[FILMES] CRÍTICA #83 - BELOW HER MOUTH

"A cinematic voice to the female orgasm."

"A bolt of lightning."

"A powerful experience."

E assim começamos o relato do que é, do que foi a experiência de assistir Below Her Mouth. Essas são frases soltas, pescadas por aí, feitas por algumas mídias do meio. Expressões curtas, porque seu fôlego será roubado.

Com sua estreia, no mínimo impactante, em Setembro passado no TIFF (Toronto International Film Festival), Below Her Mouth segue tentando adentrar as telinhas mundiais, porém, a única previsão de lançamento até então é para o Canadá, em abril. 

[...] aqui já implorando para a Netflix [...] 

Desde o princípio, a produção propiciou aconchego, relaxamento e instigou o melhor, não só para a dupla de protagonistas formada pela modelo Sueca Erika Linder, no papel de Dallas & a atriz Natalie Krill - Minha conhecida do seriado Wynonna Earp - como Jasmine. O circulo no entorno delas foi composto por mulheres em todos os postos, como direção; roteiro e produção, criando assim, essa liberdade e conexão sentida por quem for assistir.

Aquela química que cria uma sintonia inegável

Dallas & Jasmine tiveram um primeiro contato visual por acaso, daqueles onde um não tem ciência da existência do outro, mas o impacto certamente já havia sido estabelecido. Dallas trabalhava na casa ao lado de Jasmine, reformando o telhado. Enquanto isso, Jasmine seguia na tentativa de movimentar, modificar, inovar tanto na sua vida pessoal - com seu noivo - quanto na de profissional da moda. 

O segundo encontro não foi diferente, foi também por acaso, só que em um Pub. Ai, nesse instante, tivemos o primeiro real contato emocional e físico. O processo de reconhecimento e conhecimento foi iniciado. A trajetória e estória de Dallas & Jasmine estava começando, e junto, uma avalanche de sensações  ao encontro do espectador...

Jasmine relutou, e por outro lado, Dallas foi um bocado persistente na tentativa de conseguir ao menos um encontro que fosse, com aquela pessoa que seria o diferencial, que mesmo ainda não sabendo, faria brotar um sentimento até então desconhecido. O tal do A M O R.

O final de semana chegou, e o noivo de Jasmine foi viajar,

a abertura surgiu, e Jasmine se jogou.

A conexão física aconteceu de todas as formas possíveis, pessoa nova, toque novo, sensações novas e um mundo de possibilidades também novo. Aparentemente, Jasmine reviveu. A visão de transição da escuridão para a luz é inegável, chega a ser palpável. O brilho, os sorrisos, a bolha criada no entorno de ambas durante mais ou menos 48hs é a dona do sorriso que você terá aí no seu rosto quando assistir.

O momento 'The Heaven' de Dallas & Jasmine terminou, quando concomitou em um "Pegas em flagrante NO ATO!" E que ato meus amigos e amigas... Que ato.... Pelo noivo de Jasmine. As lágrimas se tornaram incontidas, a saudade angustiante, e a verdade incontrolável. Ambas estavam apaixonadas, e não havia como desapaixonar (termo estranho).

Medo e lenços, muitos lenços...

É preciso dizer que Jasmine bem que tentou salvar sua relação, construiu inúmeras situações que oportunizassem uma nova conexão com seu noivo, mas foi impossível. Só o toque, o cheiro e a presença dele geravam uma reposta involuntária. A situação ficou impossível, insustentável. E o desfecho inevitável.

Apesar da obra ser sexualmente explícita - Mais do que Azul É a Cor Mais Quente - nessa obra, também não é visto cenas gratuitas ou apelativas. São trocas, trocas de experiências e vivências. Tudo é muito direto e cru. O nudismo apresentado é bonito, é gostoso de assistir, e não digo apenas pelo fato de serem mulheres bonitas, com destaque pra Androginia de Erika Linder <3 Mas pelo fato da fotografia, cenário e enredo correrem correlatos e sincronizados. Sabendo contar e transmitir muito bem a proposta. Que é, e sempre será muito válida. Se entregar. Os paralelos entrelaçados com o os diálogos abordando temas como Tomboy, e falas como "Minha mãe nunca mais me deixou ver ela" são pesos importantíssimos para o entendimento e satisfação final.

Eu já disse que o final surpreende? Por se tratar de uma temática LGBTQIA? Pois é, está aí mais um motivo pra dar uma chance. O filme é curtinho (1h34min), com gosto de quero repetir, mas os temperos geram uma bela satisfação final. 

TRAILER DO FILME: