Em Viridia, as mulheres não têm direitos. Em
vez de rainhas, os governantes escolhem periodicamente três graças — jovens que
viveriam ao seu dispor. Serina Tessaro treinou a vida inteira para se tornar
uma graça, mas é Nomi, sua irmã mais nova, quem acaba sendo escolhida pelo
herdeiro.
Nomi nunca aceitou as regras que lhe eram
impostas e aprendeu a ler, apesar de a leitura ser proibida para as mulheres.
Seu fascínio por livros a levou a roubar um exemplar da biblioteca real — mas é
Serina quem acaba sendo pega com ele nas mãos. Como punição, a garota é enviada
a uma ilha que serve de prisão para mulheres rebeldes. Agora, Serina e Nomi
estão presas a destinos que nunca desejaram — e farão de tudo para se
reencontrar.
Uma história de duas irmãs completamente
diferentes, mas que se completam em tantas coisas. E que matariam para se
reencontrarem de novo. Enquanto uma treinava para ser uma Graça, a outra irmã
se enfurecia por essa vida em que a mulher teria que viver submissa. E quando a
situação muda, as irmãs vão ter que encontrar forças para serem aquilo que elas
nunca imaginavam que seriam e salvar a si mesmo e a outra.
Nomi nunca entendeu o por que da irmã querer
ser submissa ao rei, enquanto a própria Nomi era um ato de resistência, ela
aprendeu, sozinha a ler e a escrever, já que é crime passável de morte uma
mulher ler e escrever no reino. E quando a Serina é uma das graças escolhidas,
para tentar ser escolhida uma das futuras três graças reais, Nomi vai junto para
ser sua aia. E logo no primeiro dia, enquanto passeia pelo castelo, ela depois
de surrupiar um livro da biblioteca real, e ter um encontro traumático com
futuro herdeiro, esse último acaba escolhendo a Nomi com uma das futuras aias.
E, como desgraça pouco é bobagem, depois de
mostrar para a irmã o mal fadado livro, a Serina acaba tomando o lugar da irmã no
crime, e é levada para a prisão.
Assim, a história se divide: enquanto a
Serina tenta se manter viva na prisão, se juntando ao grupo das lutas na arena,
a Nomi tenta de todas as maneiras em sair do castelo e salvar a irmã, incluindo
uma parceria com um grande aliado.
Apesar de ser um plot bem óbvio, me lembrando
um pouco de um dos plots de A Rainha Vermelha, o livro me conquistou pela história
das duas personagens principais. As duas irmãs estão em papeis em que elas não
estão acostumadas, que nunca estiveram na pele, e têm que se virar, as duas
mostram uma força que, também, nunca imaginaram ter.
A prisão não é local para uma garota que exala
fragilidade, e o castelo (em meio aos lobos), não é o local para a garota que
se faz tão rebelde contra as regras e submissão para as mulheres. Nomi e Serina
se fortalecem, enquanto pensam em salvar uma a outra, através de varias formas
em que elas têm acesso, e a história é bem conduzida nesse ponto, mostrando a
construção das duas irmãs, como elas mudam e melhoram, se tornando armas
afiadas.
E é bastante interessante os dois cenários:
na prisão e o castelo. Na prisão, onde as mulheres são mandadas para lá por
algum crime (às vezes “sem sentindo”, vamos deixar por aqui mesmo), são
interessantes de se ver. O grupo que a Serina se junta é bem louco, é o que
comanda as lutas para garantir a própria sobrevivência, e se for preciso tirar
sangue e até matar as oponentes, isso vai acontecer. Então, a garota que iria
se tornar uma Graça, tem que se virar para não sucumbir, e começa a treinar,
como se fosse morrer na esquina, e isso poderia mesmo acontecer.
Enquanto no castelo é o jogo mental pela sobrevivência,
e conseguir chegar até o herdeiro do trono, ou não. Nomi, que não está
acostumada a isso tudo, vai que que escolher alianças as cegas, sem saber em
quem confiar. E é ai que surge o outro filho do rei atual, o filho mais novo,
que, até onde se sabe, também não aguenta mais as loucuras do pai, e as “insanidades”
do irmão, e também se sente sufocado no castelo.
Mas as duas garotas arranjam forças uma na
outra, mesmo que não estejam mais próximas. E é bonito de ver o quão elas lutam
por isso, e os mesmo que os meios para justificarem os fins não seja tão nobre
assim, para um reino melhor e justo, as justificativas valem a pena. Assim, Graça
e Fúria vem para nos mostrar que a força para se tornar uma pessoa afiada e
guerreira vem de onde menos se espera.
AUTOR: Tracy Banghart
TRADUTORA: Isadora Prospero
EDITORA: Seguinte
PÁGINAS: 304
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