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Leandro Cruz Leandro Cruz Author
Title: O VENCEDOR MORAL DO OSCAR
Author: Leandro Cruz
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Existe uma lenda no Oscar que diz que se o primeiro colocado variar muito na votação, o filme mais consistente nas posições ganha. Entã...

Existe uma lenda no Oscar que diz que se o primeiro colocado variar muito na votação, o filme mais consistente nas posições ganha. Então por exemplo, se vários votantes divergem do melhor filme, mas a maioria concorda que o filme X foi o segundo melhor, X vence. Me parece muito o que houve em 2018.

A Forma da Água não é um filme ruim (ele ainda irá ganhar um texto aqui no blog), mas tampouco é bom o bastante para o primeiro lugar. Entretanto, parecia existir uma disputa variada entre quem seria o melhor. Disputa essa que não entendo, já que, para mim, Três Anúncios para um Crime é sem dúvida, o merecedor. 

Gosto muito de Corra!, de Projeto Flórida e de O Destino de Uma Nação. Até Forma da Água tem seu valor. Mas o peso de Três Anúncios é algo gigantesco. É um filme para se assistir com toda a atenção e depois refletir sobre o que viu. É um filme denso, complexo e com uma história muito maior do que ele parece contar.

Acompanhamos Mildred Hayes, uma mãe que perdeu sua filha após um estupro seguido de assassinato, e que vê o caso ser deixado de lado pela polícia local. Ela então aluga 3 outdoors em uma estrada pouco movimentada e expõe sua raiva com três frases direcionadas à polícia, mais precisamente, ao xerife Willoughby

Existem mais lados nessa história do que se pode esperar. A polícia falhou em encontrar o assassino, mas também não existe mais provas às quais seguir. Mildred falhou como mãe em sua relação com a filha, mas ninguém merece tal punição. 

O filme é sobre o fundo do poço. Aquele lugar que todos passamos, pelo menos uma vez na vida. Parece que todos na trama chegam ou já estão nesse poço em algum momento do filme. Mildred já está e recebe a companhia do Xerife, que além de se ver pressionado por ela, está com uma doença que lhe põe contra a parede. Dixon, um dos policias, chega lá, de um jeito ou de outro.


Com um elenco absurdo, vemos Woody Harrelson entregando um Xerife convincente que que sabe o que é necessário. Temos Frances McDormand nos lembrando porque é uma atriz magnifica. Sam Rockwell chegando o mais próximo de um vilão que o filme pode ter. Até Peter Dinklage consegue acrescentar um grande peso quando necessário.

O filme também tece uma crítica à polícia, ao mesmo tempo que prova que nem tudo é simples. Apresentando uma força policial que tem defeitos, ainda mais marcantes para as discussões atuais, vemos preconceitos sendo expostos e silenciados. 

O filme contém cenas incríveis e marcantes. Emocionantes e pesadas. Nada pode ser dito aqui sem estragar a experiência. Mas ninguém me convencerá que esse não foi um dos melhores filmes dos últimos tempos e que ele é o vencedor moral desse Oscar. Me desculpe Del Toro, mas dessa vez, a justiça veio em péssima hora.

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