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Title: [CRÍTICA] JUDAS E O MESSIAS NEGRO - DE ONDE NASCEM OS ATIVISTAS
Author: Jéssica Ohara
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Judas e o Messias Negro é o meu favorito do Oscar sem sombra de dúvidas e após vê-lo fiquei chocada que ele não está recebendo tanta atençã...


Judas e o Messias Negro é o meu favorito do Oscar sem sombra de dúvidas e após vê-lo fiquei chocada que ele não está recebendo tanta atenção da mídia quanto deveria. No longa, nós vemos a história de Fred Hampton, líder do Partido dos Panteras Negras de Illinois, e a traição feita por William O'Neal, informante do FBI na época.

Eu não conhecia a história de Fred Hampton, não é de se estranhar já que não fazem muitos esforços para falar sobre o passado de figuras revolucionários negras. Ele tinha 21 anos quando foi morto pela polícia a mando do FBI por ser considerado uma ameaça nacional. Por que ele era tão perigoso? Porque Hampton acreditava na igualdade, era contra a brutalidade policial e entendia que o fascismo é um mal a ser exterminado. Ele não era só um comunista, ele era a essência de um revolucionário.

Já William O'Neal era o resultado do que Hampton tanta tentava combater: ele era um jovem negro, sem expectativas e entrando no mundo do crime. Will foi cooptado por um agente do FBI para ser um informante da polícia e em troca ele não seria preso. Aos poucos, ele ascende dentro do partido se tornando chefe da segurança pessoal de Hampton. Mas também os seus motivos iniciais vão se misturando com a crescente admiração que tem pelo líder.

O roteiro é bem direto nas ações demonstrando bem o impacto de Hampton na sua comunidade e dentro do próprio partido. É inegável o poder de convencimento que ele tinha, sendo essa a principal razão pela qual o FBI tinha tanto medo dele. Afinal, o que é mais assustador para quem segura o poder do que a libertação de consciência dos explorados?

O que eu tenho de negativo a falar sobre essa história não está no filme, mas na ousadia da academia ter decidido considerar Daniel Kaluuya como ator coadjuvante. Ele brilha no seu papel, as suas cenas de discurso fazem com que o expectador vibre como se estivesse lá. É injusto ele ter que disputar com Lakeith Stanfield por esse troféu, sendo que os dois mereciam.

O fim da história é trágico como todos sabemos, ele é  um exemplo claro do que Beauvoir fala na frase "O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos". Will trai Fred uma última vez e isso ocasiona na morte do líder. Hampton morreu aos 21 anos de idade, noivo e esperando um filho. Foi morto a queima roupa. Uma atitude que ele mesmo antecipou em seus discursos.

Judas e o Messias Negro se propôs a difícil tarefa de relembrar um herói para todos aqueles que lutam pelos direitos civis e ser uma fonte de força nesses tempos sombrios. Ele conseguiu as duas coisas. Nós saímos dessa história com a certeza que não fomos os primeiros a lutar e nem seremos os últimos. "Você pode matar um revolucionário. Mas você não pode matar a revolução".  

TRAILER JUDAS E O MESSIAS NEGRO

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