Com uma curiosa mistura entre crítica social, ambientalismo, criação e modo de ver o mundo, Capitão Fantástico apresenta uma trama complexa encoberta por cenas sarcásticas e de muito conteúdo.
A história do filme de Matt Ross é bem simples na sua estrutura: uma família, chefiada por Ben (Viggo Mortensen), vive longe da civilização e das "doenças" do mundo contemporâneo. Tudo ameaça mudar quando Leslie, a mãe das crianças e esposa de Ben, morre devido à uma doença que ela vinha tratando. A partir daí acompanhamos a jornada da família até o funeral da mãe, mesmo à contragosto de alguns.
O primeiro ato do filme é repleto de uma construção sarcástica do modo de vida das crianças. Envolvidos em uma vida em meio à floresta, treinamentos e muitos livros, são completamente diferentes do que você poderia esperar. O que pode arrancar boas risadas, também pode causar certo ceticismo, de até onde aquilo poderia mesmo ser real.

O filme muda completamente na sequência que gira em torno da viagem que eles vão fazer para chegar ao funeral. O pai de Leslie, avô das crianças, não quer ver Ben nem pintado de ouro, uma vez que o considera culpado pela drástica mudança na vida de sua filha. Mesmo ele não queria ir até lá, porém acaba convencido por seu filhos.
A viagem vai mostrando um outro lado do mundo para as crianças. Mesmo que tenham a aptidão física de atletas de elite e conhecimentos que muitos adultos nunca chegarão nem perto de conceber, elas pouco sabem sobre o mundo em si. Pequenas situações de comunicação e até mesmo de cultura acabam sendo mistérios gigantescos. Nada como a cena em que Bodevan conhece uma garota no estacionamento de trailers e tentam ter uma conversa.
O choque fica ainda maior nos contatos da família com a "civilização". Sejam nas cenas com a família da irmã de Ben, seja já com seus avós, a diferença de estilos é pautável. Ok que beira o absurdo uma garota de 8 anos saber recitar trechos de um documento constitucional, mas é apenas uma forma de mostrar como algumas crianças são criadas sem saber nada sobre nada. A crítica está ali, disfarçada de uma piada.
O final do filme guarda um aprendizado ainda maior, principalmente para Ben. Com a escolha de Rellian, seu filho rebelde, e com a contusão de Vespyr, ele começa a questionar suas próprias decisões. Até que ponto a maneira extrema de ver o mundo que ele tinha era correta para ele e seus filhos. Ele mesmo já deve ter tido uma chance de viver o mundo "real", algo que nunca proporcionou às crianças.
A adaptação das opiniões e uma maior abertura deixa um belo ensinamento. Não é necessário abraçar totalmente um lado, mas sim debater e chegar em uma condição que nos ensine o que pode ser útil em todos os sentidos. Em poucos dias retratados no filme, vemos um crescimento incrível dos participantes, além de uma grande lição para o nosso próprio estilo de vida.
Nota: 9,0/10,0
Nome Original: Captain Fantastic
Ano: 2016
Direção: Matt Ross
Roteiro: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Charlie Shotwell, Trin Miller, Kathryn Hahn, Frank Langella, Erin Moriarty
Duração: 118 min.
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