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Title: [C. NERD] CRÍTICA #22 - O Lobo de Wall Street
Author: Unknown
Rating 5 of 5 Des:
Dirigido por Martin Scorsese. Com: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Kyle Chandler, Rob Reiner, P.J. Byrne, Kenneth Ch...





Dirigido por Martin Scorsese. Com: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Kyle Chandler, Rob Reiner, P.J. Byrne, Kenneth Choi, Jon Bernthal, Jon Favreau, Spike Jonze, Jean Dujardin, Cristin Milioti, Joanna Lumley, Shea Whigham, Jake Hoffman, Fran Lebowitz.

Scorsese é um diretor que hoje poderia muito bem encostar seu burro na sombra, já ganhou e provou tudo o que poderia provar, mas felizmente não o faz e nos obriga a assistir obra-prima atrás de obra-prima e invariavelmente seja cotado, mesmo que ainda em janeiro, como o melhor filme do ano.

O filme é adaptação do livro de memórias de Jordan Belfort, que no Brasil ganhou o nome de "O Lobo de Wall Street". Belfort foi um corretor de títulos da bolsa norte-americana que entrou em decadência nos anos 90. Sua história envolve o uso de drogas e crimes do colarinho branco.

A história, como a própria sinopse diz, é adaptado das memórias do próprio protagonista, então já é possível tirar algumas questões, como, por exemplo, o quanto de verdade há naquilo? 

Mas Scorsese, calejado e ciente dessa, digamos, liberdade criativa, que Belfort provavelmente tomou durante seus relatos, se utiliza de ferramentas narrativas interessantes para expor o tom autopromocional do protagonista, como inserts de propagandas feitas por sua cabeça a exemplo do momento em que ele está mostrando sua lancha.

Outra ferramenta que o Diretor trabalha são as ilusões criadas pela mente de Jordan, como quando ele acha que voltou para casa sem sofrer ou causar nenhum acidente, mas ao passar seu delírio viu que na verdade havia acabado com sua Ferrari e destruído tudo por onde passou (uma das melhores sequências que já vi, com direito ao Popeye servindo de inspiração para o protagonista usar drogas).

É interessante também constatar a evolução, ou não, de Jordan no decorrer da trama, passando a
administrar sua própria empresa doutrinando seus funcionários a serem, assim como ele, um ganancioso sem escrúpulos e que não vê problema em enganar pessoas para ter seu lucro aumentado.

Sendo até considerado um mestre para todos seus funcionários, Scorsese não mede esforço em comparar suas apresentações na própria empresa em cultos religiosos de adoração ou palestras de autoajuda. 

Belfort, inclusive, ganha vida com uma interpretação mais que inspirada de Leonardo DiCaprio, como já é habitual, mas aqui ele se torna um ser tão multifacetado que em certos momentos você não sabe se o admira ou o odeia, às vezes os dois. Não é impossível, inclusive, ver na trajetória de Jordan a mesma de Tony Montana de Scarface, tendo uma ganância como vício maior que as próprias drogas que ingere, mas, após conseguir o almejado, é engolido por tudo aquilo que para ele representava algo.

Não só ele, Jonnah Hill com seu Donnie Azoff se mostra um ator com um timming cômico diferenciado para os atores de sua geração, não ficando à mercê de piadas autodepreciativas, como é de costume em comediantes de hoje. 

Mas o destaque fica mesmo para Matthew Mcconaughey, interpretando Mark Hanna que, apesar de pouco tempo em cena, surge tão absolutamente incrível que me faz pensar, o que esse cara fazia perdendo tempo com comediazinha romântica?

Muito acima da média, praticamente toda a sequência que o traz explicando o que existe por trás do mundo de Wall Street, é quase impossível sequer piscar tamanho é seu carisma e a oscilação entre o lunático e cômico.

Inclusive, é interessante notar nesta cena as diferenças entre Jordan e Mark. Enquanto o primeiro, em início de carreira, se mostra constrangido com o fato de beber em seu intervalo, o outro não hesita em cheirar cocaína na mesa do restaurante, cantando alto e pedindo bebida para o garçom de forma sistemática. E a medida que o filme passa, essa se torna a realidade de Jordan, incluindo um momento em que este pede de forma parecida ao garçom algumas doses. 

A montagem do longa também é primorosa, iniciando de forma vagarosa, logo pega um ritmo acelerado, dependendo do estado mental do protagonista.

Seria um erro, portanto, considerar este longa uma incitamento às atitudes de Jordan, uma vez que o tom cômico pode até reduzir o impacto das imagens, mas não nos impede de nos chocarmos com os abusos cometidos por Belfort. Seria o mesmo que dizer que Tarantino incita a violência em seus filmes ou que Poderoso Chefão “glamurisa” a máfia, sendo estas analises muito reducionistas das tramas abordadas.

Uma pena que este ano "O Lobo de Wall Street" será o "Django Livre" do ano passado no Oscar. De longe, o filme com mais qualidades e diferente de todos, porém ficará relegado a no máximo um ou outro prêmio nos quesitos técnicos por não entrar no perfil Oscar de premiação. Uma pena para o Oscar, mas sorte a nossa que Scorsese continua não entrando neste perfil.

NOTA DO DDS: 
20 Jan 2014

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