A primeira temporada da série nos abriu espaço para que pudéssemos conhecer melhor e também pudéssemos começar a nos apegar aos personagens, nos deu casos bizarros para analisar e terminou num grande cliffhanger: Olivia indo conhecer Spoke, digo, Bell no Universo Alternativo. E logo entendemos que esse outro universo estava vindo para ficar.
E acho que isso foi excelente. Muitos comparavam a série à tão famosa e querida Arquivo X e mudar o plot da série afastou um pouco as comparações, pois a história básica havia mudado. Ainda havia os casos, as teorias e tudo que Fringe sempre nos deu, mas, agora, a série se destacava com um enredo único dentro das séries Sci-Fi.
Sim, foi uma amostra do mergulho no novo enredo. O mergulho final e maravilhoso aconteceu na terceira temporada [mas isso é assunto para outra review]. E esse início foi angustiante. A cena épica e feita de forma sensacional com Olivia sendo arremessada, literalmente, para fora do carro já nos mostrava que a série não estava para brincadeira. Eu gosto muito dessa temporada porque ela te fornece algumas respostas, vai te dando mais perguntas e prepara o terreno para uma temporada seguinte firme e convincente . Ela não erra e não pesa na medida.
Acho que posso dizer sem medo que o crescimento de Anna Torv como atriz também é bem visível nesta temporada – atingindo seu ápice nas seguintes – e com John Noble e Joshua Jackson ao seu lado, o trio de protagonistas mostrou a que veio.

Essa temporada traz como carro chefe a existência dos shapeshifters, os transmorfos. Eles são emblemáticos e trazem uma série de problemas no decorrer da trama, mas o que realmente me marcou em relação à eles foi um fato específico e ele tem nome e sobrenome: Charlie Francis. A morte que mais me abalou na série como um todo neste começo. Nunca superei sua morte, na verdade. Ele não era protagonista, mas sua amizade com Olive o tornou um. E foi uma perda sem tamanho - neste universo. Jamais me esquecerei dela no carro, desvendo o anagrama e lendo “You’re gonna be fine”. O seu choro, que era também o meu choro. Nunca me esquecerei de como ele sempre a apoiava, nem que isso pudesse incluir atos que resultassem em sua demissão se descobertos. Nunca me esquecerei dele grávido. Nunca me esquecerei dele.
É também aqui que vemos Olivia tendo vislumbres do outro lado. Ficamos sabendo que ela identificava objetos do universo alternativo pelo brilho que ela via neles. E vemos, também, como os testes do Cortexiphan eram cruéis. Se uma Olivia já crescida teve esses efeitos, imaginem em uma criança de três anos? Walter e Bell fizeram o que achavam que era certo, porém, o conceito de certo é sempre relativo. Ela continua sua busca por respostas, vai para Jacksonville, salva milhares de pessoas quando um prédio daqui estava pronto para ir direto ao outro lado, com tudo dentro. Anna Torv se superou em sua atuação nesta temporada, acho que isso se chama “adaptação ao personagem”, ela concluiu a fase com sucesso.
Foi uma temporada de episódios épicos que entram facilmente no meu "TOP Episódios de Fringe". Tivemos Brown Betty para quebrar o clima tenso e nos mostrar Walter contando uma linda história para Ella. Tivemos um episódio sentimental, Snakehead, que mostrou o desejo do Walter de ser independente, sem conseguir isso. Quem não se emocionou com ele tentando ligar para Peter, sem sucesso, chorando, perdido em Chinatown? Mas esses não são os melhores. Ainda tem mais.
Talvez, e muito provavelmente vocês concordem comigo, os que valem destaque são “Peter”, onde finalmente temos Walter narrando para Olivia o que realmente tinha acontecido e porque ela via Peter brilhando. E esse episódio é tocante demais, ver como Walter tentou acima de tudo e todos salvar Peter e de como sua intenção no começo era pura. Era devolver o menino, coisa que ele jamais conseguiu fazer. A relação de Walter e Peter só melhorava, a cada episódio. O entendimento entre eles crescia, o carinho e o amor também. Eles estavam se tornando realmente pai e filho.

“Eu pedi a deus um sinal de perdão. Um especifico: uma tulipa branca”. Aqui, observadores choraram, eu chorei e esse episódio é um dos favoritos [se não o favorito] de 11 entre 10 fãs de Fringe. E é compreensível. "White Tulip", virou símbolo de esperança, de amor, de segundas chances, de arriscar tudo em nome daquilo que mais se ama e que não se pode viver sem. No luto e na dor da perda, as pessoas fazem coisas que até então se julgavam incapazes. Walter nunca se perdoou e esperava que Deus pudesse fazer isso. A "White Tulip" virou símbolo na série e tomou conta dos fãs. Não tem como não se emocionar, se encantar e chorar. Ele sabia que tinha errado e se arrependia de muitas formas, mas depois de todos os momentos que vemos dele com Peter, quem pode julgá-lo? Quantas alegrias e emoções eles nos proporcionaram? São incontáveis. Fringe é a nossa "White Tulip", a nossa esperança que o amor possa vencer todas as coisas, que a esperança pode reinar acima de tudo e que mesmo quando tudo parece dar errado, se você tiver alguém ao seu lado, as coisas podem dar certo.
A mitologia alvo de Fringe fica clara e assume seu papel principal quando podemos, finalmente, ver o Lado B em ação. Uma AltLivia – acho mais legal esse, entre tantos nomes para ela – ruiva e COMPLETAMENTE diferente da nossa Liv. Uma Olivia que brinca, que tem Charlie Francis como melhor amigo lá também – e eu amei vê-lo de novo- e um Lincoln com quem eu shippava ela loucamente desde sua aparição. Over There, ambas as partes, são episódios incríveis e ali eu percebi um fato óbvio: Eu ia amar isso. E eu amei e eu shippei.

Se as coisas para um futuro romance começam a ficar claras entre Peter e Olivia em S02E14, é aqui que elas ficam claras. Mais do que claras, elas acontecem. Olivia não apenas quer Peter de volta, ela cruza o universo por ele. Esse tipo de amor que não se mede, não se entende. E entre as mil razões que ela poderia pensar para trazê-lo de volta ela acha a mais óbvia: Ela mesma. “You belong with me”. O lugar de Peter era com ela, e ele também sabe disso. Depois de ser usado por Walternativo para ligar a máquina, depois de descobrir que ele viveu a vida toda num universo que não era o seu, ele encontra em Olivia uma razão para voltar, porque ela pura e simplesmente faria o mesmo por ele. Afinal é pela boca dela que ouvimos uma outra frase marco para a série “Be a better man than your father”. Fique aos lado dos seus, os proteja e esteja por perto. E ela esteve ao lado dele mesmo em outro universo, como ele sempre esteve aqui deste lado.
Mas a volta nos proporciona uma season finale fantástica, quando as "Olivias" trocam de lugar e quem vem para cá é a Bolivia. Nossa pequena Liv fica presa do Lado B com Walternative e o que vemos na temporada seguinte é: show, samba, é tudo.
Acho nesta temporada Fringe se fixa como a série que teve coragem de arriscar. Ela prova que é Sci-Fi a cada caso que nos apresenta, mas ela mostra não é preciso separar ficção científica de amor. Fringe é uma série sobre amor. O amor de um pai pelo filho, de um homem por uma mulher. Um amor que não vê universos como barreiras, um amor que arrisca tudo para fazer aquilo que se acha certo. Uma série sobre amor em meio a tanta ciência. Isso, é Fringe. Isso faz dela Fringe. Isso faz dela amada.