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Title: OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA: A PROFUNDIDADE DE SER MULHER NAS PALAVRAS DE RUPI KAUR
Author: Diário de Seriador
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'Outros jeitos de usar a boca' é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amo...


'Outros jeitos de usar a boca' é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.



Poemas sobre a sobrevivência. Poemas que você entende. Poemas que você sente. Poemas que te fazem chorar com apenas duas linhas e uma profundidade que não pode ser medida. Ao terminar de ler "Outros jeitos de usar a boca" eu queria abraçar cada mulher à minha volta para devolver ao mundo, de alguma forma, a sensação de ser abraçada e compreendida que me dominou ao ler este livro. Eu queria, acima de tudo, agradecer a Rupi Kaur pelas palavras, pela compreensão e pela abertura, por conseguir falar coisas que estavam engasgadas em minha própria garganta sem que eu soubesse disso. 



Eu não sabia o quanto eu precisava desse livro até lê-lo. Eu simplesmente não sabia. 

Não é fácil ser mulher. Nosso cotidiano é uma luta sem fim que poucos conseguem entender mas, nas breves linhas desse livro em dividido em quatro partes, somos convidados a pensar um pouco mais da imensidão de sentimentos que movem esse universo feminino. Outros jeitos de usar a boca, é um livro essencialmente para mulheres (que já diria o poeta, sabem a dor e a delicia de serem o que são) e isso não significa, de forma alguma, que a leitura não deva ser realizada por homens, Acho inclusive que vale a pena a leitura e o convite a pensar e, então, se colocar nessa posição de mulher dentro da sociedade para buscar entender tudo que isto significa. Mas você, mulher, tenho certeza que irá se identificar, se sentir compreendida e, como eu mesma senti, abraça por Rupi e suas palavras. 


Quando se pensa em poesias, muitas vezes, associamos à algo complexo ou mesmo com palavras rebuscadas. Talvez a grande chave para este livro seja retratar de maneira tão direta e simples (sem perder o imenso significado) algo tão completo quanto o amor e a dor. A linguagem é direta, parece que Rupi está se abrindo com você e, naqueles minutos de leitura, apenas com você. A complexidade da mulher e temas cruéis mas comuns em nosso cotidiano, são retratados de uma forma que as vezes têm-se a sensação que estamos invadindo a intimidade e a vida da autora, como se aquilo fosse intimo demais para ser lido. Mas então, você se identifica e percebe que aquelas poucas linhas poderia ter sido escritas por você. 


A forma como Rupi trabalha a feminilidade, a sororidadade e a auto aceitação são brilhantes. Ela te mostra que está tudo bem ter cicatrizes e, principalmente, está tudo bem mostrá-las. Está tudo bem gostar de sexo, está tudo bem menstruar, está tudo bem ser você independente do que os outros pensem ou julguem. Está tudo bem se aceitar, por completo e sem qualquer restrição. 

Ao mesmo tempo temos a crueldade e as marcas que nossa sociedade patriarcal deixam em nós, mulheres. Os abusos (sexuais, psicológicos e tantos outros), essa cultura que nos envolve em medo, abuso e violência, que prega que devemos ser quem somos e nos taca pedras quando fazemos exatamente isso. Essa cultura que nos prende de forma cruel em jaulas invisíveis das quais é tão difícil sair. Outros jeitos de usar a boca é um grito de uma mulher para mulheres. Para que todas se sintam livres para gritarem juntas e agirem juntas. Outros jeitos de usar a boca incomoda, dói e te cura. E isso é absolutamente necessário. 


Rupi quis, através de suas mensagens e poemas, compartilhar as dores, descobertas e ajudar a curar mulheres que pudessem ter passado por essas situações. A autora, nascida na índia e criada no Canadá, nos conta histórias de abuso sexual, de relacionamentos abusivos, de términos de relacionamentos, de traição. Percebam que essa história Rupi Kaur que nos conta, é a de milhares e milhares de mulheres pelo mundo. É a história delas, mas também algumas são suas, da sua vizinha, amiga, irmã. 

Algumas são minhas. E por isso chorei. 

Por isso choramos. 

Por isso nos sentimos acolhidas. 



A Dor embora é claro tenha o lado pessoal de Rupi, tem o teor social que temas como o abuso, a paternidade, o comportamento masculino perante a figura feminina  e tantos outros que é impossível não se comover. A dor é física, mas também é a dor psicológica, é a dor do crescimento, é a dor de não se achar suficiente e a dor da percepção que somos suficientes em nós mesmos. É a dor do abuso e das marcas que ele deixa. São tanta as dores às quais somos submetidas que, muitas vezes, fica difícil tirar da garganta todas elas. Ainda bem que temos Rupi Kaur para fazer isso por cada uma de nós. 



O Amor é sutil, é inocente, é doce e é, também, sexual. Na ambiguidade das palavras da autora temos o convite ao lado do amor romântico e do amor sexual. O amar sem amarras e amar com toda a profundidade que você conseguir, o amor de se entregar. 

A Ruptura é o entendimento que mesmo com toda a entrega e profundidade, nem sempre o amor dá certo e, então, você precisa voltar a se buscar e se reconhecer, é sobre términos e partidas. É sobre amores infinitos que tem seu fim depressa demais. É a ruptura de tudo que conhecíamos para que, então, a gente possa de fato de curar.

A Cura, minha parte favorita entre as quatro que compõem esse livro, é a cura das feridas invisíveis que hoje cicatrizaram (no corpo e na mente). É a sua completa aceitação. É expor ao mundo suas cicatrizes e entender que sua história, por mais pesada que seja, por mais dolorida que seja, é a SUA história. Cada amor, dor e ruptura que levaram a sua cura, te levaram também a ser a mulher que você é hoje. É o EMPODERAMENTO que toda mulher traz consigo junto com sua história. Nós somos vulneráveis, temos nossas fraquezas, temos nossas limitações, medos, anseios, desejos e somos o conjunto completo de tudo isso. Nós não somos as marcas que ficaram em nós, todas as dificuldades, preconceitos e julgamentos que sentimos por sermos mulheres devem ser fatores que nos impulsionem na luta contra tudo isso. Somos mulheres e, ainda assim, existimos, por isso somos fortes. E nada e nem ninguém pode tentar te fazer acreditar no contrário. 




Outros jeitos de usar a boca deve estar entre suas listas de leituras obrigatórias (para a vida). Espero que, se você for homem, que se sinta convidado a pensar na delicadeza e na complexidade que ser mulher exige. Espero que você, mulher, possa entender que mesmos nas memórias sombrias que temos e nas dores que carregamos, somos completas e somos fortes. Entenda que a sociedade já não pode mais ter direito de te dizer o que fazer. Que um homem não pode te dizer o que vestir, o que falar e que opinião emitir. Que as outras mulheres não são rivais, são iguais e que juntas podemos lutar de mãos dadas para um mundo mais junto e mais humano. Que a auto aceitação é o primeiro passo para deixar entrar na sua vida aquilo que é verdadeiramente bom. 

Que você entenda que juntas somos SIM mais fortes. Que este livro te dê tapas na cara, te abrace e te cure, 

assim como me bateu, me abraçou e me curou. 




Autora: Rupi Kaur
Páginas: 206
Editora: Planeta
Lançamento: 2017
Compre aqui.





Livro cedido pela Editora Planeta para resenha 

SORTEIO 

E para incentivar a leitura desse livro maravilhoso o DDS, em parceria com a Editora Planeta de Livros Brasil, vai sortear um exemplar desse livro para um dos nossos leitores <3 Fiquem ligados na nossa página do facebook, boa sorte e abracinhos no coração de cada um.


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