Como começar a falar desse episódio tão esperado e bem preparado durante toda essa temporada? Pois bem, creio que podemos começar com o fato de que The Cord foi um dos series finale que mais trouxe aspectos contraditórios de uma só vez: o triste e o perfeito, o belo horrível. Preparem-se, pois a partir daqui teremos vários spoilers, do contrário, não poderíamos abarcar tudo o que aconteceu de maneira precisa, uma vez que o episódio foi, do início ao fim, uma grande apoteose – um tributo, o ápice e o último momento.
Começando por Romero, por quem muitos de nós simpatizamos já faz um tempinho, creio que este teve um final justo. Se não fosse assim, o que é que faria da vida depois de fugir da cadeia, sendo que como ele mesmo disse, o que o manteve vivo no decorrer de dois anos passados da morte de Norma era matar Norman? E mais, foi ele que trouxe Norman de volta do surto, pois disse algo que até agora Norman não sabia, não queria aceitar, isto é, o fato de que matou sua própria mãe. A aparição de Norma logo depois que Romero morreu foi significativa nesse sentido, pois como ela disse, não havia mais nada que esconder de Norman: este já sabia a verdade e, agora, pois, não precisava mais que a personalidade de Norma dentro de si mesmo o protegesse, o que é, se notarmos bem, tudo o que Norman como Norma fez até hoje, isto é, protegeu a si mesmo e as pessoas próximas a ele, ainda que não estivesse consciente disso.

A partir daí, também tivemos as maravilhosas cenas do primeiro episódio, do início de tudo, que sempre foi, ao menos em minha opinião, uma referência de bom piloto de série. Com isso, o que pudemos ver foi um Norman que parecia surtado, mas como podemos concluir mais tarde, somente estava tentando recomeçar tudo mais uma vez, como se nada do que se passou depois que mudaram para o motel tivesse acontecido.
Uma pequena observação antes de continuarmos: quase tive um treco quando Norman instalou os novos hóspedes no motel, minha nossa.
Entretanto, como se não bastasse tanta tragédia, e é aqui que fica nosso horrível, temos, ao final, a cena mais maravilhosa do episódio, isto é, Dylan falando com Norman. Foi maravilhosa por vários aspectos: primeiro porque deu para notar a dor de Dylan e de Norman e a vontade de ambos de que Norma estivesse viva, bem como de que Norman não tivesse seus problemas. Além disso, Dylan conseguindo mostrar à Norman, pela primeira vez, como não conseguimos mudar o que aconteceu, foi um diálogo lindo, emocionante, e para aqueles que nunca pensaram que poderiam chorar com um episódio de Bates Motel, pois, não poderiam estar mais equivocados. Em resumo, creio que a ligação entre Dylan e Norman nunca esteve mais forte do que nesse episódio, e foi muito bom ver isso.

Para finalizar, Norman, depois que entende a realidade e como essa não tem volta, basicamente pede para que Dylan dê um fim ao seu sofrimento, já que viveu, por muito tempo, uma vida que foge de seu controle pelo próprio motivo de que sente falta de Norma, manteve, de certa maneira, sua memória viva.
Uma segunda observação antes de concluirmos: o túmulo de Norman, sem nada escrito, ao lado de Norma, em que o que ali estava escrito foi uma homenagem de Norman foi também muito significativo e inteligente: ambos só tinham um ao outro.
Por fim, achei interessante a homenagem que fizeram ao livro e ao filme: ambos terminam com Norman na cadeia, e, pois, a série é como se tivesse mostrado o que vai além disso, é um antes e também um depois. E foi interessante, sobretudo, porque se considerarmos que Chick, que estava escrevendo o livro, morreu antes de acontecer tudo isso com Romero sequestrando Norman e Dylan o matando, fica claro que, desse modo, não saberia nada do que veio depois, e por isso é que não temos esse mesmo final da série no livro ou o filme, que se origina do segundo. Foi uma referência e tanto, muito bem colocada no interior da série, e bem fechada, ou seja, como andei mostrando nas reviews anteriores, as pontas foram amarrando-se desde o primeiro episódio dessa última temporada, e, portanto, não houve nada que não possa ser compreendido.
A série mostrou, afinal, o outro lado de Norman, mais especificamente aquele em que tem pessoas ao seu redor, em que não é completamente só como no livro ou filme, só estava sozinho por um certo período, por aquele momento com Marion Crane. Série fantástica, com um dos finais mais lindos e terríveis que já vi. Resta uma questão, que sempre fica ao final de séries como esta: como prosseguir agora?
achei seu texto em uma busca por reviews desse ultimo episodio e confesso que to sem chao ao final de bates motel. acompanho a serie desde o primeiro ano, demorei a assistir a 5ª temporada e, caramba, que serie! adorei isso que voce escreveu sobre o chick, nao tinha me ligado. muito interessante.
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