Considerado a obra-prima de Victor Hugo, este romance se desdobra em muitos: é uma história de injustiça e heroísmo, mas também uma ode ao amor e também um panorama político e social da Paris do século XIX. Pela história de Jean Valjean, que ficou anos preso por roubar um pão para alimentar sua família e que sai da prisão determinado a deixar para trás seu passado criminoso, conhecemos a fundo a capital francesa e seu povo, o verdadeiro protagonista. Na via crucis que é o romance sobre a vida de Valjean, são retraçadas as misérias cotidianas e os dias de glória do povo francês, que fez das ruas seu campo de batalha e das barricadas a única proteção possível contra a violência cometida pela lei. Esta edição traz ainda uma esclarecedora apresentação de Renato Janine Ribeiro.
De toda a minha experiência literária, ‘Os Miseráveis’ foi, provavelmente, um dos livros mais densos que eu já li. Em suas 1912 páginas vemos o rico dominando pobre, o pobre lutando por sua sobrevivência, violência, maus tratos, inveja e desprezo. Mas em meio a tanta escuridão, vemos esperança, uma labareda de amor e uma chance ao perdão.
Sim, 1912 páginas é algo um pouco assustador. Preciso admitir que ao pegar o livro em mãos, o box constituído de dois tomos, fiquei um pouco apreensiva. Achei que ao longo da leitura eu fosse me cansar, mas não foi isso que aconteceu.
É claro, que é um livro com bastante informações, por isso é necessário paciência e bastante foco, mas à medida que vai se passando as páginas, você se vê mais envolvido com a vida dos personagens e as situações que vão ocorrendo.
A narrativa se passa inicialmente em 1815, quando a França passa por uma época financeiramente, politicamente e socialmente complicada. E nesse ambiente tão conflitante, conhecemos o Bispo de Digne, Jean-Valjean, Javert, Fantine, Cosette e Marius.
O Bispo de Digne pode ser facilmente retratado como a personificação da bondade na obra de Victor Hugo e definitivamente compõe um ponto chave para todo o desenrolar da história. Já Jean-Valjean, provavelmente é o personagem mais bem montado que já li. Durante o decorrer na narrativa vemos esse personagem mudar completamente ao passar dos anos, ter novas experiências, ser moldado pelo meio e pelas as pessoas e ainda assim conseguir manter bem vivo a sua essência. É um personagem com pensamentos que te fazem refletir, é um personagem que sente, que ama, que odeia, mas que perdoa. Provavelmente, um dos personagens mais reais para mim. Um daqueles tipos que parecem que saem da folha e estão ao seu lado conversando.
Fantine e Cosette, ao meu ver, representam o desprezo e a esperança que Victor Hugo tentou passar ao longo das páginas. Personagens únicas, mas sofridas. Enquanto Marius é aquela peça fundamental para encaixar todos os pontos que faltavam ser amarrados na narrativa.
Por fim, temos Javert. Bem, esse foi um personagem que eu amei e odiei na mesma intensidade, ao mesmo tempo. Javert me comoveu e me irritou, me fez discordar e concordar com ele. Mas me fez também aprender e refletir sobre algo que todo ser humano precisa e deve se esforçar em fazer... Perdoar.
Bem, poderia ficar muito mais páginas falando de como essa obra é única, comovente e reflexiva. Mas deixo o meu grande incentivo para que você leia e vocês mesmo experimente essa leitura!
“Ensinem o mais possível aos que nada sabem; a sociedade é culpada de não instruir gratuitamente e responderá pela escuridão que provoca. Uma alma na sombra da ignorância comete um pecado? A culpa não é de quem o faz, mas de quem provocou a sombra.” – Página 51.
“O fim dos preconceitos e falsas doutrinas gera a luz.” – Página 85.
“Gostava dos livros, os livros são amigos frios e seguros.” - Página 254.
“Tudo se fez, então, em pequena escala, visando ao lucro, em vez de visar ao bem.” – Página 507
Título: Os Miseráveis
Autor: Victor Hugo
Editora: Penguin Companhia
Páginas: 1912
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