Na casa dos Griffin vivem dois adolescentes, um cão cínico que é mais esperto que todo mundo, um bebê do mal que tenta várias vezes matar sua mãe. No comando da família, temos o eclético Peter Griffin. Peter faz o seu melhor para fazer o que é certo para a família, mas no meio do caminho, comete erros épicos. (Fonte: IMDB)
Criado em 1999 por Seth MacFarlane, "Family Guy" é um desenho de comédia irreverente que é muito conhecido por ser "concorrente" dos Simpsons. Você, que está querendo rir, te dou 10 motivos para te convencer começar a sua maratona antes da estreia 12ª temporada dia 29 de setembro (teremos reviews feitas por mim aqui no DDS):
10) CRÍTICA SOCIAL
Sim minha gente, Family Guy é riquíssimo em alfinetadas em questões de política internacional, guerra no oriente médio, imigração, etc. Eles pegam até meio pesado em questões religiosas ou mostrando Hitler como um retardado. Mas o foco do criador Seth MacFarlane é zoar com os Estados Unidos, seja mostrando o ex-presidente Bush todo atrasado que chega para o combate no Vietnã anos depois, seja mostrando Barack Obama como um cantor country, cheio de charme. Ao mesmo tempo que é didático (você precisa saber o que está acontecendo, ou aconteceu, pra entender a piada) o seriado não perdoa ninguém. Aquela velha história de perder o amigo, mas nunca a piada.
9) DUBLAGEM COM ATORES FAMOSOS
O próprio elenco de dubladores conta com Mila Kunis (Meg Griffin), Seth Green (Chris Griffin) que fez Austin Power, e o criador Seth MacFarlane em si que faz várias vozes se tornou uma celebridade por mandar muito bem, mesmo. Mas além do elenco fixo, sempre rola uns convites de participações especiais que ficam muito gênias, tipo o Hugh Laurie que aparece como Dr. House na 8a temporada, e ainda, dubla um barman inglês na terceira temporada (só dá pra saber que foi ele nos créditos). Além dele, são fixos no seriado celebridades como Drew Barrymore, que faz a voz da namorada burra do Brian, Jilian, nas primeiras temporadas; o ator-rival de Peter Griffin, James Woods; o ator Adam West como prefeito de Quahog; Patrick Stewart que dubla a bebezinha filha de Joe Swason (so much win!) aand ele mesmo. Enfim, a lista é gigantesca, sem contar as centenas de participações especiais, como Jim Parsons como Sheldon Cooper, Ben Stiller com orelhas gigantescas como ele mesmo, Ryan Reinolds como o ator super bombado meio gay, Justin Timberlake como ele mesmo... Gente a lista é infinita!
8) PARÓDIAS
Uma das paródias mais famosas é a do Star Wars, muito recorrente no seriado, seja em digressões em alguns episódios, seja em episódios inteiros dedicados à saga de George Lucas na 6a, 8a e 9a temporadas. O sucesso foi tanto, que esses episódios foram lançados à parte em DVD e Blu-Ray, sendo classificado como longa-metragem. Além do Star Wars durante os episódios são feitas centenas de paródias sempre com a intenção de zoar algo ou alguém. Quanto a paródia é muito importante ela aparece na abertura, que quase nunca é modificada (ao contrário dos Simpsons): em um episódio na 4a temporada que a abertura é uma paródia de Law and Order, na 9a temporada a abertura é uma paródia de Hulk, na 4a temporada Stewie percorre a cidade como o Bob do "Fantástico Mundo de Bob" passando pelos corredores do "O Iluminado", para atropelar Homer na porta de sua casa. A paródia é uma das bases do Family Guy, um dos recursos usados pelos criadores para fazer passar seu humor áspero. E exige muita rapidez por parte do espectador para pegar todas essas referências, talvez sendo um dos maiores desafios da série, e algo que muita gente não goste, por não entender as milhares de piadas.
7) DIGRESSÕES
Já que estamos falando dos alicerces de Family Guy é impossível não falar das digressões. Parece culto né? Mas a digressão é o simples fato de ficar falando de outro assunto por muito tempo, seja com flashbacks, seja com um corte para outra cena que exemplifica o que algum personagem vai falar, fazendo com que a gente esqueça do estava falando antes. No Family Guy tem algumas digressões que duram 8-10 minutos, em um episódio de 23 minutos! Uma das mais frequentes é a briga de Peter Griffin com um Galo amarelo gigante, o Ernie. A gente só sabe o motivo da briga deles bem no começo da série, na 2a temporada. Depois disso, o Galo aparece do nada no meio de uma cena e começa a bater no Peter e a briga vira épica durante metade do episódio, para então Peter voltar a fazer o que estava fazendo como se nada tivesse acontecido. Outra digressão mais para distração, que é menos longa, é a aparição do canto Conway Twitty, (o dopplegänger do Kassab) que surge cantando uma música country, em formato real, não em desenho, como uma desculpa de enrolação escancarada, tipo galera a gente não tinha mais ideia então ouve aí esse cara por uns 7 minutos. Mesmo assim, fica muito engraçado porque ele aparece do nada, sem ter nada a ver com a história. E tem também muitos flashbacks ou uma cena que exemplifica exatamente o que algum personagem acabou de falar. Esse tipo de digressão deixa o seriado mais dinâmico e ilustrativo, com muitas piadas internas ao enredo.
6) ROAD TO...
Existem muitos episódios que tem o nome de "Road to..." em que Stewie e Brian Griffin saem curtindo altas aventuras e armando muitas confusões (tipo Sessão da Tarde, só que não). Na verdade este formato é uma paródia (olha lá!) de sete filmes protagonizados por Bob Hope, Bing Crosby e Dorothy Lamour e nele Stewie e Brian viajam, seja para o Pólo Norte, seja para a Europa, ou até mesmo para outras dimensões. O meu favorito é o "Road to the Multiverse" em que Stewie e Brian viajam por muitas dimensões, aquela ideia de que existem realidades paralelas, sabe? E a dimensão mais genial é a que se o Family Guy fosse feito pela Disney. Esses episódios geralmente são formados por 3 partes: (1) tudo começa na casa da família Griffin. (2) Algum problema acontece e eles precisam se deslocar para resolvê-lo e (3) eles precisam dar um jeito de voltarem para casa, o que quase sempre involve um esquema musical.
5) MUSICAIS
Os pequenos musicais são outra base de Family Guy. Nas primeiras temporadas sempre aparecia um quarteto (Quartet Barber Shop) parodiando a tradição dos anos 40 de coro em estilo capela, sempre com letras totalmente absurdas, como ao contar que um homem hospitalizado tem AIDS, ou para explicar o que é uma vasectomia. Ainda havia a aparição de uma dupla desse quarteto, que sempre cantava em momentos constrangedores. Na quinta temporada eles são mortos a tiro por Stewie Griffin, pois segundo Seth MacFarlane, estavam irritando demais a audiência, ou seja, havia funcionado! Junto da paródia e da digressão, a presença de números musicais no seriado é enorme: 322 ocorrências, até agora! Além dos episódios "Road To..." sempre tem alguma música para enfatizar um argumento, fazer uma piada, criar uma digressão. As músicas sempre são muito bem elaboradas e grudam muito na cabeça! Pra quem não é fã de musicais (tipo eu) o humor ácido e a quebra de paradigmas das músicas do seriado vai te conquistar, tenho certeza!
4) OS PERSONAGENS
Como todo desenho, o elenco de Family Guy é enorme e complexo. O núcleo principal é a família Griffin e só os absurdos entre eles já daria muito pano pra manga, mas os secundários, ou aqueles que aparecem pouquíssimas vezes, que nem mesmo tem nome, também dão graça à série. O núcleo consiste em: Peter Griffin, um beberrão meio burro que faz coisas absurdas, que é casado com Lois Griffin, uma dona de casa, professora de piano e bonitona, mas que pode ser tão sem noção quanto seu marido. O casal tem três filhos: Meg, a mais velha, a adolescente feia, que ninguém gosta, desesperada por atenção; Chris, um gordinho tímido e inocente, que no começo não tinha muito destaque, mas possui grande conhecimento sobre filmes e até tenta uma carreira como pintor em Nova York, e finalmente Stewie, o bebê mais novo, de sotaque britânico, que começou como criança maligna que queria dominar o mundo e matar a mãe, e passou lentamente a ser um pouco mais bonzinho e meio efeminado. E claro, o cachorro Brian, super inteligente, que faz o contraponto com Peter e é o centro das críticas conservadoras, como ser a favor da liberação da maconha e ser contra o partido Republicano.
3) REFERÊNCIAS, MUITAS REFERÊNCIAS
Não tem como contabilizar a quantidade de referências à cultura pop, filmes, figuras políticas, fatos históricos, marcas, acontecimentos, que existem em Family Guy. Não duvido que sejam milhares. É uma das grandes forças do seriado, e por ser tanto, pode ser que nem sempre tudo seja entendido. Ainda mais pra gente, que não mora nos EUA, sempre tem alguma referência a alguma piada interna de lá que a gente aqui não entende logo de cara. É normal, de verdade. E essa quantidade massiva de referências dá um ritmo muito rápido aos episódios, dá vontade que seja um episódio de 43 minutos. Sempre as referências visam o humor, zoar com algo ou alguém e nenhum seriado pega mais pesado do que eles. De novo, é melhor perder o amigo do que a piada.
2) HUMOR NEGRO E SARCASMO
O criador Seth MacFarlane pega bem pesado nos episódios e essa é a graça. Tanto que o seriado é classificado no IMDb como aconselhável para maiores de 12 anos, ou seja, não é um desenho para criança mesmo. A própria questão da censura na televisão já foi tema de um episódio da 4a temporada. O humor sarcástico e pesado não perdoa ninguém. No meio das milhares de referências, a ironia, o humor negro e o sarcasmo são os instrumentos principais para a crítica do desenho. A dica é não deixar se ofender, caro espectador, porque eles não perdoam ninguém.
1) QUEBRA DOS PADRÕES
Ao virar a mesa e criar situações em que um bebê é violento, um cachorro fez faculdade, um policial paraplégico persegue um bandido, etc, etc, etc, Family Guy consegue inovar na gama de seriados por aí. E por ter um conteúdo tão complexo deixa muito seriado que não é animado no chinelo (e Os Simpsons também, já causando intriga). Vale muito a pena acompanhar as 11 temporadas, você acaba refinando seu gosto e entendendo um monte de piadinha geniais que muito filme por aí não tem a pegada de fazer com medo de ser processado ou por simples falta de criatividade e bom humor. E se você é um seriador fanático, logo vai decorar muitas musiquinhas, diálogos e ver certas coisas com outro olhar.
E aí, o que vocês acharam da lista? Tem algum outro motivo pelo qual você indicaria Family Guy para algum amigo?
