“Be bold. Be brave. Be
courageous.” – Captain Christopher Pike
Meu amor por Star Trek não é de
hoje. Apesar de achar que já nasci sabendo quem era Spock, só comecei a ver a
série em 2012 e daí em diante foi uma procura interminável por qualquer canal
que passasse a série/os filmes, a espera pelos reboots e, quando Star Trek
Discovery foi anunciada, a ansiedade pela estreia da série. Por se passar anos
antes dos eventos de TOS, já imaginava que não veria Kirk, McCoy ou Spock.
Minha surpresa veio no final da primeira temporada, com a saudação dada pela
Enterprise do Capitão Christopher Pike.
Pike sempre foi um personagem que
tive muita curiosidade e certa raiva por não ter visto um desenvolvimento tão
grande sobre ele. O que sabíamos foi o que foi dito em The Cage, reutilizado em
The Menagerie (Parts I and II), mas além disso, nada. E, para melhorar, o reboot
contou uma história completamente diferente do canon. Tinham coisas que sempre
tive muita curiosidade, ainda mais depois dos eventos de The Cage, mas como a
emissora não gostou muito da história, isso ficou para trás e logo depois já
tivemos Kirk e eu aceitei. Até o momento em que Pike aparece no transporte da
Discovery. Além do óbvio amor à primeira vista, veio a curiosidade. E eu sou
extremamente grata aos roteiristas de Disco por estarem fazendo um trabalho
maravilhoso com esse personagem.
Para aqueles que não sabem,
Christopher Pike era tido como o mais jovem cadete da Frota Estelar a se tornar
capitão (antes do Kirk aparecer, claro). Ele serviu junto com Spock na
Enterprise por pouco mais de 11 anos. E é nesse meio tempo que a história dele
é desenvolvida em The Cage. Chris se sente culpado pela perda de alguns membros
de sua tripulação em Rigel VII, chegando a pensar em se demitir, como o mesmo
confidenciou ao Doutor Boyce. Como o próprio médico disse, Christopher trata
todo mundo como humano, menos ele mesmo. A culpa está evidente na cara dele
desde o começo do episódio. E tudo só piora depois que ele é sequestrado em
Talos IV com o objetivo de "ajudar" no começo de uma civilização humana que seria
usada como escravos pelos Talosianos.

O que aconteceu no episódio,
todas as ilusões que Christopher viveu, a forma como Vina forçava para que ele
se apaixonasse por ela, deu ainda mais material para a culpa e os sentimentos
de ódio e raiva que Pike guardava. Aceitar voltar para Talos IV para ter a
ilusão da saúde foi uma coisa que eu jamais gostaria que tivesse acontecido,
mas The Menagerie mostrou como isso era necessário, ainda mais levando em conta
o estado em que Pike se encontrava. Mas o foco é exaltar o trabalho feito em
Discovery. Jeffrey Hunter foi um ótimo Christopher, mas eu não consigo encontrar
palavras para descrever o Pike de Anson Mount.
Como disse anteriormente, quando
ele se materializou no transporte da Discovery, foi amor à primeira vista. Me
lembrei na hora do Pike de Bruce Greenwood, mas esse pensamento durou pouco.
Aqui, Chris sorri mais facilmente, faz questão de conhecer toda a tripulação –
uma das melhores cenas de Brother (S02E01) –, ao contrário de Lorca, o capitão
anterior, e é o primeiro a querer se colocar em situações do risco, o que não é
muito bom, ainda mais sabendo do histórico de culpa dele. Ter dado a chance de
Pike ser capitão da Discovery enquanto a Enterprise passava por reformas foi
uma bela forma de contar um pouco mais sobre o capitão e também deu a
oportunidade para a introdução de um Spock mais jovem, um pouco mais flexível
do que sua versão original, interpretada pelo incrível Leonard Nimoy, ou a
versão mostrada nos reboots, de Zachary Quinto, mostrando o quanto Chris se
importa com aqueles que estão sob seu comando.
A interpretação de Anson Mount é
impecável. Muita gente vai me criticar por falar que gostei dele como Black
Bolt em Inhumans, mas aqui é outro nível. Todas as emoções – raiva, dor, medo,
culpa – são tão visíveis que não tem como não se sentir da mesma forma. O misto
de susto e medo quanto ele vê Vina pela primeira vez em If Memory Serves (S02E08)
é uma das minhas reações favoritas, mesmo não gostando da história dos dois
desde The Cage. Quer dizer, toda e qualquer cena em que ele aparecia nesse episódio,
era um show diferente. Todas as vezes que ele não entende o que os tripulantes
da nave falam, como em New Eden (S02E02), também são expressões que não consigo
esquecer de forma alguma.

Com toda certeza, uma das
melhores cenas é uma conversa que ele tem com Tyler em The Sound of Thunder
(S02E06), em que fica bem claro que, além da culpa por Rigel VII, ele também
carrega a de não ter participado na guerra contra os Klingons. Por ordem da Frota
Estelar, a Enterprise ficou proibida de lutar, explicado depois pela Almirante
Cornwell, mas que deixava Chris totalmente incomodado. Dava para ver que tudo o
que ele queria era ter participado, ajudado, mas só podia ficar assistindo de
mãos atadas. E é por isso que ele decide ir além para ajudar a provar a
inocência de Spock, não importando as consequências. E ele encontrou o lugar
certo, porque não tem uma pessoa dentro da Discovery que não goste de
desobedecer uma ordem aqui ou ali.
Os discursos feitos por ele
também são maravilhosos. O que ele fala, da forma com que ele fala, mostram o
que é realmente ser um capitão de uma nave da Frota Estelar: alguém que
inspira, que se importa e que está ali para fazer um trabalho bem feito, o
completo oposto do Lorca. O meu favorito sempre será o que ele disse em Saints
of Imperfection (S02E05), quando Tilly havia sido “sequestrada” por uma porção
de matéria escura que ela estava estudando. Se fosse na temporada anterior,
eles até poderiam ir atrás de Tilly, mas ia demorar um pouco. Chris mal
conhecia ela e já colocou sua nave e a tripulação em risco porque “ninguém fica
para trás”.
Esse texto não é nem metade do
que eu havia pensado em fazer, mas não tem como não ser extremamente grata aos
roteiristas de Discovery por terem trago e estarem desenvolvendo tão bem um personagem
tão icônico e importante para o universo Star Trek, dando uma chance para que
todos pudessem conhecer melhor quem é Christopher Pike e entendessem a razão de ele ser motivo de tanto orgulho para a Frota Estelar. Ainda temos alguns
episódios dessa temporada de Discovery, então vamos aproveitar bastante
enquanto a Enterprise ainda não está pronta, principalmente considerando que
cada episódio está melhor que outro. Quem sabe a CBS não decide fazer uma série
sobre alguns dos anos de Pike comandando a Enterprise? De bônus ainda
ganharíamos a Number One e mais alguns anos de Spock tentando se manter
equilibrado entre as emoções e a lógica.
“Starfleet is a promise. I give my life for
you. You give your life for me. And no one gets left behind. Ensign Sylvia
Tilly is out there, and she has every right to expect us. We keep our promises.”
– Captain Christopher Pike
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