Title: LEVIATÃ DESPERTA: A QUASE ILIMITÁVEL (E PERIGOSA) CAPACIDADE DA MENTE HUMANA.
Author: Diário de Seriador
Rating 5 of 5
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Intrigas, maquinações políticas, conspirações, racismo, e uma ameaça ainda maior pairam sobre o universo em Leviatã Desperta. A huma...
Intrigas, maquinações políticas, conspirações, racismo, e uma ameaça ainda maior pairam sobre o universo em Leviatã Desperta. A humanidade expandiu as suas fronteiras e agora se divide basicamente em três centros independentes de poder: a Terra e a Lua; Marte; e o Cinturão de Asteróides. Quando uma nave mineradora de gelo do Cinturão recebe o pedido de socorro de outra nave, a Scopuli, os seus tripulantes nem imaginam que irão se deparar com um segredo que pode custar as suas vidas. A partir desse momento, o chefe de operações Jimmy Holden tem que fazer o que possível para manter a sua tripulação viva no meio de uma guerra.
Enquanto isso, no Cinturão, o Detetive Miller é incumbido de encontrar uma garota desaparecida. As pistas que ele encontra colocam a garota como uma das tripulantes da Scopuli, e ela pode ser a chave para desvendar esse terrível mistério que pode causar uma guerra em escala jamais vista.
Leviatã Desperta é o primeiro livro da série The Expanse (que já conta com seis volumes lá no exterior, aviso aos navegantes!) e foi escrito por dois autores, Daniel Abraham e Ty Franck, sob o pseudônimo de James S.A. Corey. Por isso, eu havia ficado um pouco receosa sobre o livro. Escrito por suas pessoas diferentes, sempre há uma possibilidade da leitura perder a fluidez ou ritmo, devido a mudanças - mesmo que sutis- de estilo de escrita. Porém, isso passa longe de acontecer com o livro e as mais de 600 páginas tem muito para contar, se você estiver disposto a embarcar nesta nave.
Os habitantes da Terra conseguiram colonizar o sistema solar e, cerca de duzentos anos após essa expansão do universo, os problemas neste sistema apenas se intensificaram. Essa colonização que acabou gerando uma separação entre os planetas, gerou diferenças culturais e de interesse que acabam por gerar conflitos entre os três principais poderes: A Terra, Marte e as estações espaciais que compõe o Cinturão.
As questões políticas e culturais são bem trabalhadas pelo autor. A forma como os cinturinos, marcianos e terráqueos se enxergam, sempre tentando evidenciar as diferenças um sobre o outro nos mostra bem essa ideia de raças e o preconceito racial bastante presente neste sistema (nem parece tão futurista olhando por este lado, não né mesmo?).
Quando uma nave chamada Canterburry, uma nave transportadora de gelo, é misteriosamente atacada, acusações fortes são feitas e um caminho sem volta dentro deste frágil sistema é tomado. Há um indicio que uma guerra está para acontecer, como se isso fosse apenas o fósforo que faltava para explodir este sistema que já tinha gasolina demais em cada desavença entre as potências. E se você está pensando que essa é a história que o livro tem para te oferecer, não se engane! Essa guerra interplanetária é apenas a ponta de um gigantesco iceberg de descobertas que nos guia no mais inimaginável poder da mente humana perante as descobertas da ciência.
O livro é narrado pela perspectiva, sempre alternada de capítulo em capítulo, de dois personagens: O capitão de nave e terráqueo chamado James Holden e o policial cinturino chamado Miller. Os nossos dois protagonistas são completamente distintos e isso, talvez, seja um dos pontos que faz a obra funcionar. Miller, é o clássico policial que está na faixa dos 50 anos e tem problemas com bebidas após o divórcio com a esposa. Holden acaba se tornando o capitão da nave e conta com uma tripulação bastante leal à ele, ele o corajoso e admirado por toda a sua equipe.
As histórias desses dois personagens improváveis se cruza quando Miller começa a investigar a vida de uma garota para trazê-la de volta para casa à pedido dois pais e ele acaba descobrindo que a história é muito mais complexa do que isto. Nesta dupla, Miller é o cético e racional enquanto Holden é o justo, carismático e, por muitas vezes, impulsivo. E, se no começo a narrativa é um pouco enrolada, é quando estes dois personagens se encontram que a história realmente alcança todo o seu potencial,
A vantagem da história ser narrada por ambos os pontos de vista é que vemos lados distintos da mesma moeda e vamos tentando, juntos com os personagens, montar o quebra cabeças que esta história acaba se tornando. Os personagens em si são bem descritos e todos recebem sua devida atenção, o que torna a leitura mais agradável pois você consegue criar uma pequena conexão com esse universo e todos os seus integrantes.
Por vezes senti que um terceiro ponto de vista na narrativa poderia ser interessante ao invés de focar apenas nos dois. Isso porque a ideia da guerra interplanetária que está tão próxima, acaba soando distante, uma vez que, os personagens que nos apresentam a história estão afastados do cenário onde isso está acentuado. Talvez uma terceira figura que nos mostrasse esse cenário de caos pré guerra, poderia ter sido interessante. As pouco mais de 600 páginas, por vezes, deixam a sensação que não precisaria de tudo isso para a narrativa funcionar. Por vezes há descrição demais em coisas que não haveria necessidade e, outras vezes, você sente falta das descrições para se sentir imersa na história.
O primeiro volume desta série, como de costume, nos apresenta a história, o cenário, o contexto e os personagens. E faz isso com bastante maestria, inclusive. Fiquei curiosa para saber a continuação da história que neste primeiro volume já é bastante complexa contando com elementos científicos bastante interessantes. Nos agradecimentos da obra, inclusive, os autores agradecem ao astrofísico Ian Tregillis que ajudou os autores para uma descrição o mais completa possível do cenário que está sendo apresentado. Algo que eu sempre acho que mostra um carinho e um cuidado adicional nas obras (e isso sempre me encanta!).
O sucesso foi tanto que o livro virou série: The Expanse e ela está disponível atualmente até a segunda temporada na Netflix,. Eu ainda não assisti para poder dar minha opinião pessoal sobre as semelhanças e diferenças entre um e outro, mas que pretendo fazer isso em breve!
Como primeiro volume de série, Leviatã Desperta cumpre seu papel e nos deixa instigado a saber o que acontece sem seguida, mesmo o final não possuindo aquelas revelações bombásticas que te deixam beirando a loucura esperando a continuação. A edição da Editora Aleph, como sempre, está uma delicia de ler. A diagramação é excelente e a leitura flui bastante. O grande problema é o tamanho e, se você costuma carregar o livro contigo, as mais de 600 páginas são bastante pesadas viu?! Mas vale a pena carregar e embarcar nessa nave em cada local que você tiver a chance!
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