EXTRAORDINÁRIO - PROMOVENDO A GENTILEZA
E finalmente uma das adaptações mais esperadas pelos leitores saiu, com nosso querido Auggie Pulman nas telonas criando vida e aquecendo mais uma vez nossos corações.
Essa é a história do garoto Auggie, que tem uma deformidade facial e está prestes a começar na escola pela primeira vez. Com 10 anos, ele era ensinado em casa pela mãe, mas ela resolve que é hora do menino frequentar uma escola regular. Assim como no livro, o filme é narrado pelo ponto de vista do Auggie, deixando sua trajetória mais leve, para um tema tão pesado que é o bullying e aceitação de si mesmo além de uma estética socialmente imposta do que é belo e feio.
É curioso como alguns adultos afirmam que em suas épocas de escola não existia o “bullying”. Isso é algo da nova geração e está deixando as crianças “fracas”, dizem. A verdade é que o bullying sempre existiu, mas não era tratado com a seriedade necessária. Felizmente, os tempos mudaram e hoje é comum tocar nesse assunto, como faz o livro Extraordinário, lançado por R.J. Palacio em 2012. (OMELETE)
Eis um ponto que achei interessante tocar, essa banalização em pleno 2017 sobre o bullying, sobre sua importância, sobre como identificar e prevenir, e o quanto ele deixa marcas, além da pele, na alma e no coração. Marcas essas que inúmeras crianças as levam para a vida adulta, muitas vezes se tornando aquilo que a machucou, promovendo preconceitos e agressões de diversos gêneros. Extraordinário trabalha com maestria um tema pesado de forma leve, mostrando gentileza ao tratar do assunto pelo ponto de vista de uma criança, que é resiliente ao lidar com as adversidades não deixando de ser boa e gentil. Mostrando que gentileza gera gentileza, que não adianta rebater o ódio com ódio, que a arma mais poderosa ao lidar com um comportamento maldoso, é devolver com bondade, que o universo retribui aquilo que oferecemos. Em muitos momentos da vontade de colocar o Auggie em uma bolha e protegê-lo desse mundo, das pessoas, e nos desperta esse desejo de rebater na mesma moeda. Porém, Auggie não só ensina aos personagens da escola, assim como a nós também, que muitas situações não são nossa culpa, que não é bom nutrir ódio, e continuar a ser gentil em um mundo hostil, é mais saudável.
Muitos podem achar o longa infantil demais e que não aprofundou um tema de enorme importância social. Mas essa foi a intenção do livro ao qual o filme é extremamente fiel. Porque nem sempre o que nos choca, nos conscientiza, as vezes acaba repelindo, como foi o caso por exemplo de obras como 13 Reasons why (Netflix). Que por ser tão pesado, gerava gatilhos ao qual o telespectador recorre a fuga, parando de assistir, ou vira um suspense, como se o horror mostrado não se tratasse de tantas vidas que passam aquilo diariamente ao sofrerem bullying. Um acerto bem importante foi mostrar o ponto de vista do Julian neste filme, mesmo que bem rápido. As pessoas precisam também entender e ter um certo cuidado com crianças que praticam bullying, não generalizando elas como ruins, porque também existe uma situação por trás daquela prática, e assim como mostrou que a criança que pratica também sofre com problemas emocionais.
Jacob Tremblay foi incrível como Auggie, colocando todos os sentimentos que a criança passava na tela, como situações de bullying indireto, ao qual mesmo sem conviver antes no ambiente escolar, ele sabia o que estava passando. O ator se destacou desde O Quarto de Jack e não decepcionou na adaptação. A interação entre Tremblay e Julia Roberts que interpretou sua mãe, foi incrível, com certeza as cenas mais emocionantes. Os outros pontos de vista narrados no livro também foram abordados no filme, mas faltou ser um pouco mais dinâmica a forma que foram abordados nas telas, deixando algumas cenas um pouco mais lentas.
Extraordinário é um filme que promove bem a gentileza, o amadurecimento, resiliência, e amor ao próximo. Mostrando que todos somos iguais independente do nosso exterior, é o interior e nossas ações que importam. É um filme inclusivo e importante sim, não apenas para crianças, mas para adultos, educadores, familiares, e toda uma sociedade que ainda não sabe conviver com diferenças e banalizam o bullying. Importante ter mostrado que por mais que a vontade de proteger Auggie fosse enorme, ele precisava lidar sozinho com o mundo lá fora. As crianças aprendem a lidar com as diferenças de uma forma melhor após a entrada de Auggie na escola. E ele também aprende a lidar e a crescer com sua entrada e convívio inicial difícil na vida escolar e social.
E não esqueçam: Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil!
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