Gostaria de dizer que nesse texto eu abordaria as mulheres mais fortes das séries que amamos e que, graças a esse impacto, as agressões e a violência contra a mulher foram reduzidas a pó e vivemos num mundo justo e solidário. Não. Esse texto não falará nada disso, mas eu não poderia me calar perante algo tão sério como as coisas que vem acontecendo recentemente. Hoje, mais do que nunca, é preciso coragem para ser mulher.
Recentemente uma onda de denúncias de assédio sexual acabou se espalhando pelo mundo do entretenimento. Nomes gigantescos dentro dessa indústria como Kevin Spacey e Harvey Weinstein foram sendo expostos, denúncias atrás de denúncias, pelos abusos que praticaram. Uma coisa ficou bem clara, as vítimas cansaram de aguentar quietas o sucesso de seus agressores.
Elas resolveram falar. E nós precisamos ouvir.
Uma denúncia após a outra, contra pessoas diferentes, contra as mesmas pessoas, exatamente como naqueles vídeos montando figuras com dominó onde as peças caem e nos mostram sua verdadeira forma, os dominós em Hollywood foram sendo derrubados e as figuras mostradas foram o medo, os abusos e os assédios. As denúncias de hoje são absolutamente sem precedentes e, justamente por isso, são tão importantes.
Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Alison Sudol, Lena Headey, Jennifer Lawrence, Catarina Scorsone, Hilarie Burton. São apenas alguns dos infinitos nomes de mulheres que sofreram algum tipo de assédio dentro da indústria de Hollywood que é sexista desde sua criação. Mas nós precisamos falar de assédio porque ele está em todo lugar.
Se você é mulher muito provavelmente já sofreu assédio ou mesmo abuso sexual. Sua amiga pode ter sofrido. Alguém da sua família. Eu sei que eu sofri. E talvez por isso, eu admire ainda mais a força dessas mulheres e homens que deram um passo a frente para gritar um BASTA, em letras garrafais mesmo.
Essa invisibilidade aparente de casos de assédio é o mais preocupante e, justamente por isso, deixou as pessoas chocadas. Não é que "todo mundo resolveu falar de assédio agora". É que uma pessoa levantar a voz e dizer que foi assediada por tal pessoa faz com que outras se sintam seguras para sair dessa zona de medo que envolve esses casos para também contar sua história. Essa invisibilidade dos casos de assédio é o que faz com que tantos abusem e assediem outras pessoas: eles sabem dessa invisibilidade, sabem do poder de seu nome e sabem o principal:
A sociedade tentará, quase que instintivamente, desmerecer o depoimento da vítima.
Casos como os que temos vistos acontecem em todo lugar, em todo segundo. As denúncias que vemos agora, podem apostar, não representam nem mesmo 1/3 daquilo que realmente acontece. Os números e totais, sim, devem ser chocantes. Kevin Spacey foi, de longe, o que mais sofreu com as denúncias contra ele. A Neflix (menina Netflix me enchendo de orgulho) não deu espaço para discussão e foi cortando Spacey de todas as suas produções, incluindo a aclamada série House Of Cards e aqui levantamos outra questão que precisa ser debatida. O abuso infantil em Hollywood.
É certo que os atores que iniciam mais cedo na carreira, acabam envolvidos no mundo da beleza, do riso, das imagens e emoções que a sétima arte nos proporcionada. E muitas vezes, eles nem ao certo entendem o que as coisas mais graves querem dizer. Recentemente Millie Bobby Brown, a amada Eleven de Stranger Things, estava numa lista seleta de atrizes: As mais sexys de 2017.
Millie Bobby Brown tem 13 anos e não deveria ser considerada sexy em nenhum aspecto.
Essa hiper sexualização das crianças que fazem parte desse meio, fazem parte de uma cultura que considera normal você falar para uma criança te ligar quando for tantos anos mais velha, porque ela é linda. Vários atores, entre homens e mulheres, denunciaram que sofreram abusos quando crianças dentro dessa indústria. Esse comportamento não pode ser normalizado e essa sexualização excessiva precisa de um ponto final. Assim como os assédios.
"Mas, o cara é um bom ator/diretor, deixa ele trabalhar". Winona Ryder, por muito menos não teve essa chance. Cleptomaníaca, ela viu a carreira ser arruinada durante muito tempo até conseguir voltar a atuar. Mulheres são punidas severamente por qualquer erro dentro da indústria, porque os homens podem ter seus crimes (assédio e abuso não são erros, são CRIMES) relevados por serem bons em suas profissões? Separar lado profissional de pessoal não é algo aceitável a partir do momento que há um CRIME envolvido. Um crime que impacta tão severamente a vida de outra pessoa. De nenhum gênero, nenhum criminoso deve ter seus crimes amenizados.
É claro que este texto tomou um viés de gêneros. Kevin Spacey abusou de um homem (e foi justamente o que caiu mais severamente), porém, se pegarmos a lista de todos os relatos de abuso, as mulheres são as principais vítimas e isso não pode ser ignorado, já que segundo a ONG Think Olga cerca de 99,6% de 7,7 mil mulheres entrevistadas já foram assediadas seja em sua vida pessoal ou profissional.
Alyssa Milano, resolveu criar um movimento no twitter convidando todas as mulheres que já haviam sofrido algum tipo de abuso à usar #MeToo para mostrar sua história. Como era de se esperar, milhares de mulheres compartilharam. Atrizes, diretoras, famosas e desconhecidas. Todas resolveram gritar os abusos sofridos sabem que, neste momento, existiram braços amigos para acolher e não apenas dedos para apontar.
Eu fico orgulhosa e pesarosa de ver tantas pessoas compartilhando suas histórias, saindo dessa redoma de silêncio e medo e denunciando seus agressores e suas histórias. Não pensem nos agressores, na carreira deles ou no quanto vocês o admiravam. A sétima arte nos entretêm e nos mostra a vida lúdica dos sonhos de muita gente. Nos mostra o lado doce interpretado por pessoas que temos, muitas vezes, por exemplos. Mas é importante ter em mente que vemos apenas o lado que estas pessoas escolhem nos mostrar. Não convivemos 24 horas e 7 dias por semanas com eles. Somos fáceis demais de manipular neste jogo.
Uma denúncia após a outra, contra pessoas diferentes, contra as mesmas pessoas, exatamente como naqueles vídeos montando figuras com dominó onde as peças caem e nos mostram sua verdadeira forma, os dominós em Hollywood foram sendo derrubados e as figuras mostradas foram o medo, os abusos e os assédios. As denúncias de hoje são absolutamente sem precedentes e, justamente por isso, são tão importantes.
Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Alison Sudol, Lena Headey, Jennifer Lawrence, Catarina Scorsone, Hilarie Burton. São apenas alguns dos infinitos nomes de mulheres que sofreram algum tipo de assédio dentro da indústria de Hollywood que é sexista desde sua criação. Mas nós precisamos falar de assédio porque ele está em todo lugar.
Se você é mulher muito provavelmente já sofreu assédio ou mesmo abuso sexual. Sua amiga pode ter sofrido. Alguém da sua família. Eu sei que eu sofri. E talvez por isso, eu admire ainda mais a força dessas mulheres e homens que deram um passo a frente para gritar um BASTA, em letras garrafais mesmo.
Essa invisibilidade aparente de casos de assédio é o mais preocupante e, justamente por isso, deixou as pessoas chocadas. Não é que "todo mundo resolveu falar de assédio agora". É que uma pessoa levantar a voz e dizer que foi assediada por tal pessoa faz com que outras se sintam seguras para sair dessa zona de medo que envolve esses casos para também contar sua história. Essa invisibilidade dos casos de assédio é o que faz com que tantos abusem e assediem outras pessoas: eles sabem dessa invisibilidade, sabem do poder de seu nome e sabem o principal:
A sociedade tentará, quase que instintivamente, desmerecer o depoimento da vítima.
Casos como os que temos vistos acontecem em todo lugar, em todo segundo. As denúncias que vemos agora, podem apostar, não representam nem mesmo 1/3 daquilo que realmente acontece. Os números e totais, sim, devem ser chocantes. Kevin Spacey foi, de longe, o que mais sofreu com as denúncias contra ele. A Neflix (menina Netflix me enchendo de orgulho) não deu espaço para discussão e foi cortando Spacey de todas as suas produções, incluindo a aclamada série House Of Cards e aqui levantamos outra questão que precisa ser debatida. O abuso infantil em Hollywood.
É certo que os atores que iniciam mais cedo na carreira, acabam envolvidos no mundo da beleza, do riso, das imagens e emoções que a sétima arte nos proporcionada. E muitas vezes, eles nem ao certo entendem o que as coisas mais graves querem dizer. Recentemente Millie Bobby Brown, a amada Eleven de Stranger Things, estava numa lista seleta de atrizes: As mais sexys de 2017.
Millie Bobby Brown tem 13 anos e não deveria ser considerada sexy em nenhum aspecto.
Essa hiper sexualização das crianças que fazem parte desse meio, fazem parte de uma cultura que considera normal você falar para uma criança te ligar quando for tantos anos mais velha, porque ela é linda. Vários atores, entre homens e mulheres, denunciaram que sofreram abusos quando crianças dentro dessa indústria. Esse comportamento não pode ser normalizado e essa sexualização excessiva precisa de um ponto final. Assim como os assédios.
"Quanto mais coisas forem reveladas, mais teremos noção delas e poderemos parar com as piadas veladas nos Óscares e em programas de televisão. Quanto mais reconhecermos que isto acontece e não devia, mais o verdadeiro sonho de Hollywood se torna possível" - Ben Rovner.
É claro que este texto tomou um viés de gêneros. Kevin Spacey abusou de um homem (e foi justamente o que caiu mais severamente), porém, se pegarmos a lista de todos os relatos de abuso, as mulheres são as principais vítimas e isso não pode ser ignorado, já que segundo a ONG Think Olga cerca de 99,6% de 7,7 mil mulheres entrevistadas já foram assediadas seja em sua vida pessoal ou profissional.
Alyssa Milano, resolveu criar um movimento no twitter convidando todas as mulheres que já haviam sofrido algum tipo de abuso à usar #MeToo para mostrar sua história. Como era de se esperar, milhares de mulheres compartilharam. Atrizes, diretoras, famosas e desconhecidas. Todas resolveram gritar os abusos sofridos sabem que, neste momento, existiram braços amigos para acolher e não apenas dedos para apontar.
If you’ve been sexually harassed or assaulted write ‘me too’ as a reply to this tweet. pic.twitter.com/k2oeCiUf9n— Alyssa Milano (@Alyssa_Milano) 15 de outubro de 2017
Eu fico orgulhosa e pesarosa de ver tantas pessoas compartilhando suas histórias, saindo dessa redoma de silêncio e medo e denunciando seus agressores e suas histórias. Não pensem nos agressores, na carreira deles ou no quanto vocês o admiravam. A sétima arte nos entretêm e nos mostra a vida lúdica dos sonhos de muita gente. Nos mostra o lado doce interpretado por pessoas que temos, muitas vezes, por exemplos. Mas é importante ter em mente que vemos apenas o lado que estas pessoas escolhem nos mostrar. Não convivemos 24 horas e 7 dias por semanas com eles. Somos fáceis demais de manipular neste jogo.
Quero que vocês parem para pensar nas vítimas. Vítimas que assim como Hilarie Burton foram silenciadas por décadas até se sentirem seguras o suficiente para se pronunciarem. Pensem nas vítimas que tem suas vidas marcadas para sempre para, então, serem obrigadas a verem seus agressores sorrindo felizes e sendo aplaudidos em pé enquanto recebem prêmios. Quero que vocês tentem praticar a empatia com a vítima tanto quando fazem com seus agressores. Que questionem o "E se for verdade?" com a mesma veemência que questionam o "E se for mentira?".
“Isso não é um caso extremamente raro em Hollywood. É tão comum quanto em cada país do mundo, em todos setores, como nos negócios, no governo. É o padrão de comportamento de muitos e muitos homens, é algo epidêmico. E quando eles são famosos e poderosos como Harvey, esses casos são comentados […]. Por isso é muito importante que essas mulheres tenham sido corajosas o bastante para se exporem agora. Queria ter dito antes, mas não aconteceu comigo, eu não queria expô-lo [...] Eu admito que deveria ter sido mais corajosa”. - Jane Fonda.
É preciso, também, extrapolar Hollywood e pensar que essas coisas acontecem em todo lugar em qualquer momento. Estupro (não temam a palavra) e assédio tem estatísticas aterrorizantes por todo o mundo. Que essas pessoas, homens e mulheres, que nos deram verdadeiro exemplo de coragem ao compartilharem suas histórias nos sirvam de inspiração. Que mais empresas se espelhem na Netflix e punam os agressores. Que mais pessoas juntas lutem por um mundo justo, onde não precisamos ter medo por nossos corpos. Onde não precisamos ter medo de andar numa rua escura sozinha.
Onde parem de questionar o que a vítima fez, o que vestia, se tentou dizer não. Onde parem de questionar o que a vítima poderia ter feito para não ser abusada. Que se questione em que tipo de sociedade estamos vivendo onde as pessoas acham que podem ser donas ou possuir o corpo de outra pessoa. Que tipo de sociedade é essa onde as pessoas acreditam que podem dar um papel em filme para outra pessoa em troca de sexo. Que tipo de sociedade se preocupa mais com a fama intocável dos agressores do que com a vida da vítima.
Bryan Singer, Jared Leto, Kevin Spacey, Casey Affleck, James Toback, James Franco, Mel Gibson, Mark Salling, Brett Ratner, Rob Lowe, Gary Goddard, Tyler Graham, Kevin Constner, Gerard Depardieu, Ben Affleck, Aarnold Schwarzenegger, Gary Susey, Emile Hirsch, Louis C.K, Oliver Stone, Christian Slater, Steven Seagal, James Woods, Lars Von Trier, John Travolta, Victor Salva, Johnny Depp, Sean Bean, Michael Fassbender, Sean Connery, Woody Allen, Roman Polanski, Bernardo Bertolucci, Charlie Sheen, Stephen Collins, David O Russel, Harvey Weinstein, Mark Halperin, Harry Knowles, Hadrian Belove, Joss Whedon, Chris Savino, Martin Lawrence entre mil outros. Cansaram de ler os nomes todos? Isso é a ponta de um Iceberg gigantesco.
Se grandes da indústria foram denunciados, GIGANTES da indústria denunciaram. Não esperem calmaria depois de tudo isso, o que começou agora não vai parar e não pode parar. Até todos os agressores caírem. "Mas se for assim, podem demitir todo mundo, porque não sobra um". Então que saíam todos. Que não sobre um. Mas que nenhuma vítima seja obrigada a ver seu agressor sendo parabenizado por aí.
Burn It Down, Sis.
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