Publicada em 1907, a história dos meninos que travam batalhas pela posse do “grund” da rua Paulo, um pedaço de terra cercado onde se brinca à vontade, é conhecida por leitores de todo o mundo. A luta pelo “grund” vai além da vontade de comandar o local: ali, infância e fantasia prevalecem sobre as imposições do mundo adulto. O espírito de aventura, amizade e heroísmo presente nesta obra é capaz de transpor qualquer barreira de tempo, espaço ou idade. Esta nova edição conta com, além dos textos presentes na anterior, uma orelha assinada por Luiz Schwarcz, um posfácio de Michel Laub e um glossário.
Os Meninos da Rua Paulo, lançado em 1907, foi escrito por Ferenc Molnár, um judeu húngaro, nascido em 1878 e que posteriormente foi correspondente da primeira guerra mundial. Porém mais tarde, com a ascensão do nazismo, foi obrigado a se exilar nos Estados Unidos, onde viveu até sua morte em 1952.
Um livro atemporal, conquistador de várias gerações em todo o mundo desde sua publicação, que retrata a infância de garotos que viviam na Hungria, num bairro pobre de Budapeste, e passavam suas tardes num terreno baldio localizado na rua Paulo, onde brincavam principalmente de um jogo conhecido por eles como pela, um tipo de atividade com bola.
O crescimento industrial local diminuía cada vez mais os espaços para as diversões da criançada. Assim, cada bom lugar poderia ser motivo de disputa. Com o terreno da rua Paulo não poderia ser diferente, um ótimo lugar para todo tipo de brincadeiras, já era há muito usado pelos meninos da rua Paulo, todos da mesma escola e por isso se consideravam donos do mesmo. No entanto existiam outros garotos a procura de um lugar melhor para as suas aventuras, como os camisas vermelhas, ocupantes do jardim botânico, onde não havia possibilidade de jogar a famosa pela. Sendo assim, a alternativa que lhes restava era a guerra, entre os meninos da rua Paulo e os camisas vermelhas, para decidir definitivamente a quem pertenceria este melhor ambiente.
Se quem estiver lendo for alguém mais velho como eu, a história pode parecer boba num primeiro momento ou até nostálgica ao nos levar de volta a nossa época de infância, mas está cheia de lições de guerra como também lições humanas valiosas. Não vou dizer como muitos que leram que esta é uma história linda, porque para mim a guerra, mesmo entre crianças, nunca será algo bonito, mas posso confirmar que é emocionante a maneira como estes tão jovens garotos se organizam como um exército, distribuindo patentes de acordo com o perfil de cada um e a seriedade com que consideram a situação, põem em jogo tantas coisas importantes para eles: suas estratégias, sua coragem, sua lealdade, seu caráter e respeito pelos oponentes que merecerem respeito e perdão para quem o consegue conquistar.
Neste livro cada personagem é tão bem construído como alguém real, nos quais conseguimos enxergar o lado bom e ruim, juntamente com o fato do autor muitas vezes se incluir na narração levanta em questão se eles realmente não existiram e posteriormente não participaram da Primeira Guerra Mundial... De maneira semelhante a descrição da batalha vem reforçar essa ideia de que poderia ser muito mais que apenas uma metáfora as guerras de fato, ela pode ser uma ferramenta do escritor para nos alertar que toda guerra não tem sentido algum além de aumentar o ego e sentimento de posse e poder do vencedor, como também nos confirma que mesmo os vencedores podem sair perdendo algo. No fim de toda guerra todos perdem, mesmo que sejam coisas diferentes, o melhor seria dividir e todo mundo ser feliz. Será que existe essa possibilidade? Fica a reflexão.
TÍTULO: Os Meninos da Rua Paulo
AUTOR: Ferenc Molnár
EDITORA: Companhia da Letras
PÁGINAS: 280
ANO: 2017
ONDE COMPRAR: Amazon
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