Audacioso. Esta é a melhor palavra
para descrever esse episódio. Após um ano House of Cards volta com tudo na
estreia de sua segunda temporada. Partindo exatamente do final da primeira, a
série da Netflix exibiu a mesma qualidade a que nos acostumamos, porém dessa
vez com essa maior audácia. Dirigido por Carl Franklin, o episódio teve como
função estabelecer o panorama dessa nova empreitada na carreira política de
Frank.
Com sua ascensão à
vice-presidência, mesmo que não oficialmente confirmada, Frank começa sua
manobra para garantir a lealdade de quem for ocupar seu antigo cargo de líder
da maioria no Congresso. Para isso, ele escolhe Jackie Sharp, uma ex-oficial
militar que não tem medo de fazer o necessário, como famílias iraquianas ou
afegãs hão de se lembrar. Nesse ponto, é interessante ele ter escolhido alguém
com um ''pragmatismo implacável''. Vamos ver no que isso vai dar se ela
realmente assumir o cargo.
Já no outro âmbito vemos que Frank
fará de tudo para cobrir seus rastros. Mas isso comentarei depois. Primeiro, há
de se dizer que Claire não é esposa de Underwood por acaso. Ameaçada
juridicamente por Gillian, ela lida com
a situação de maneira fria e cruel, chegando até a ameaçar a vida de um bebê
ainda no útero. Isso mostra que Claire sofre do mesmo mal de seu marido e não
reconhece ética ou moral ao buscar o que quer.

Mas agora voltemos a Frank e seu
passado. Enquanto Doug lida com Rachel, ele lida com Zoe, Lucas e Janine. O trio investiga
a suspeita morte de Peter Russo e sua conexão com a prostituta, Kapeniak e,
claro, nosso querido vice-presidente. E é aí que House of Cards nos surpreende
como nunca antes. O monstro Underwood ataca novamente, porém de forma muito
mais brutal. E a vítima da vez é Zoe, que sabendo demais e agindo de forma
bastante imprudente é jogada como uma boneca nos trilhos do metrô. Essa é a
cena em que nossas cabeças explodem, em que pulamos do sofá, e que xingamos a
esmo. Confesso que esperava que algo acontecesse devido a ambientação da
chegada de Zoe na estação, mas nunca passou pela minha cabeça que Frank seguiria
a fala de Freddy e mataria de vez o porco sem que ele gritasse. Ali ele provou
mais uma vez que está disposto a tudo pelo poder.

Quando defini o episódio como
audacioso estava obviamente me referindo a morte de Zoe. Uma personagem central
que fazia o papel de antítese de Frank se vai, provocando talvez uma mudança de
rumo da série. Será que Lucas se tornará um problema sério? Qual será a nova ameaça ao
vice-presidente? Focarão mais na parte política envolvendo seu novo cargo? O
fato é que todo o panorama foi alterado.
Por fim, tivemos o tão esperado
momento da quebra da quarta parede. Pois é, já estava achando que Frank tinha
nos esquecido. Mas não, ele se lembrou e nos presenteou com mais um monólogo
brilhante que com certeza fez você dar aquele sorriso de satisfação.
Assim, House of Cards nos presenteia com um episódio perfeito em todos os aspectos. Com acontecimentos tão
impactantes nesse começo de temporada será interessante ver o rumo que a série
tomará a partir de agora. No mais, bem-vindo também de volta Frank! Boa caça!
P.S.: A fim de um melhor entendimento político segue uma breve explicação sobre o antigo cargo de Frank, que era o "majority whip''. No Congresso dos EUA, a função de líder da bancada majoritária se divide em
duas: o “leader” (o líder propriamente) que tem o poder de decidir o que vai
ser votado e toma as decisões mais estratégicas e políticas, e o “whip”, uma
espécie de líder do plenário, que vai se responsabilizar pelo foco da bancada,
para que todos os seus integrantes votem como deseja a direção partidária e/ou
o governo. É importante salientar que não existe cargo equivalente no Congresso Nacional.