Barcelona, anos 1920. David Martín tem vinte e oito anos, uma casa em ruínas e um talento para a literatura que nunca o protegeu de desgraças ou lhe trouxe qualquer glória. Com uma doença terminal e vendo o amor da sua vida nos braços do melhor amigo, David passa os dias em sua mansão lúgubre, escrevendo séries policiais e vendendo barato o seu talento. É quando surge Andreas Corelli, um misterioso editor estrangeiro com uma proposta irrecusável. Fama, dinheiro, saúde: tudo em troca de um único livro. Um livro que terá o poder de influenciar milhões de vidas. Um novo evangelho. Mas, conforme a obra se desenvolve, David percebe que existe uma conexão sinistra entre o livro que está escrevendo e as sombras que envolvem sua casa dilapidada - e que seu editor também esconde alguns segredos perturbadores. Mais uma vez, Zafón nos leva por uma Barcelona sombria e gótica, em uma trama cheia de intrigas, romance e tragédia.
O Jogo do Anjo, é o segundo livro da série O cemitério dos livros esquecidos de Carlos Ruiz Zafón. Nesta sequência da primeira história, somos apresentados a David Martín, que ainda garoto nutre o prazer pela escrita. O menino, tendo perdido o pai ainda cedo, trabalha como um tipo de assistente para um jornal de Barcelona, vivendo com um mísero salário. Seu sonho é se tornar um grande escritor, e incentivado por Pedro Vidal, um rico aristocrata que escreve para o jornal, o menino inicia na carreira e na arte da escrita.
Iniciei a leitura desse segundo livro com um misto de expectativa e, confesso, um pouco de medo. Medo de ter a história tão bela do primeiro livro talvez “estragada” caso não gostasse dessa continuação. Mas na verdade foi o oposto. Esse segundo volume mostra ainda mais o poder que Zafón tem de encantar seus leitores. Embora meu favorito ainda seja o primeiro, esse foi tão bom quanto. Em O Jogo do Anjo mais uma vez Barcelona é o palco de uma história envolvente de mistério, drama e claro, com livros envolvidos. Também temos a participação dos Sempere.
Aqui somos apresentados ao avó de Daniel Sempere e seu filho, que então será o pai do Daniel que conhecemos em A Sombra do Vento. Somos apresentados também a um personagem misterioso chamado Andrea Corelli, que irá influenciar de maneira negativa a vida de Martín, além de despertar sua curiosidade para a história que envolve a casa onde mora.
Um ponto interessante e que contrasta com o primeiro livro, é que nesse o vilão não está tão bem delineado quanto em A Sombra do Vento. Não fica totalmente claro a participação de Corelli em fatos do passado envolvendo o antigo proprietário da casa que Martín mora, bem como o porquê do pedido do editor a Martín.
Durante a narrativa, diversas vezes somos envolvidos pelos pensamentos mais profundos de Martín, em monólogos e tomadas de decisões. Ainda mais que o primeiro livro, o mistério aqui apresentado é mais sombrio, e no final ainda nos deixa com uma “pulga atrás da orelha”. Nesse livro, Zafón deixa ainda mais explícito o fato de que o escritor realmente se dedica de “corpo e alma” a escrita de um livro. Diversas vezes vemos Martín ultrapassando um pouco esse limite ao descuidar da própria saúde na ânsia por escrever.
Do começo ao fim, Zafón mostra o poder dos livros como "porta de escape" as mazelas da vida, ao mesmo tempo que nós permitem sonhar e nos traz a realidade de lutar por nossos sonhos. Isso se torna ainda mais forte pela mensagem expressa com o trabalho duro de Martín, que tenta "ganhar a vida" através da escrita.
Fica a forte recomendação desse livro maravilhoso!
Livro: O Jogo do Anjo
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Lançamento: 2008
Editora: Suma
Onde comprar: Amazon
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