo tempo, não dá pra evitar
torcer por ela.
O mundo de Scarlett é virado de
cabeça para baixo com a chegada da Guerra, e novamente virado com o fim da
guerra, a vida não foi fácil para ela. O filme é extremamente longo, e consegue
expor as mudanças que vieram com esses fatos, tanto na protagonista quanto na
sociedade. Vemos a escravidão ser retratada, e também o fim dela. O filme é
bastante criticado por glorificar a escravidão. Além de vermos o sul ser
devastado e depois lutar para se reerguer.
E por falar em escravidão vamos
falar do meu personagem preferido do filme, Mammy. Ela é uma escrava da casa, e
a única que tem coragem de falar as verdades para Scarlett. Ela é irônica,
cabeça dura, fala verdades doloridas e é hilária. Ver que mesmo depois do fim
da escravidão ela permaneceu com Scarlett, mostrando lealdade e um amor pela
patroa que ela viu nascer, é lindo. As cenas com a Mammy são ótimas.
Bastante aclamado pela critica, o
filme se popularizou rápido. Recebeu treze indicações ao Oscar, um recorde para
a época, e faturou oito prêmios: Melhor filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz,
Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor
Fotografia e Melhor Direção de Arte. E ainda ganhou mais dois prêmios
honorários da academia. O filme se tornou o primeiro filme colorido a ganhar o
Oscar, e tenho que dizer que a fotografia é linda, muito bem feito, me
impressionou muito.
E não posso deixar de comentar
sobre Hattie McDaniel, a Mammy do filme, ela ganhou o Oscar de melhor atriz
coadjuvante por esse papel, se tornando assim a primeira negra a faturar uma
estatueta. Mesmo sofrendo preconceitos e criticas, tanto de brancos como dos
próprios negros, ela foi à cerimônia como convidada, primeira negra também a
ser convidada pra cerimônia, e infelizmente teve que se sentar longe dos outros
convidados. Emocionei-me lendo sobre a história de vida dela, e o Oscar foi
mais que merecido, pois ela merecia muito mais. Deixo com vocês o vídeo dela
recebendo o Oscar, pois acho emocionante os agradecimentos que ela faz.
Acho que já elogiei o filme
bastante, espero que tenha despertado a vontade de assistir o filme em quem
ainda não teve a chance, e que tenha matado a saudade em quem o adora. Um amigo
meu me convenceu a ver esse filme, já que eu sempre enrolei pra assistir por
causa da duração, obrigado Robson Fraga, se não fosse por você ele ainda não
teria visto essa obra prima.