No especial de natal de Family Guy, não podemos dizer que tivemos muitas surpresas. Sim, já tivemos episódios mais interessantes, mas uma coisa que não pode passar despercebida é o clima que o episódio trouxe para o natal: se na maioria das vezes a família acaba se desentendendo nas datas especiais para depois fazer as pazes, nesse episódio, por sua vez, creio que o clima final do episódio foi um tanto crítico se comparado à maioria das vezes.
Isso porque, primeiramente, o episódio não terminou com aquela reunião em família: pode ter começado assim, mas depois da grande falha de Peter, que quase matou todo mundo ao esquiar com a família usando a mesa de jantar antiga e preciosíssima de Lois, o tema família já fica de lado, dando lugar ao mundo capitalista/trabalho e Peter sendo escroto o episódio inteiro – e dessa vez, ironicamente, por ser natal e tudo o mais, não se redimindo tanto assim no final.

Assim, acontece que Peter adere à sua nova obsessão de ser um papai noel, porque o papai noel supostamente consegue tudo o que quer, desde que esteja com sua fantasia. Mas o que ninguém esperava – ou talvez sim – é que o papai noel real aparece para dar um jeito na arrogância fora de controle de Peter – como sempre acontece. Fora a ironia de o noel ser mais esbelto que Peter, um típico pai de família norte-americano, o episódio inteiro foi uma grande ironia: desde os métodos do papai noel para converter as crianças más em boas, até o comportamento de Peter, que é visto como mal somente quando extrapola como papai noel, mas que passa batido no que diz respeito às suas bebedeiras e falta de consideração com Lois, seus filhos e amigos.
Já o plot de Stewie e Brian foi também bastante crítico: ambos começaram a frequentar festas de natal de empresas e coisas do tipo, claro que por motivos diferentes – Brian procurando mulheres, e Stewie perseguindo Brian e observando e comentando sobre a vida alheia. Entretanto, Stewie, a fim de animar uma das festas, acaba causando a demissão em massa dos funcionários, e, portanto, acaba conhecendo o mundo adulto do trabalho, em que quase nada é justo. Esse plot teve um final um pouco mais feliz, mas mesmo assim foi um tanto depressivo para as vésperas de natal. Também podemos ampliar o pensamento e dizer que o que chamamos depressivo trata-se de nada mais do que a realidade para muitas pessoas.

Portanto, creio que a crítica de Family Guy nunca esteve mais afiada, o que tenha até mesmo sido motivado por esse espírito festivo de fim de ano, que, por sua vez, propõe uma euforia tamanha que, muitas vezes, não condiz com nosso estado de espírito e nossas realidades, como indivíduos e sociedade. Claro que tivemos o humor característico, mas as piadas e referências foram bem reduzidas, tendo como foco sobretudo a ironia e crítica da contradição que essas datas podem representar.
Postar um comentário Blogger Facebook
Click to see the code!
To insert emoticon you must added at least one space before the code.