1984 é uma das obras mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Publicado em 1949, quando o ano de 9184 parecia um futuro relativamente distante, tem como herói o angustiado Winston Simith, refém de um mundo feito de opressão absoluta. Em Ocêania, ter uma mente livre é considerado crime gravíssimo, pois o Grande Irmão (Big Brother), líder simbólico do Partido que controla a tudo e a todos, "está de olho em você".
No intimo, porém, Winston se rebela contra a sociedade totalitária na qual vive: em seu anseio por verdade e liberdade, ele arrisca a vida ao se envolver amorosamente com uma colega de trabalho, Júlia, e com uma organização revolucionária secreta.
1984 se passa num mundo que pode ser o futuro em qualquer parte de nossa história, nem mesmo se tratando de 1984 de fato. O próprio livro deixa clara essa questão e ao mesmo tempo nos confunde com isso. Em partes, levando em conta a "verdade", é um mundo pós uma guerra atômica onde três grandes nações, a Ocêania (não confundir com o atual continente), a Eurásia e a Lestásia. Essas nações vivem em constante estado de guerra, com alguma alternância entre aliados e inimigos.
Nós acompanhamos o personagem Winston Smith, que nos apresenta as peculiaridades desse novo mundo. Ele é um funcionário do Partido, que trabalha no Ministério da Verdade com uma função curiosa. Ele ajuda a reescrever o passado. Por quê? Simples, assim o Partido nunca falha! Se havia a promessa de que a cota de chocolate para todos fosse aumentada de 30 gramas para 40, mas acabou sendo diminuída de 30 gramas para 25 gramas, então a informação é alterada para que na verdade o aumento seria de 20 para 25 gramas. Para que esse trabalho? Chegaremos lá.
O mais curioso da obra de Orwell são as críticas feitas em 1949 e que casam com situações que podemos ou não perceber nos dias de hoje. E essa dualidade de "perceber ou não" é algo importantíssimo para os personagens de 1984. Afinal, todos estão permanentemente preparados para aceitar qualquer coisa que o Partido lhes diz, mesmo que seja diferente do dia anterior. Na verdade, nunca foi diferente, sempre foi assim.
Winston é o protagonista justamente por discordar disso. Ele lembra, ele questiona (para si mesmo) e ele crê que o Partido pode ser derrotado. Nesse mundo temos a sociedade dividida entre aqueles que trabalham pro partido e os "proletas". Esses proletas são os trabalhadores comuns, a classe que é mantida produzindo para a Nação e que não sofrem com o controle intermitente do Grande Irmão e da Polícia das Ideias.
Winston acaba na trama por se envolver com dois personagens que mudam sua vida. Primeiro Júlia, uma camarada do Partido que compartilha sua rebeldia, mas de maneiras peculiares. E então com O'Brien, um integrante de Núcleo do Partido que parece dividir um segredo em comum com Winston.
A obra é fantástica! Não por acaso segue atual nesses tempos conturbados. Desde a crença no inimigo exterior, passando pela infalibilidade do Grande Irmão, chegando ao controle sobre as crianças, temos todos os ingredientes para um livro atemporal. Uma leitura obrigatória, para entender o passado, o presente e o futuro. Afinal, como diz um dos lemas do Partido:
"Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado."
TÍTULO: 1984
AUTOR: George Orwell
EDITORA: Companhia das Letras
PÁGINAS: 414
ANO: 1949
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