Comecei a assistir Doctor Who (1963) após a maratona de
Doctor Who (2005) e venho gostando bastante. É muito bom poder ver acontecer
às coisas que antes apenas imaginava, como por exemplo quando a TARDIS não
mudou de forma como deveria e até mesmo quem criou o nome dela. Sem contar que
com episódios de 25 minutos fica mais fácil se acostumar. Há ainda uma infinidade de referências que
são reveladas aos poucos e vão se encaixando conforme a capacidade de sua
memória.
Ter a possibilidade de ver, junto ao Doctor, seus maiores
inimigos pela primeira vez é impagável. Somente através dessa oportunidade você
consegue realmente conhecê-los. Mas ele não está sozinho, não poderia. A
princípio Susan pode parecer um pouco irritante, sendo um pouco escandalosa e
exaltada às vezes, mas se você prestar bastante atenção vai notar a semelhança
com Clara. A essência das duas é a mesma, uma menina inteligente e corajosa,
também muito curiosa, que possui a necessidade de estar sempre cuidando do
Doctor. Já o casal não é muito agradável mesmo.
Alguns trejeitos do Doctor também são facilmente notados.
Mas uma coisa que o próprio Doctor (10º, Tennant) diz (Children in Need
Special – Time Crash) acaba explicando essa fase e a personalidade do primeiro Doctor: “Antes, quando eu comecei, muito no início, eu estava sempre tentando
ser velho, descontrolado e importante, como quando se é jovem.” Então ele
começa a contar que os pontos mais alegres, junto a elegância e
acessórios marcantes, vieram como inspiração a partir do 5º Doctor.
A imagem pode ser um ponto negativo para alguns, mas devo
confessar que em alguns momentos simplesmente esqueço que estou assistindo a
algo em preto e branco. Pessoalmente sinto falta do azul da TARDIS, mas ela
está ali, de certa forma como sempre foi. Vimos que algumas coisas como o “tema
do desktop” da TARDIS e a forma como sempre estão envolvendo os humanos – e a
sua tendência ao gosto pela ignorância – não mudaram tanto desde então, podemos
usar detalhes assim para criar gosto por essa versão clássica, nos apegando aos
poucos a cada stoyline.
Um fato engraçado é estranhar o jeito inumano do Doctor, um
tanto quanto sádico até em certos pontos. Vamos pegar o 11º Doctor pra fazer
uma leve comparação. Podemos quase esquecer por alguns momentos que ele é um
alien, principalmente devido à aparência e o jeito charmoso que já estamos
familiarizados, mas quando ele demonstra tons de crueldade fica mais claro o
peso da sua idade e da sua importância no universo. Nessa versão isso aparece
no dia a dia, o que acaba afastando muitas vezes o lado mais humano do Doctor,
aquele onde o público pode se identificar ao invés de temer.


